Economia

Golpes financeiros geram prejuízo de R$ 1,6 mil por pessoa em Belo Horizonte

Levantamento da CDL/BH mostra que, embora parte do valor seja recuperada, consumidores enfrentam ações judiciais, bloqueios bancários e impactos emocionais
Golpes financeiros geram prejuízo de R$ 1,6 mil por pessoa em Belo Horizonte
Foto: Reprodução Adobe Stock

Os golpes financeiros causaram um prejuízo médio de R$ 1.638,24 por morador de Belo Horizonte. Levantamento da Câmara de Dirigentes Lojistas de Belo Horizonte (CDL/BH) aponta que as vítimas conseguiram recuperar parte do valor perdido, com média restituída de R$ 1.430 por pessoa.

Apesar de recuperar grande parte do valor, os belo-horizontinos que sofreram algum golpe desse tipo relatam outras consequências, como:

  • cobranças indevidas;
  • ações judiciais;
  • nome negativado;
  • bloqueio e cancelamento de cartões ou dados bancários.

Outros relatos apontam impacto psicológico, perda do número de telefone e excesso de ligações.

O presidente da CDL/BH, Marcelo de Souza e Silva, ressalta que o prejuízo financeiro é apenas parte do problema. “Os golpes deixam marcas que vão além do bolso, afetando a vida, a tranquilidade e até mesmo a dignidade das pessoas”, avalia.

Diante da frequência das tentativas de fraude, muitos consumidores têm ficado mais atentos a sinais que indicam uma possível ação criminosa. Entre os pontos observados estão links e números suspeitos, além de solicitações de dados bancários e pessoais.

A confirmação de informações em sites oficiais, a atenção a erros gramaticais, pedidos de pagamentos antecipados e cobranças indevidas também têm deixado os consumidores mais vigilantes.

As práticas criminosas prejudicam principalmente o comércio digital. A maioria (84%) dos entrevistados afirma já ter desistido de uma compra on-line por desconfiar de uma possível fraude. Desse montante, 54,5% são mulheres e 33,7% são homens.

Souza e Silva explica que a desconfiança gerada pelos golpes financeiros penaliza os comerciantes sérios, que investem no digital para ampliar as vendas.

“Muitos consumidores deixam de comprar diretamente nas plataformas próprias das lojas, optando por marketplaces, que oferecem mais segurança, mas reduzem significativamente a margem de lucro dos lojistas por conta das taxas e comissões, além de diminuírem o controle sobre a relação com o cliente”, completa.

Identificação de golpes e prevenção

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Entre os entrevistados, 42% afirmam conferir o extrato bancário regularmente. Nesse grupo, as mulheres (46,4%) se mostram mais atentas que os homens (36%). Para proteger os aplicativos bancários e de investimentos, apenas 26,5% afirmam alterar as senhas de acesso entre três meses e um ano, enquanto 72,5% dizem nunca modificá-las.

Mais da metade (52,5%) dos entrevistados afirma monitorar o Cadastro de Pessoa Física (CPF).

Quanto ao compartilhamento de dados pessoais e bancários em redes sociais, 89,5% dizem não compartilhar, e 92% afirmam não informar senhas bancárias a amigos ou conhecidos.

Para evitar fraudes financeiras, os belo-horizontinos adotam diferentes estratégias:

• 22% evitam compartilhar informações pessoais;
• 16,5% bloqueiam números desconhecidos;
• 15% desconfiam de promessas e propostas suspeitas;
• 13% não clicam em links ou arquivos enviados por mensagens;
• 9% pesquisam informações antes de concluir uma transação;
• 6% não realizam compras on-line.

O presidente da CDL/BH destaca que o monitoramento constante dos dados e a troca regular de senhas são atitudes simples, mas eficazes na prevenção contra golpes financeiros.

“Além disso, ferramentas como as oferecidas pelo SPC Brasil proporcionam mais segurança ao consumidor, permitindo acompanhar movimentações suspeitas e agir rapidamente em caso de fraude”, acrescenta.

Na percepção dos belo-horizontinos, diversos fatores contribuem para o aumento das tentativas de fraude. Entre eles:

  • uso indevido de dados pessoais;
  • falta de conhecimentos gerais e sobre finanças;
  • impunidade e/ou penalidades brandas;
  • permissividade da tecnologia na captação de dados;
  • inocência das vítimas;
  • facilidade de criação de perfis falsos nas redes sociais;
  • má-fé de pessoas desonestas;
  • falta de fiscalização dos crimes virtuais.

A maioria (65,5%) dos entrevistados afirma não ter formação em educação financeira, contra 34% que possuem esse conhecimento. Souza e Silva ressalta que a educação financeira vem se popularizando aos poucos, mas ainda está concentrada nos meios virtuais.

“O que precisamos é que o tema seja cada vez mais abrangente e, inclusive, ensinado nas escolas — como prevê o Projeto de Lei 2.747/24, que inclui a educação financeira como disciplina obrigatória no currículo da educação básica de escolas públicas e particulares em todo o País”, conclui.

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