Economia

Indefinição gera cautela na construção pesada

O setor de construção pesada começou 2019 com perspectivas positivas devido às mudanças nos governos. Entretanto, o cenário que se desenhou neste início de ano leva a um quadro de indefinição para o segmento. O presidente do Sindicato da Indústria da Construção Pesada no Estado de Minas Gerais (Sicepot-MG), Emir Cadar Filho, considera que é necessário esperar um pouco mais para verificar se as expectativas positivas se concretizarão. “É um começo de ano preocupante para o setor”, disse.

Como pontos preocupantes, Cadar Filho cita a situação financeira do Estado; a tragédia provocada pelo rompimento de barragem de rejeito da Vale, em Brumadinho, na Região Metropolitana de Belo Horizonte, que causou 171 mortes e deixou 139 desaparecidos; e a indefinição das reformas estruturantes. Por outro lado, um dos fatores que anima o setor é o fato de o investimento em infraestrutura estar entre as prioridades do governo federal.

“Temos expectativa de que tanto o governo federal quanto o estadual olhem para o investimento em infraestrutura como caminho para recuperação da economia. A solução para a retomada passa por investimento em infraestrutura, que impacta toda a cadeia produtiva”, completou Cadar Filho.

Ele pondera que os resultados positivos dependem das reformas estruturantes, sendo a principal delas a da Previdência. “A reforma da Previdência é primordial não só para o setor, mas para todo o País. Se não for feita, todo o dinheiro público será destinado para pagamento das folhas de servidores e aposentados, não sobrando nada para investimentos”, analisa.

Já quanto ao governo do Estado, Cadar Filho considera que o segmento confia na capacidade do governador Romeu Zema (Novo), inclusive devido à experiência dele como empresário. Entretanto, segundo ele, há certa preocupação devido à situação financeira do Estado e manutenção de pagamentos ao setor. Desde que assumiu, Zema vem anunciando uma série de medidas para colocar as contas de Minas em dia, entre elas a renegociação da dívida do Estado com o governo federal.

Entre as prioridades para o setor, ele cita a necessidade de o Estado realizar obras de manutenção da malha rodoviária sob sua responsabilidade e, ainda, que não ocorra quebra de contratos. “A manutenção da malha rodoviária é vital para a segurança da população do Estado”, pondera.

Quanto ao rompimento da barragem da Vale, em Brumadinho, Cadar Filho considera que o impacto negativo no setor será grande. “As empresas trabalham na parte de infraestrutura nas minas, com abertura de estradas, manutenção e até construção de barragens. Quando a mina para, a empresa fica sem essa demanda de serviço”, explica. Logo após a tragédia, a Vale anunciou a redução de sua atividade no Estado para descomissionamento de algumas barragens.

Balanço – Segundo o Sicepot-MG, o ano de 2017 foi de perdas para o setor, sendo que em 2018 houve um empate com o período anterior. Nesses dois anos, o setor não apresentou novos investimentos, tendo trabalhado com contratos de manutenção.

Segundo relatório do sindicato, o nível de emprego do setor da construção pesada em Minas em dezembro de 2018 foi de 93 mil. O número é melhor que o de 2017 (90 mil) e 2016 (88 mil). Mas o total está aquém do melhor índice apresentado na série, que foi registrado em 2012: 150 mil empregos. A série teve início em 2006.

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