Economia

Tributação e Custo Brasil são apontados pela indústria como entraves para competitividade internacional

Levantamento é da CNI e foi feito com mil executivos de empresas de pequeno, médio e grande portes; em MG, economistas apontam que infraestrutura de transportes é principal gargalo
Tributação e Custo Brasil são apontados pela indústria como entraves para competitividade internacional
Economista aponta que precariedade das estradas mineiras é grande empecilho para indústria mineira | Foto: Divulgação EPR Via Mineira

A alta e complexa carga tributária e o Custo Brasil são os principais entraves para a competitividade internacional da indústria brasileira, segundo pesquisa da Confederação Nacional da Indústria (CNI). No que tange Minas Gerais, a infraestrutura de transportes é apontada por economistas como o principal gargalo do chamado Custo Brasil.

Além disso, o levantamento analisou a contribuição da imagem do setor industrial para a evolução das exportações, algo que, segundo economistas, precisa de uma estratégia de reposicionamento para mudar a percepção do Brasil ser um país exportador de commodities.

O levantamento Sustentabilidade e Indústria, realizado pelo Instituto de Pesquisa Nexus, em parceria com a CNI, com mil executivos de empresas industriais de pequeno, médio e grande portes em todo o País, mostra que, no Sudeste, 45% do empresariado industrial acreditam que a bitributação e a complexidade tributária são as principais barreiras para a competitividade internacional.

Em seguida, 35% dos empresários da região citaram o Custo Brasil como o principal entrave competitivo da indústria no mercado internacional, acompanhado na sequência pela falta de mão de obra qualificada (33%), pela burocracia e ambiente regulatório (23%) e pela insegurança jurídica (21%).

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A opção “logística e infraestrutura” aparece logo na sequência das cincos principais barreiras para a competitividade internacional apontadas pelos empresários da indústria do Sudeste, citadas por 18% dos respondentes do levantamento da CNI.

Acontece que, em Minas Gerais, a infraestrutura de transportes é a principal causa do chamado Custo Brasil no Estado, destaca o pesquisador do Centro de Desenvolvimento e Planejamento Regional (Cedeplar), da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), e do Centro de Pesquisa em Macroeconomia das Desigualdades (Made), da Universidade de São Paulo (USP), Victor Medeiros.

“Temos muitas rodovias, muitas delas em situação bastante precária, em trafegabilidade, qualidade do pavimento, sinalização, o que torna o trânsito lento, também em segurança, com muitas vias com acidentes letais”, disse Medeiros. “Isso acaba fazendo com que nossas viagens fiquem mais caras para os produtores, para a nossa indústria. Isso é traduzido nesse aumento do Custo do Brasil, que a CNI já trabalha há muito tempo”, completa.

Fortalecimento da imagem da indústria precisa de reposicionamento

O economista afirma que as expectativas são “razoavelmente boas” quanto ao futuro da logística do Estado, com os leilões de concessões rodoviárias em Minas Gerais, realizados recentemente, mais os acordos pelas tragédias socioambientais de Mariana e Brumadinho, que injetaram recursos no caixa do setor público investir na infraestrutura rodoviária mineira.

Ainda assim, ele aponta a necessidade resolver os gargalos logísticos para além do curto prazo e das rodovias, mas com uma articulação multimodal em vista, como a expansão de ferrovias. “Tentar uma intermodalidade de transportes um pouco melhor, pra gente conseguir levar nossos produtos de uma forma mais competitiva para os portos”, analisa Medeiros.

A pesquisa Sustentabilidade e Indústria também destacou que 76% do empresariado industrial do Sudeste acredita que o fortalecimento da imagem da indústria nacional pode contribuir para aumentar as exportações do setor. A maioria, 51% dos entrevistados, acredita que esse fortalecimento aumenta as exportações da indústria um pouco, enquanto 25% acreditam que pode aumentar muito. Para 20%, a imagem da indústria não interfere nessa questão.

A economista do Cedeplar da UFMG, Diana Chaib, avalia que o fortalecimento da imagem da indústria pode contribuir para ampliar as exportações, mas que o impacto é limitado. “A competitividade internacional da indústria depende de fatores estruturais mais profundos, como inovação, produtividade, infraestrutura e política industrial consistente”, disse.

Ela explica que a indústria deveria adotar uma estratégia de reposicionamento para mudar a percepção internacional – que ainda perdura – de que o País é um exportador de commodities e associar sua imagem à sustentabilidade, tecnologia e agregação de valor. “A imagem ajuda, mas precisa refletir uma transformação real da base produtiva”, argumenta.

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