Inadimplência de restaurantes e bares recua na Capital

O número de bares e restaurantes com parcelas do Simples Nacional em atraso caiu dez pontos percentuais em Belo Horizonte no intervalo entre maio e agosto deste ano. Segundo a Associação Brasileira de Bares e Restaurantes em Minas Gerais (Abrasel-MG), o volume de estabelecimentos do setor com a inadimplência do tributo foi de 35% em agosto, enquanto no quinto mês do ano, essa parcela era ainda maior, chegando a 45%.
Apesar da redução, o levantamento realizado pela entidade em agosto, identificou que cerca de 31% dos empresários de bares e restaurantes da Capital acabam recorrendo aos empréstimos regulares. Em maio, último mês em que foram apurados os parâmetros de crédito, a pesquisa registrou que cerca de 37% dos negócios contraíram empréstimos regulares.
A inadimplência entre os que pegaram dinheiro emprestado em agosto pela linha de crédito do Programa Nacional de Apoio às Microempresas e Empresas de Pequeno Porte (Pronampe) chegou a 12%. Já em maio, o índice foi de 17%.
“O comprometimento de renda foi uma dificuldade no setor, levando em consideração entre pagar o empréstimo e pagar um imposto. O endividamento acaba sendo maior que o lucro na prática. Afinal, quem está endividado tem lucro de 8% a 10% e quem não está endividado consegue ter um lucro entre 10% e 12%”, compara o presidente da entidade, Matheus Daniel.
Consequentemente, quando ocorre a elevação dos juros no País, o setor de bares e restaurantes é um dos primeiros a sentir o reflexo de mudanças. Na realidade, cada estabelecimento define um possível repasse de valores para o consumidor.
“O aumento dos juros acaba prejudicando bastante as empresas. Se observarmos, como exemplo, o Pronampe tinha os juros em média em 3%. Agora, temos a taxa Selic mantida em 13,75%, e o aumento se baseia praticamente pela Selic. No entanto, há os estabelecimentos que repassam os valores aos consumidores. Contudo, como uma forma de incentivar o consumo, a grande maioria dos bares e restaurantes está segurando os preços. Por isso, a inflação da alimentação fora do lar está abaixo da inflação de alimentos e bebidas”. pontua Daniel.
Benefícios do Perse
Diante da pesquisa, o presidente da Abrasel-MG enfatiza que foram necessárias algumas ações para ajudar os estabelecimentos que estão em enfrentamento de dívidas. “Fizemos um pedido ao ministro da Economia, Paulo Guedes, para que os benefícios do Programa Emergencial de Retomada do Setor de Eventos (Perse) possam ser estendidos também aos estabelecimentos de bares e restaurantes. Assim, as empresas do setor ganharão um fôlego para funcionar e restabelecerem em 100%”, informa Matheus Daniel.
A burocracia e a morosidade do governo e de bancos privados na concessão de linhas de crédito, segundo o presidente da entidade, contribuem para agravamento do quadro de inadimplência das empresas do setor. No entanto, além da necessidade da redução dos impostos, por outro lado, ele orienta que os donos e gestores de bares e restaurantes precisam ficar atentos à saúde financeira do negócio.
“Grande parte dos bares e restaurantes que fecharam nos últimos tempos foi devido à má gestão. Sabemos que está difícil obter lucro com a realidade do atual momento. Mas, quando os preços dos estabelecimentos são praticados de maneira errada, vai aumentando o endividamento e gerando uma bola de neve. Desta forma, o prejuízo será maior”, conclui.
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