Alta no financiamento de motos impulsiona crédito de veículos em Minas Gerais
Mais mineiros financiaram a compra de veículos em novembro deste ano em comparação com o mesmo mês de 2024. Os dados apontam crescimento de 2,6%, segundo levantamento divulgado pela B3 nesta quinta-feira (18).
A alta do mês no setor é puxada pelo financiamento de motos, que tiveram aumento de 23,7%. O presidente da Associação dos Revendedores de Veículos do Estado de Minas Gerais (Assovemg), Glenio Júnior, aponta que o custo-benefício e o aumento no número de serviços de entrega podem ter influenciado esse cenário.
“Quem estava com dificuldades para manter um carro acabou optando por trocar para uma moto. Além de ser um veículo mais em conta, tem mais facilidade para estacionar e consome menos combustível. O crescimento no setor de entregas de produtos e comidas também ajudou; existem até empresas que alugam motos para atender a esses trabalhadores”, afirmou.
Já os veículos leves, que correspondem ao maior percentual de vendas totais, tiveram retração de 1,1% nos financiamentos. Os veículos pesados também registraram queda de 14,9% na comparação com novembro do ano passado. O resultado já era esperado pelo setor, já que a venda de seminovos registrou, em 2025, recorde no Estado, com mais de 2,1 milhões de veículos, número superior ao de 2024, que esteve próximo de 1,9 milhão.
Parte desse movimento está associada ao preço mais módico dos veículos seminovos, especialmente os com até três anos de uso, em relação aos zero-quilômetro, o que reduz a necessidade de financiamento integral ou leva o consumidor a optar por entradas maiores. Glenio Júnior também destaca o cenário do mercado de trabalho como fator de sustentação do consumo. No terceiro trimestre, o País registrou o menor nível de desemprego da série histórica, com 5,9 milhões de pessoas desocupadas, o equivalente a 5,4%.
No comparativo com outubro de 2025, quando mais de 60 mil veículos foram financiados, o setor apresentou queda de 12,1%. Todos os segmentos registraram retração na comparação mensal, incluindo motos, com queda de 12,1%, veículos leves, com recuo de 11,7%, e veículos pesados, com baixa de 17%. O movimento é considerado sazonal pelo setor, já que outubro costuma concentrar campanhas comerciais e maior volume de crédito.
A expectativa da Assovemg é de retomada gradual do ritmo de financiamentos no fim do ano e no início de 2026, influenciada pela perspectiva de redução da taxa básica de juros. A avaliação, no entanto, reflete a leitura do setor e não sinalização oficial do Comitê de Política Monetária (Copom).
“A previsão é que 2026 seja ao menos igual a 2025, principalmente se houver um ambiente de crédito menos restritivo no início do ano”, afirmou o presidente da entidade.
Motos impulsionam alta do financiamento de veículos no País
Os números de Minas Gerais acompanham o movimento observado no Brasil. Em novembro, 623 mil veículos foram financiados no País, volume 3% superior ao registrado no mesmo período do ano passado.
Os veículos leves responderam por 437 mil unidades financiadas, mas o segmento apresentou queda de 0,5% na comparação anual. As motos, por sua vez, somaram 162 mil unidades, com crescimento de 16,6% frente a novembro de 2024.
“O volume de financiamentos de veículos acumulado até novembro é recorde desde 2011, reforçando a resiliência do setor e a importância do crédito como impulsionador da economia”, afirmou o superintendente de Produtos da B3, Daniel Takatohi.

Consumidor mais cauteloso muda o mapa do crédito automotivo
O desempenho do financiamento de veículos em Minas Gerais reflete um ajuste estrutural do consumo diante de juros ainda elevados e maior cautela das famílias. O avanço do crédito para motos indica uma busca por alternativas mais acessíveis de mobilidade e geração de renda, enquanto a retração nos veículos leves e pesados mostra que o consumidor segue seletivo, priorizando custo total de aquisição e manutenção. Mesmo com vendas recordes de seminovos, o crédito cresce de forma mais moderada, sinalizando um mercado ativo, porém menos dependente de financiamento integral e mais sensível às condições macroeconômicas.
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