Economia

Uma a cada quatro empresas em Minas Gerais estão inadimplentes

Dívida média do empreendedor ultrapassa R$ 20 mil e afeta principalmente micro e pequenos negócios
Uma a cada quatro empresas em Minas Gerais estão inadimplentes
Foto: Adobe Stock

A inadimplência em Minas Gerais segue a níveis próximos de patamares históricos e atinge 25,6% das empresas. Em julho, o Estado registrou 611 mil negócios no vermelho, firmando-se como a 3ª unidade federativa em maior número de negócios endividados, atrás apenas de São Paulo e Rio de Janeiro, que somaram 2,3 milhões e 619 mil respectivamente. Os dados são do Indicador de Inadimplência das Empresas da Serasa Experian.

Apesar de elevados, os dados referentes ao sétimo mês do ano apresentam uma tímida queda de 0,9% na em relação ao mês anterior. Na comparação com abril – a maior elevação da série histórica – a redução na inadimplência das empresas foi de 3,3% em Minas Gerais.

Já a dívida média do empreendedor em Minas Gerais avançou e está em R$ 20.087. Na comparação com janeiro deste ano, o montante de inadimplência recebeu um acréscimo de R$ 3.849.

Segundo o economista da Serasa, Luiz Rabi, a inadimplência das empresas é reflexo do aumento das dívidas do consumidor, que também estão em patamares históricos e atingem 72,5 milhões de brasileiros. “A empresa que não recebeu do consumidor tem despesas e quando um índice sobe, o outro é impactado”, avalia.

‘Duplo impacto’ na economia é considerado preocupante

Além disso, a alta nos juros também é citada como um dos principais desafios para os empreendedores equilibrarem as contas. Com perspectivas de avanços ainda maiores, a taxa básica de juros (Selic) tende a dificultar o acesso ao crédito e reduzir o consumo da população. “Estamos em quadro desfavorável. O possível aumento da Selic é negativo e isso poderá afetar a nossa economia”, acrescenta Luiz Rabi.

Outro fator preocupante destacado pelo economista é a alta do dólar, que avançou cerca de 18% neste ano. De acordo com Rabi, a cotação cambial gera custo para a maioria das empresas, já que grande parte é importadora de produtos, e muitas vezes, não consegue repassar, o que acaba reduzindo a margem de lucro.

Para os próximos meses, o economista frisa que os empreendedores sofrerão um duplo impacto e, com isso, o cenário da inadimplência no Brasil dificilmente irá melhorar. “Com a alta nos juros e a economia menos aquecida, os negócios serão impactos com redução na geração de caixa. Os próximos meses serão desafiadores e é possível que a inadimplência supere os patamares recordes”, argumenta.

Solução passa por recuperação judicial e gestão eficiente de caixa

Apesar de afetar diferentes setores, o indicador da Serasa mostrou que o segmento de “Serviços” representou a maior parte das empresas com compromissos negativados (55,9%). Embora mais endividadas, as empresas do setor seguem avançando em Minas Gerais e no Brasil, com avanços de 3,3% e 1,8% respectivamente.

A análise também destacou que dentre as mais de 6,9 milhões de companhias negativadas no Brasil, 6,5 são micro e pequenos negócios com débitos que totalizam R$ 126,4 bilhões. “Os empreendimentos de portes menores são, naturalmente, mais impactados pelas dificuldades financeiras, já que possuem menor fôlego no fluxo de caixa e pouca reserva emergencial”, explica Rabi.

Ao apontar soluções, o economista aconselha que as empresas já inadimplentes devem buscar renegociar as dívidas quanto antes. Para evitar uma possível falência, o processo de recuperação judicial é uma alternativa que vem se popularizando ao permitir a viabilização de um acordo com todos os credores.

Por outro lado, para negócios que estão com as contas em dia, Luiz Rabi avalia que uma gestão eficiente de caixa é decisiva no atual momento econômico, em que existem projeções de desaceleração. “O grande erro do empreendedor é achar que o bom momento vai ser replicado para o ano que vem. Perceber isso e fazer uma gestão de custos, despesas e não formar estoque, será fundamental”, conclui.

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