Indicador de inadimplência volta a subir em BH após 11 meses
Após uma sequência de 11 quedas consecutivas, a inadimplência entre os consumidores belo-horizontinos registrou aumento de 1,35% na variação anual e encerrou o primeiro semestre de 2018 em alta. Na comparação de junho com maio deste ano, levantamento da Câmara de Dirigentes Lojistas de Belo Horizonte (CDL-BH) apontou crescimento de 0,81% no número de inadimplentes na Capital. A instabilidade econômica do País durante o segundo trimestre deste ano, principalmente devido à paralisação nacional dos caminhoneiros, influenciou negativamente as finanças dos consumidores, na avaliação do vice-presidente da CDL-BH, Marco Antônio Gaspar. Reflexos como a escassez de alguns produtos, a alta do dólar e o aumento de 0,83 ponto percentual da inflação no mês de junho diminuíram o poder de compra do consumidor, segundo Gaspar. “A inflação sempre diminui a quantidade de dinheiro do bolso do consumidor, que não teve recursos para quitar as dívidas em aberto. Além disso, a gasolina ficou mais cara, o preço dos alimentos aumentou por causa do desabastecimento e as pessoas precisaram priorizar o básico, o que gerou falta de dinheiro, aumentando os inscritos no cadastro de inadimplentes”, explicou. O montante de endividados na faixa etária acima de 65 anos foi o que mais cresceu (16,05%) em junho. Já os mais jovens, com idade entre 18 a 29 anos, são os menos endividados (-31,7%). Entre os gêneros, o endividamento foi maior entre as mulheres, com crescimento de 1,07%. Já entre os homens, a alta foi de apenas 0,03%. Dívidas – Apesar do aumento dos inadimplentes, o número de dívidas caiu 3,54% em junho, na comparação com o mesmo mês do ano anterior, como mostrou o Indicador de Dívidas em Atraso. Em relação a maio, foi registrado crescimento de 0,8% no número de débitos vencidos. Para Gaspar, o número de dívidas registradas apresentou queda na comparação anual uma vez que, ainda que tenham quitado parte das dívidas, os consumidores continuam inadimplentes. “O consumidor vinha quitando dívidas menores, mas ainda não conseguiu sair totalmente do cadastro. Além disso, alguns novos nomes entraram para os inadimplentes devido aos reflexos da greve, justificando o aumento da inadimplência e redução do número de dívidas”, afirmou o vice-presidente da CDL-BH. As pessoas com mais de 65 anos também concentram a maioria das dívidas (13,78%), e o número de débitos não quitados apresentou queda tanto para as mulheres (-4,24%), quanto para os homens (-4,28%). Empresas – Para as pessoas jurídicas, tanto a inadimplência quanto o número de dívidas seguiram em alta em junho. O volume de empresas inadimplentes cresceu 8,76% na comparação com o mesmo período do ano passado e, na variação mensal, houve avanço de 0,99%. Entre os segmentos avaliados, todos apresentaram crescimento da inadimplência no período, sendo que o setor de serviços registrou a maior quantidade de devedores, com 10,83%. Segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), nos últimos 12 meses, houve queda de 2,6% nas atividades do setor em Minas Gerais, o que diminuiu as receitas e, consequentemente, impactou na capacidade de pagamento. Marco Antônio Gaspar ressaltou também que a queda de faturamento devido à paralisação dos caminhoneiros influenciou o resultado do setor de serviços e que a expectativa é de manutenção de queda para o próximo mês. “Essa inadimplência não deve ser muito perene, sobretudo, porque a empresa precisa limpar o nome para comprar crédito. A economia vem em uma recuperação muito lenta e, em julho, não deve melhorar muito, porque percebemos que a Copa não trouxe o faturamento desejado”, destacou Gaspar. Entre as empresas da Capital, o número de dívidas apresentou crescimento de 0,69% na comparação de junho com maio de 2018, enquanto, na variação anual, a quantidade de contas em atraso das empresas aumentou 5,79%. O número médio de dívidas de pessoas jurídicas em junho foi de 1,98 por empresa. No mesmo período do ano anterior, era de 2,04 por CNPJ.
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