Governo federal anula leilão de arroz por suposta incapacidade técnica

O leilão de arroz realizado na última quinta-feira (6) foi anulado após pedido da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) para investigar a capacidade técnica das empresas de executar a compra e distribuição dos produtos.
O anúncio foi feito durante entrevista no Palácio do Planalto dos ministros de Agricultura e Pecuária, Carlos Fávaro, de Desenvolvimento Agrário e Agricultura Familiar, Paulo Teixeira, e do presidente da Conab, Edegar Pretto.
Algumas empresas que arremataram quantidades de arroz no leilão levantaram dúvidas quanto à capacidade técnica de entrega. Das quatro arrematantes, a que adquiriu a maior quantidade de arroz (cerca de metade do total) é uma loja de queijos. Outra empresa que também arrematou o produto é do setor de transportes e o único sócio já confessou ter pago propina para fechar um contrato com o Distrito Federal.
Na coletiva, Favaro ainda anunciou que recebeu e aceitou o pedido de demissão do secretário de Política Agrícola, Neri Geller.
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O secretário de Política Agrícola do Ministério da Agricultura, Neri Geller, deixou o cargo após suspeitas de conflito interesse ligado ao leilão. O secretário vinha passando por um processo de desgaste após a divulgação de que um ex-assessor havia intermediado quase metade da venda do arroz.
As suspeitas envolviam a especulação de que seu ex-assessor, Robson França, representou, por meio da Bolsa de Mercadorias de Mato Grosso, as empresas vencedoras no leilão.
“Hoje pela manhã secretário Neri Geller me comunicou, [que] quando filho dele estabeleceu sociedade com esta corretora do Mato Grosso, ele não era secretário de Política Agrícola. Não há fato que desabone ou que gere qualquer tipo de suspeita, mas que de fato gerou transtorno, e por isso colocou cargo a disposição”, afirmou o ministro da Agricultura.
Reportagem do Globo Rural mostrou que a Bolsa de Mercadorias de Mato Grosso (BMT) e a Foco Corretora de Grãos, que foram criadas no ano passado pelo ex-assessor do então deputado federal Neri Geller, intermediaram a venda de 44% do arroz importado que foi vendido no leilão da Conab.
Leilão foi questionado pela Conab
Segundo a própria Conab afirmou neste domingo (9), a decisão aconteceu após o leilão ter sido questionado. A oposição ao presidente Lula (PT) e o agronegócio criticaram o pregão e colocaram em dúvidas seu resultado.
“A transparência e a segurança jurídica são princípios inegociáveis e a Conab está atenta para garantir segurança jurídica e solidez nessa grande operação”, afirmou o presidente da companhia, Edegar Pretto.
No total, o governo Lula comprou 263,3 mil toneladas de arroz importado por R$ 1,3 bilhão na última quinta-feira (6).
O objetivo do governo com o leilão é amenizar os impactos das chuvas no Rio Grande do Sul sobre o abastecimento e os preços do cereal. Agora, o governo federal vai anunciar uma nova data para o leilão. (Com informações da Folhapress)
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