Indústria do vestuário de Divinópolis pode iniciar 2024 com demissões

A indústria do vestuário do polo de Divinópolis, no Centro-Oeste de Minas, vai começar o próximo ano com preocupação, segundo o presidente do Sindicato das Indústrias de Vestuário de Divinópolis (Sinvesd), Mauro Célio de Melo Júnior. “O cenário é nebuloso”, frisa.
E são vários os motivos para o receio, entre eles, o desempenho das vendas da coleção de inverno e a concorrência com os marketplaces, em especial, os chineses, fatores que prejudicaram os negócios já em 2023. A indústria do vestuário de Divinópolis estima encerrar este ano com queda de até 30% nas vendas na comparação com o exercício passado.
O programa do governo federal, o Remessa Conforme, prevê hoje isenção do imposto de importação para compras de até US$ 50 para empresas que possuem certificação.
Diante desse cenário, o início de 2024 pode ser marcado pelas demissões no polo que emprega em torno de 15 mil pessoas nas cerca de 500 indústrias.
Juros afetam a indústria do vestuário de Divinópolis
O presidente do Sinvesd também reclama que os juros ainda continuam altos para o setor produtivo, apesar das últimas reduções da Selic, o que interfere na competitividade da atividade.
No dia 1° deste mês, o Banco Central (BC) cortou os juros pela terceira vez seguida. Por unanimidade, o Comitê de Política Monetária (Copom) reduziu a taxa Selic, em 0,5 ponto percentual, para 12,25% ao ano.
A taxa está no menor nível desde maio do ano passado, quando estava em 11,75% ao ano. De março de 2021 a agosto de 2022, o Copom elevou a Selic por 12 vezes consecutivas.
Indústria do vestuário de Divinópolis contrata menos temporários
O dirigente conta que o segundo semestre do atual exercício não teve um bom desempenho, o que se refletiu na contratação de temporários, que ficou abaixo na comparação com igual período de 2022. Ele estima recuo de 50% a 60%.
Melo Júnior diz que as encomendas voltadas para o Natal, que é a melhor data comemorativa do ano para o varejo, tiveram redução entre 20% a 30%. “Há casos de indústria com queda de até 50%”, observa.
Ele conta que, no momento, estão sendo realizadas as entregas voltadas para data, que devem ser finalizadas até o dia 5 de dezembro.
Além disso, as altas temperaturas impactaram nas vendas das roupas de inverno, que respondem por 65% do faturamento do polo. “Não tivemos praticamente inverno neste ano”, reclama.
De acordo com ele, as indústrias do polo devem fechar no “vermelho” neste ano, com queda de 20% a 30% na comparação com 2022.
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