Economia

COP 27: instabilidades políticas podem pôr emergências do clima em 2º plano

Participantes frisam a necessidade do investimento e da priorização do clima, da flora e das partes mais vulneráveis da população
COP 27: instabilidades políticas podem pôr emergências do clima em 2º plano
Países devem correr contra o tempo para diminuir emissões e desmatamento | Crédito: Ueslei Marcelino/Reuters

A Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas de 2022, ou COP 27, teve início dia 7 e vai até o dia 18 de novembro, em Sharm El Sheikh, no Egito. Para vários especialistas, presentes ou não no evento, ela está sendo tratada como a mais importante de todas.

O professor e pesquisador do Instituto Avançado da USP Carlos Nobre declarou, em entrevista aos parceiros do DIÁRIO DO COMÉRCIO no evento, os especialistas Sergio Myssior e Thiago Metzker, da MYR, que há uma enorme expectativa na COP 27 para que ela retome a urgência que os países tinham de mudar o cenário climático, tendo em vista que corremos o risco de ter 2,5ºC aumentados na temperatura do planeta. 

Nobre alertou que hoje “instabilidades políticas no mundo podem colocar as emergências climáticas em segundo plano”, ao impedirem que os países prestem atenção plena nos problemas do clima.

Como “instabilidades”, ele cita a Guerra na Ucrânia, que afeta a disponibilidade e a distribuição de recursos, gera insegurança em outros países, e esta, por exemplo, fez com que os outros países começassem a explorar mais carvão, gás natural e petróleo, já que a Rússia havia diminuído seu fornecimento de combustíveis fósseis. 

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Emissões no Brasil

O professor Carlos Nobre também deixou claro que a emissão de carbono é um problema grave no Brasil, que está em quarto lugar na lista de maiores pegadas de carbono já que 80% das emissões do País vem do desmatamento da terra e da agricultura.

Ele também esclareceu que a pegada de carbono da população mais vulnerável no Brasil é tão pequena quanto a de países como África do Sul e Índia, mas que são as pessoas que mais sofrem com as alterações climáticas e que o governo deveria se atentar a essas pessoas. 

Ele ainda completou dizendo que o Fundo Verde – criado pelos países que fazem parte da COP com o intuito de mobilizar recursos em escala para investir na resolução de problemas climáticos em cada país – deveria ser usado para ajudar essa parte da população. 

Povos indígenas na luta contra o desmatamento

Além dele, a líder indígena ativista brasileira da etnia suruí Txai Suruí também falou ao DC. Ela já havia discursado na COP 26 e voltou falando sobre a importância dos povos indígenas na luta contra o desmatamento. 

“É importante que o mundo entenda a importância dos povos indígenas quando a gente fala nessa luta, quando a gente fala em superar essa crise que é também uma crise humanitária… E a gente já tá sofrendo as consequências, principalmente nós os povos indígenas”. 

Txai Suruí também deixou claro que apesar de serem os melhores protetores e defensores das florestas, os indígenas são apenas 5% da população mundial, que protege 80% da biodiversidade do mundo. “Isso não sou eu que tá falando, isso foi a ONU que disse… Isso mostra a nossa importância para que a gente tenha um futuro. Um futuro possível, um futuro digno, um futuro justo”. 

A COP 27 continuará até dia 18 de novembro, com discursos de vários membros importantes de todos os países mostrando a necessidade de uma ação iminente. 

*Estagiária sob supervisão da edição.

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