IPCA-15 registra deflação de 1,58% em agosto na RMBH

O Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo-15 (IPCA-15), que mede a prévia da inflação, na Região Metropolitana de Belo Horizonte (RMBH) apresentou queda de 1,58% em agosto. A deflação foi provocada, principalmente, pela redução dos preços de combustíveis, com destaque para a gasolina, que apresentou redução de 20,50% e o etanol, com retração de 12,07%. Também contribuiu para a queda da inflação a energia elétrica residencial, que retraiu 13,11%.
Com o índice de agosto, a variação do IPCA-15 acumula alta de 4,08% no ano e de 8,49% nos últimos 12 meses. Os dados são do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
A queda de 1,58% vista no IPCA-15 na RMBH foi o menor resultado mensal entre as 11 áreas pesquisadas no Brasil. No País, a variação mensal apresentou retração de 0,73%. A variação acumulada em 12 meses, de 8,49%, na RMBH foi o quarto menor resultado entre as áreas de abrangência da pesquisa. No Brasil, a alta ficou em 9,60%.
A líder regional da XP Inc. em Minas Gerais, Jéssica Oliveira, explica que em Belo Horizonte, a queda do indicador é reflexo, principalmente, das medidas de desonerações fiscais.
“As medidas alcançaram o PIS, Cofins, com os combustíveis, chegando a -20,50% no preço, e o ICMS sobre a energia elétrica (-13,11%). Mas, apesar do resultado, o consumidor mineiro ainda se sente pressionado pelas despesas essenciais, já que algumas delas seguem acima da média nacional, como Habitação, transporte e despesas pessoais. Com isso, na prática, aumenta a sensação de neutralidade, de que o poder de compra continua menor”.
Conforme a pesquisa do IBGE, na RMBH, a prévia da inflação para agosto apresentou deflação em cinco grupos: Transportes, com queda de 7,11%, Habitação com redução de 3,18%, Comunicação (0,20%), Vestuário (0,14%) e Educação (0,05%).
A queda de 7,11% vista em Transportes, impactou o índice geral de agosto em 1,54 pontos percentuais (p.p.) a menos. O resultado ocorreu pela queda dos combustíveis (18,65%). No período, o destaque foi a gasolina, com retração de 20,50% e apresentando impacto negativo de 1,41 p.p, o menor individual do mês. Queda também na cotação do etanol, 12,07%, e nas passagens aéreas, 17,19%.
Do lado das altas, o seguro voluntário de veículos aumentou 3,46% e o conserto de automóveis, 1,28%.
A queda no grupo de Habitação, de 3,18%, foi influenciada pelo recuo nos preços da energia elétrica residencial, 13,11%, e do gás de botijão (1,16%). Em comunicação, com queda de 0,20%, o resultado se deveu, principalmente, à queda do plano de telefonia móvel (1,11%).
Efeito defasado
O economista-chefe da Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado de Minas Gerais (Fecomércio MG), Guilherme Almeida, explica que, em geral, na RMBH, assim como no Brasil, a deflação no IPCA-15 teve um efeito defasado da redução de impostos para itens de telecomunicações, combustíveis e energia elétrica.
“A redução aconteceu em grupos de grande relevância na renda das famílias, que são os de habitação, telecomunicações e transportes. Este último foi o maior responsável pela deflação, muito em decorrência da queda dos preços dos combustíveis, gasolina e etanol”.
Apesar do recuo mensal, quatro grupos apresentaram variações positivas no IPCA-15 da RMBH. O de Despesas Pessoais subiu 1,02%, Alimentação e Bebidas (0,83%), Saúde e Cuidados Pessoais (0,69%) e Artigos de Residência (0,28%).
A alta no grupo de Alimentação e Bebidas está relacionada com os aumentos do leite longa vida (10,27%), das frutas (5,03%) e do queijo (4,46%),
Almeida destaca que apesar do IPCA-15 ser de deflação para agosto, ao avaliar o comportamento nos últimos 12 meses, com alta de 8,49% na RMBH, o índice indica uma inflação muito acima da meta estipulada pelo Banco Central, que tem como teto 5% neste ano.
“Se observamos os grupos, nos últimos 12 meses, todos os nove apresentaram alta, sendo a maioria muito acima do teto da meta. Em alimentação e bebidas, a alta acumulada é de 15,75%, em artigos de residência, 12,17%, e vestuário 15,58%. São grupos de grande peso para as famílias e este efeito inflacionário deteriora o poder de compra. Acredito que a meta da inflação não será alcançada pelo Banco Central’.
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