Economia

Gasoduto em Uberaba desperta o interesse de grandes companhias

Com orçamento previsto de R$ 3,1 bilhões, a proposta está em consulta pública pela Empresa de Pesquisa Energética (EPE) até 28 de outubro
Gasoduto em Uberaba desperta o interesse de grandes companhias
Além de Uberaba, Extrema, no Sul de Minas, também participa da consulta pública pela EPE, decorrente da necessidade da Gasmig, que projeta ampliar a distribuição local | Foto: Reprodução Adobe Stock

Uberaba, no Triângulo Mineiro, deve receber nos próximos três anos um dos principais projetos de interiorização de gasoduto do País. Com orçamento previsto de R$ 3,1 bilhões, a proposta está em consulta pública pela Empresa de Pesquisa Energética (EPE) até 28 de outubro e já desperta o interesse de grandes companhias do setor.

O traçado do gasoduto, partindo de Iacanga, em São Paulo, somará aproximadamente 260 quilômetros (km) de extensão e viabiliza o transporte de gás natural e biometano a uma das regiões de maior desenvolvimento do Estado.

De acordo com o ex-prefeito de Uberaba e coordenador institucional do projeto-piloto Gás para Empregar, Anderson Adauto, a chegada do gasoduto na região busca contribuir para a transição energética e com isso dar sequência à reindustrialização do País. “Para isso acontecer é necessário que o gás possa chegar no interior e assim proporcionar a instalação de novas indústrias”, observa.

Ele acrescenta que a abertura consulta pública em Uberaba já atraiu interessados na construção do gasoduto na região. Dentre os cogitados, está a Transportadora Brasileira Gasoduto Bolívia-Brasil (TBG), uma das principais do segmento que hoje soma mais de 2 mil km de dutos na América Latina.

A companhia estaria interessada em interiorizar o gás natural, que hoje ainda se concentra no litoral do País e em grandes cidades. “Com a interiorização, será possível estimular a produção de biometano no interior, reforçando a força do setor sucroalcooleiro em Minas Gerais”, destaca Adauto.

O documento da EPE frisa que a chegada do gasoduto a Uberaba deve possibilitar o atendimento nos setores agroindustrial e siderúrgico, além de demandas não industriais como o uso residencial, comercial e veicular. A expectativa é que a conclusão do projeto atraia a instalação de fábricas de produção de fertilizantes, capazes de utilizarem o insumo nos processos de produção.

A maior parte do custo está concentrada na etapa de construção e montagem, correspondendo por quase 40% do aporte total. O documento detalha que essa estimativa abrange custos de construção do gasoduto e aquisição de materiais e equipamentos, no entanto, não indica gastos com operação da infraestrutura.

Precificação do gás natural pode inviabilizar operações

Um dos maiores desafios apontados pelo setor é a precificação do gás, que precisa estar em um patamar competitivo para que a indústria consiga pagar. Segundo Adauto, a Petrobras ao invés de cobrar pelo compartilhamento de infraestrutura, cobra por preço de ocasião, valor considerado flutuante.

Diante da falta de parâmetros, a Empresa de Pesquisa Energética (EPE) realizou um estudo para definir valores de referência. O levantamento concluiu que o custo de escoamento do gás deveria ser de US$ 2,80 por milhão de Unidade Térmica Britânica (BTU), enquanto a Petrobras estaria cobrando US$ 8 pelo mesmo volume.

“Esperamos que o Ministério Público e o Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) tomem conhecimento dessa distorção e que o governo, de forma direta, assegure que o estudo da EPE prevaleça nesse quesito de escoamento e tratamento do gás”, defende Adauto.

Com a precificação adequada para o gás, a expectativa é que em três anos o gasoduto possa sair do papel e virar realidade para Uberaba.

Extrema, no Sul de Minas, também conta com projeto de gasoduto

Além do Triângulo, Extrema, no Sul de Minas, também participa da consulta pública pela EPE. O projeto do gasoduto, que se inicia no município de Bragança Paulista (SP), tem o objetivo de atender demandas de gás natural no Sul de Minas Gerais.

De acordo com o mesmo documento, o motivo principal do projeto do gasoduto de transporte é decorrente de uma necessidade da Companhia de Gás de Minas Gerais (Gasmig), que projeta ampliar a distribuição local conectando a Extrema e a Pouso Alegre. A expectativa é que também sejam atendidas as cidades de Itapeva, Cambuí, Camanducaia, Estiva e São Sebastião da Bela Vista.

Ao todo, o projeto deve ampliar a oferta de gás natural para 256 mil habitantes. O investimento total foi estimado em R$ 200 milhões.

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