Indústria do aço está otimista com segundo semestre no País

Os executivos da indústria do aço no Brasil estão otimistas com o desempenho neste segundo semestre. Além da expectativa do aumento no consumo, os efeitos da medida para barrar as importações estão entre os fatores que devem melhorar o cenário. Porém, representantes do setor destacam desafios para assegurar o desenvolvimento sustentável. As perspectivas para o restante do ano e para 2025 foram discutidas entre CEOs de grandes companhias brasileiras no encerramento do Congresso Aço Brasil, nesta quarta-feira (7), em São Paulo.
O presidente da ArcelorMittal Brasil, Jefferson de Paula, aponta que, entre os fatores que podem impulsionar o setor, está a perspectiva de melhora na demanda da construção civil, que deve crescer até 2,5% no 2º semestre, além de obras de infraestrutura. “Não vai ser um ano brilhante, mas será razoável e melhor que 2023”, disse. Já com relação a 2025, na avaliação dele, o consumo aparente deve crescer 2%, bem como o PIB. “Vamos andar de lado, será mais ou menos como em 2024”, disse.
Também otimista, o presidente da Usiminas, Marcelo Chara, apontou as expectativas de aumento nas vendas de veículos na segunda metade do ano. As projeções são de um incremento de cerca de 15% no período. Para o próximo exercício, Chara estima um cenário ainda desafiador.
Importação
Os executivos demonstraram esperança na redução das importações de aço, uma vez que entraram em vigência as cotas de importação de produtos siderúrgicos. A medida era um dos pleitos do setor, que negociou por meses com o governo federal.
A CEO da Aço Verde do Brasil (AVB), Silvia Nascimento, otimista, mas ainda cautelosa, lembrou que o 1º semestre foi negativo: consumo cresceu pouco e as importações ainda avançaram de forma significativa. Dessa forma, mesmo que as cotas consigam frear os desembarques, o mercado brasileiro ainda encerrará o ano com um volume considerável de produtos estrangeiros.
Dados do Instituto Aço Brasil apontam que os desembarques subiram 23,7% em volume entre janeiro e junho frente ao mesmo período de 2023, ano em que as compras externas bateram recorde.
O CEO da Gerdau, Gustavo Werneck, voltou a defender a decisão do governo de taxar as importações, mas afirmou que o foco, agora, após meses de esforço da indústria, são os resultados práticos. Ele cobrou também novas medidas. “Defesa comercial é muito mais do que já foi feito”, lembrou. Ações de antidumping, por exemplo, estão entre as iniciativas do setor para evitar uma concorrência predatória no Brasil.
Política industrial
Por fim, os executivos comentaram a política industrial do governo Lula, com o anúncio da Nova Indústria Brasil (NIB), que pretende reindustrializar o País. O CEO da ArcelorMittal Brasil, Jefferson de Paula, foi crítico à forma como o plano foi lançado, apesar de fazer uma avaliação positiva. “O NIB é bom na teoria, mas não vi nenhuma meta ou cronograma”, disse.
Na avaliação dele, um dos desafios é levar adiante os planos elaborados pelos governos no Brasil para alcançar os resultados esperados e promover crescimento econômico. Ele citou também o Novo Programa de Aceleração de Crescimento (PAC), que, em sua avaliação, não decolou.
Mais otimista, o CEO da Gerdau, Gustavo Werneck, destacou que o NIB ataca um dos principais gargalos para o crescimento do setor produtivo, o chamado Custo Brasil. Ele lembrou que a ineficiência já custa 22% do PIB brasileiro, alcançando R$ 1,7 trilhão ao ano para o País. (O jornalista viajou a convite do Instituto Aço Brasil)
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