Inadimplência sobe entre consumidores e empresas de Minas Gerais

A inadimplência cresceu 1,43% entre os consumidores mineiros no mês de abril na comparação com o mês anterior. De acordo com levantamento da Câmara de Dirigentes Lojistas de Belo Horizonte (CDL/BH), com base em dados do Serviço de Proteção ao Crédito (SPC Brasil), o valor médio devido chegou a R$ 4,2 mil por pessoa.
O avanço é ainda maior em relação ao mesmo período do ano passado, com alta de 4,41% no número de negativados no Estado. O indicador em Minas para o período ficou acima da média nacional (2,84%), da região Sudeste (2,95%) e também da capital mineira (4,11%).
O presidente da CDL/BH, Marcelo de Souza e Silva, relata que os consumidores de Minas Gerais têm enfrentado dificuldades para pagar as contas e mantê-las em dia. Ele ressalta a necessidade de possuir controle dos gastos e um planejamento financeiro para evitar esse tipo de situação “Esse comportamento é essencial para que a capacidade de pagamento das famílias aumente e se sustente ao longo do ano”, aconselha.
O estudo ainda revela que o valor médio devido pelos mineiros é de R$ 4.206,81, com uma média de duas dívidas por pessoa. Entre os negativados, 47,01% possuem dívidas de até R$ 1 mil e 33,81% estão com débitos de até R$ 500.
A economista da entidade, Ana Paula Bastos, por sua vez, avalia que os valores têm ficado mais elevados ao longo dos meses devido aos juros e ao aumento de contratos inadimplentes por devedor. “Em comparação a março, o valor das dívidas diminuiu 0,82%. Ainda assim, o número de consumidores inadimplentes em Minas Gerais é alto”, ressalta.
Valor devido é maior entre os homens
O levantamento também aponta que os consumidores do gênero masculino possuem um valor médio devido superior ao do público feminino, com débito médio de R$ 4.495,06, entre os homens, contra R$ 4.086,77 das mulheres mineiras.
Enquanto isso, a participação dos devedores por sexo segue bem distribuída, com as mulheres representando 44,91% do cadastro de inadimplentes e os homens ficando com 44,89% do total.
Já na divisão por idade, o destaque fica para os consumidores mineiros entre 30 e 39 anos. O grupo foi o que acumulou mais dívidas e representa 23,59% do cadastro de inadimplentes do SPC Brasil, com valor médio de dívidas em R$ 5.117 por pessoa.
Além disso, o público com idade entre 84 e 94 anos apresentou o menor número de contas em atraso. Esse grupo ocupa 1,99% da base de inadimplentes e deve, em média, R$ 1.518,52. Já as pessoas acima de 95 anos devem R$ 908,64 e representam 0,67% dos consumidores com débitos.
Por fim, o número de dívidas por pessoa física avançou 7,8% em abril frente ao mesmo período de 2023. Entretanto, desde setembro de 2023, observa-se a desaceleração deste indicador. “A melhora do mercado de trabalho, a desaceleração da inflação e o programa Desenrola Brasil têm favorecido a capacidade de pagamento da população e permitindo a quitação de dívidas no período”, explica Ana Paula Bastos.
Inadimplência entre empresas avança em Minas Gerais
Quanto às empresas de Minas Gerais, o levantamento da CDL/BH revela que no quarto mês de 2024 houve um avanço de 0,33% no cadastro de pessoas jurídicas na base de negativados do SPC Brasil na comparação com março e de 6,67% frente a abril de 2023.
O presidente da entidade aponta que, apesar de o aumento da inadimplência entre as empresas mineiras ser motivo de atenção, o indicador para o Estado ainda é menor que para o restante do País e para a região Sudeste. “Isso mostra que os empresários estão sendo mais resilientes às turbulências econômicas e sabendo tirar maior proveito de ações como programas de negociação de dívidas e redução da taxa de juros”, analisa.
O valor médio das dívidas das empresas em Minas encerrou abril em R$ 6.486,13. Desde 2023, observa-se um aumento constante no valor médio das dívidas no Estado. “Essa tendência ascendente é atribuída a alta taxa de juros e encargos financeiros do atraso, que resultam em encarecimento das dívidas e dificultam possíveis negociações”, esclarece a economista da CDL/BH.
Entre as diferentes atividades avaliadas, a Agricultura foi a que apresentou a maior representatividade, com 14,36% das empresas inadimplentes em Minas Gerais. Em seguida apareceram: Serviços (4,97%), Indústria (2,31%) e Comércio (1,98%).
A Agricultura também registrou o maior valor médio devido no período, com R$ 8.312,82 por empresa. Depois vieram Comércio (R$ 7.353,08), Indústria (R$ 6.859,58) e Serviços (R$ 6.235,44).
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