IPC-S desacelera na 1ª semana de julho e fecha a 1,01%
Rio de Janeiro – A desaceleração da inflação de alimentos, prevista para julho, já começou e deverá ganhar tração até o fim do mês, afirmou ontem o economista André Braz, coordenador do Índice de Preços ao Consumidor (IPC), do Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getulio Vargas (Ibre/FGV). A FGV informou que o IPC-Semanal (IPC-S) ficou em 1,01% na primeira quadrissemana de julho, ante 1,19% na última leitura de junho. A desaceleração da classe de despesa Alimentação (de 1,59% para 1,17%) foi destaque no arrefecimento da inflação. Segundo Braz, o movimento foi sentido inicialmente nos alimentos in natura, primeiros a sofrerem alta quando a greve dos caminhoneiros provocou desabastecimento, no fim de maio. O item hortaliças e legumes passou de uma queda de 1,90% na última leitura de junho para uma redução de 10,27% na primeira quadrissemana de julho. Com a continuidade do processo, Braz crê que o IPC-S poderá chegar à última quadrissemana de julho abaixo de 0,50%. “A normalização dos preços dos alimentos só não vai ser mais rápida por causa das carnes, das aves e do leite”, disse Braz. Reflexo duradouro – Carnes, aves e leite, segundo o economista da FGV, ainda sofrem algum reflexo mais duradouro da greve de caminhoneiros, como a perda de matrizes nos criadouros, que necessitam de um tempo maior para serem repostas, mas também passam por movimentos sazonais e enfrentam a alta do câmbio. No caso do leite, o período de seca deixa os pastos mais áridos e reduz a produção. No caso do câmbio, a cotação mais elevada da moeda americana encarece o milho e a soja, insumos básicos da produção da ração que alimenta os rebanhos. O câmbio também encarece o trigo, matéria-prima de massas, pães e biscoitos, que também chegam mais caros ao consumidor. Ainda assim, Braz acredita que a demanda fraca, resultado da saída ainda lenta da recessão, impedirá repasses mais fortes do câmbio para os preços finais. Segundo o economista, parte da alta que houve até aqui, do patamar de R$ 3,30 por dólar para R$ 3,80, já foi repassada, enquanto outra parte foi absorvida nas margens de lucro das empresas. Agora, os próximos movimentos do câmbio preocupam menos o cenário de inflação, porque, ainda que o quadro eleitoral leve a novas altas, a incerteza sobre a sustentação do dólar em nível mais elevado tenderá a adiar repasses ao consumidor, na avaliação de Braz. ALIMENTOS AINDA PRESSIONARAM IGP-DI DE JUNHO São Paulo – O Índice Geral de Preços-Disponibilidade Interna (IGP-DI) desacelerou a alta a 1,48% em junho, ante 1,64% no mês anterior, mas os preços de alimentos seguiram pressionados, informou a Fundação Getulio Vargas (FGV) ontem. O Índice de Preços ao Produtor Amplo (IPA-DI), que responde por 60% do indicador todo, abrandou o avanço para 1,67% em junho, de 2,35% no mês anterior, com destaque para o movimento nos preços de matérias-primas brutas. O aumento dos valores desses produtos ficou em 0,89% em junho, contra 2,80% em maio. No varejo, o movimento foi contrário, uma vez que o Índice de Preços ao Consumidor (IPC-DI) avançou no período 1,19%, ante elevação de 0,41% em maio. O IPC-DI corresponde a 30% do IGP-DI. A principal contribuição para o avanço da taxa do IPC partiu dos alimentos, que apuraram alta de 1,59% no mês passado, contra acréscimo de 0,24% em maio. Nessa classe de despesa, o destaque foi para o item laticínios, cuja taxa de crescimento passou de 1,60% para 5,70%. O Índice Nacional de Custo da Construção (INCC-DI) registrou alta de 0,97% no mês, sobre 0,23% antes. O IGP-DI é usado como referência para correções de preços e valores contratuais. Também é diretamente empregado no cálculo do Produto Interno Bruto (PIB) e das contas nacionais em geral.
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