Economia

Investimento e falta de regulação são barreiras para ESG

Os especialistas debateram esses e outros assuntos no 1º Seminário de Finanças e Governança Corporativa, em Belo Horizonte
Investimento e falta de regulação são barreiras para ESG
Crédito: Reprodução / Instagram

O investimento e a falta de clareza ainda são barreiras para as empresas implementarem o ESG (Ambiental, Social e Governança, na sigla em inglês), avaliam especialistas do mundo corporativo.

Para o sócio-presidente da PwC Brasil, Marco Castro, o momento atual é o início de uma jornada regulatória. O presidente do Instituto Brasileiro de Executivos de Finanças de Minas Gerais (Ibef-MG), Júlio Damião, afirma que conscientização é desafiadora principalmente para pequenas e médias empresas (MPEs), enquanto a diretora-geral do Instituto Brasileiro de Governança Corporativa (IBGC), Valéria Café, aponta que o maior desafio é a disseminar o ESG em toda a cadeia de valor.

Os especialistas debateram esses e outros assuntos no 1º Seminário de Finanças e Governança Corporativa, em Belo Horizonte. O evento, realizado pelo IBGC e o Ibef-MG reuniu especialistas renomados para discutir temas relevantes para o setor financeiro e empresarial. “As empresas têm que prestar muita atenção na governança, porque o cliente e até o acionista não estão perguntando mais se a gente quer ou está tendo lucro. Eles perguntam se a gente está tendo lucro de forma responsável e isso faz toda a diferença para a empresa e para a sociedade”, afirma o presidente do Ibef-MG.

O sócio-presidente da PwC aponta que economias mundiais não estão no melhor momento de crescimento, o que dificulta investimento em ESG. “A gente nota que tem uma limitação de recursos muito grande. O custo que isso determina é um limitador, é uma barreira importante que vem sendo considerada nessa discussão”, disse.

Marco Castro explica que há uma necessidade de que órgãos reguladores e instituições, baseadas em sua estrutura e conhecimento, indiquem para as empresas qual é o caminho a ser percorrido até para facilitar os aportes nessa questão. “De fato, ESG é um tema que vai exigir muito investimento, muito tempo dedicado, estudos. Ao tomar uma decisão, as empresas precisam ter consciência de que isso tem que ter uma base científica para ser estruturado”, declara.

Neste ponto, Júlio Damião aponta que a falta de conscientização e de um propósito claro, principalmente nas MPEs, ainda é um dificultador no processo, já que as grandes empresas, especialmente as de capital aberto, estão estruturadas para isso. “Não adianta só as grandes fazerem, a gente tem que, através desse fórum, dos líderes que estiveram aqui, disseminar essa importância para toda a comunidade, para toda a sociedade”, comenta.

Investimento em ESG em rastreabilidade da produção

De fato, a diretora-geral do IBGC considera que a pandemia fez os grandes negócios ficarem mais sensíveis às questões voltadas às pessoas e ao meio ambiente. Multinacionais ou grandes empresas que realizam exportações atuam em países com ambiente regulatório mais consolidado. “As grandes empresas, pela dor, tiveram que mudar, porque existem exigências globais que fazem que essas empresas mudem. E esse processo de mudança já começou em 2020”, disse Valéria Café.

A grande questão agora é, além do investimento, disseminar os valores ESG por toda a cadeia de valor, por meio dos fornecedores em todo o processo de produção. Ela ressalta que o médio empresário precisará fazer a transição do seu negócio para o ESG por pressão das grandes empresas. “Treinar fornecedor, trabalhar com melhores fornecedores, trabalhar e garantir que efetivamente toda a cadeia tenha este olhar, e ter rastreabilidade de toda a sua matéria-prima. Tudo isso está sendo trabalhado nesse momento”, afirma.

Valéria Café ressalta que o avanço tecnológico permitiu que essa rastreabilidade seja melhor apurada, ainda que demande altos aportes e deixe empresas receosas com o investimento em ESG. Mas a visão dos executivos não pode estar atrelada ao curto prazo. “É um investimento inicial que é preciso fazer, mas depois desse investimento inicial, a empresa só vai ter redução de custo e, no longo prazo, ela passa a ter lucro”, finaliza.

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