Importações de aço devem atingir o maior volume desde 2010
O Brasil deve bater recorde de importações de aço em 2025. O Instituto Aço Brasil estima que os desembarques de laminados chegarão a 5,7 milhões de toneladas, o maior volume em 15 anos e que representará um aumento de 20,5% em comparação ao ano passado.
Em 2010, o ingresso de laminados foi de 5,8 milhões de toneladas. No entanto, o Produto Interno Bruto (PIB) do País cresceu 7,5%, o que significa que não houve perda de mercado para o setor, conforme o presidente-executivo da entidade, Marco Polo de Mello Lopes.
“A gente brinca que subia de tudo naquela época com um crescimento muito vigoroso”, destacou, em coletiva de imprensa nesta terça-feira (16).
Bem diferente do que aconteceu há uma década e meia, a economia brasileira tende a crescer apenas 2,25% neste ano. A projeção consta no boletim Focus desta semana.
Apesar do nível histórico previsto para o atual exercício, o avanço é menor que o prognóstico feito pelo próprio Aço Brasil em agosto, de 6,3 milhões de toneladas (+32,2%). A redução da estimativa está relacionada a uma queda nos preços domésticos, de acordo com o presidente do Conselho Diretor do instituto, André B. Gerdau Johannpeter.
Avanço de 10% em 2026
Se o atual cenário que o setor enfrenta persistir, sem novas aplicações de antidumping pelo Brasil, por exemplo, ou mudanças visíveis no cenário externo, as importações de aço vão subir novamente em 2026, segundo estimativas do Aço Brasil. O instituto projeta que entrem no País 6,3 milhões de laminados, volume 10% superior ao esperado para 2025.
A previsão levou em consideração o fato de que outros mercados, como os Estados Unidos, México e a União Europeia, reagiram para conter a entrada de aço considerado predatório, enquanto o Brasil segue sem medidas eficientes, o que o torna alvo dos produtos. A entidade tem conversado com o governo federal e acredita que novas ações serão tomadas.
“Eu vejo com certo otimismo o diálogo e acredito que nós vamos encontrar algum caminho”, destacou Johannpeter, citando várias alternativas técnicas que podem ser adotadas e ressaltando que o governo vem demonstrado estar sensível à situação do setor.
Queda na produção de aço bruto
Além das importações, o Aço Brasil revisou as projeções dos demais indicadores do setor para o ano e divulgou as estimativas para o próximo exercício.
A produção de aço bruto, que entre janeiro e novembro recuou 1,5%, para 30,8 milhões de toneladas – 9,4 milhões de toneladas em Minas Gerais (-0,8%) – deve cair 2,2% no fechamento do ano, para 33,1 milhões de toneladas. Antes, o instituto previa baixa de 0,8%.
Para o ano que vem, a tendência é a mesma. A expectativa é que sejam produzidas 32,4 milhões de toneladas de aço bruto, o que representaria uma redução de 2,2%.
A entidade também projeta queda nas vendas internas, de 0,5% neste ano, atingindo 21,2 milhões de toneladas, e de 1,7% em 2026, chegando a 20,8 milhões de toneladas. Por outro lado, prevê que as exportações vão crescer 6,9%, para mais de 10,2 milhões de toneladas, e recuar 0,6%, totalizando pouco menos que 10,2 milhões de toneladas, respectivamente.
Já o consumo aparente deve subir 2,4% em 2025, atingindo 26,7 milhões de toneladas, e 1%, no próximo ano, para 27 milhões de toneladas, patamar considerado relevante, porém, influenciado pelos desembarques. Conforme Johannpeter, é preciso aumentar a defesa comercial do setor para que os produtores nacionais abasteçam mais o mercado doméstico.
Ouça a rádio de Minas