Inadimplência recua pelo 4º mês seguido em Belo Horizonte; veja os motivos

Há menos belo-horizontinos com nome negativado em setembro, de acordo com o levantamento da Câmara de Dirigentes Lojistas de Belo Horizonte (CDL/BH) junto ao Serviço de Proteção ao Crédito (SPC Brasil). Conforme os dados, o número de inadimplentes na capital mineira recuou 0,75% em setembro, em comparação ao mesmo mês do último ano.
Para a economista da CDL/BH, Ana Paula Bastos, a queda na inadimplência se justifica por uma melhor resposta dos belo-horizontinos às mudanças econômicas do País.
“A inadimplência na cidade recuou mais que a do restante do Brasil em setembro, e também tivemos mais consumidores retomando o crédito”, diz
Um sinal positivo que mostra que a economia da cidade vem se fortalecendo e reagindo bem aos cenários macro e microeconômico, segundo a especialista.
“O que acontece é que nós estamos em um cenário em que a taxa de desemprego está nos menores patamares, e a taxa de juros, apesar de estar sofrendo algumas altas, está em patamares menores do que os outros anos. Isso faz com que os encargos financeiros das dívidas fiquem menores e mais fácil para negociações. A inflação, apesar de estar um pouco pressionada, está caminhando de forma benigna. As pessoas estão gastando mais com serviços, e temos maior empregabilidade e maior renda disponível para quitação de débitos”, analisa Ana Paula Bastos.
De acordo com os dados da CDL/BH, no nono mês do ano houve um crescimento de 3,09% no número de pessoas que pagaram suas dívidas, na comparação com o mesmo período de 2023. Esse número é bem maior que a média o País, que recuou em -4,63%, e que a região Sudeste, que recuou em -3,91%. Em Minas Gerais, o crescimento de consumidores com crédito recuperado foi de 2,54%.
“A geração de emprego na Capital está bem positiva. Estamos com saldo positivo há quatro meses e acima da média nacional. Isso faz com que a empregabilidade melhore e haja maior renda disponível em circulação”, explica a economista.
Mulheres são as que mais devem e as que mais pagam
Das pessoas inadimplentes em Belo Horizonte, as mulheres são as que mais devem, representando 47,9% dos negativados. O valor médio devido por elas é R$ 4,9 mil, enquanto a média dos homens que devem ultrapassa os R$ 5 mil.
Ainda que as mulheres sejam as maiores devedoras, foram elas as que mais honraram suas dívidas em setembro. Enquanto os homens somaram 42,92%, as mulheres que quitaram suas dívidas representaram 48,89% dos pagantes.
A economista da CDL/BH, Ana Paula Bastos, esclarece que o fato de os valores das dívidas das mulheres serem menores, isso facilita a renegociação. Além disso, historicamente, elas ganham menos e são responsáveis, muitas vezes, pelos maiores gastos da casa.
“Muitas mulheres, hoje, são responsáveis financeiramente pelas famílias, e, historicamente, elas ganham em torno de 35% a menos que os homens. São elas as maiores responsáveis pelas compras, as que gastam mais pela família inteira. Porém, além de receberem menos, foram as mais impactadas durante a pandemia com o desemprego. Então, isso faz com que elas fiquem mais inadimplentes”, analisa.
O ponto positivo, de acordo com Ana Paula Bastos, é que por terem valores de dívida média menores, as chances de recuperação aumentam.
Com relação à faixa etária, a população entre 50 e 64 anos é a que configura a principal parcela de inadimplentes (23,24%). Já o valor médio total das dívidas é maior para o público de 30 a 39 anos. As pessoas desse intervalo etário devem, em média, R$ 5,9 mil. Ao mesmo tempo, foram elas a que mais recuperaram o “nome” (25,16%).
Confira os valores médios devidos e a recuperação de crédito por faixa etária:
- 18 a 24 anos – R$ 3.321,86 (3,87%)
- 25 a 29 anos – R$ 5.148,68 (10,06%)
- 30 a 39 anos – R$ 5.939,81 (25,16%)
- 40 a 49 anos – R$ 5.629,96 (24,74%)
- 50 a 64 anos – R$ 4.822,91 (22,95%)
- 65 a 84 anos – R$ 4.019,08 (11,39%)
- 85 a 94 anos – R$ 2.328,08 (1,26%)
- Acima de 95 anos – R$ 1.409,97 (0,37%)
Em comparação a agosto, o indicador de recuperação de crédito recuou 0,98%. Entretanto, o indicativo do número de dívidas em atraso foi um dos menores do ano, 0,25%.
Comparando com o início do ano, em que o indicador era de 9,75% em janeiro, há uma tendência de diminuição ao longo dos meses proporcionado pela melhora do cenário econômico.
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