IPCA-15 sobe 1,12% na RMBH e atinge maior alta para meses de setembro

O Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo-15 (IPCA-15) de setembro apresentou um aumento de 1,12% na Região Metropolitana de Belo Horizonte (RMBH), o que representa o maior resultado para um mês de setembro desde o início da série histórica, em 2000. O índice que mede a inflação da RMBH foi o sexto maior resultado mensal entre as 11 áreas pesquisadas em todo o País. Transportes, com destaque para a gasolina, e alimentação puxaram o resultado.
Já o custo da energia elétrica, que teve um aumento de 2,69% no mês, foi amenizado pela redução da taxa de água e esgoto proveniente da mudança na metodologia da Copasa.
Em âmbito nacional, a variação mensal foi de 1,14%, o maior desde fevereiro de 2016 (1,42%) e o maior para um mês de setembro desde 1994. Já as variações acumuladas em 12 meses foram de 10,06% na RMBH, sétimo maior resultado entre as áreas de abrangência da pesquisa, e de 10,05% no Brasil.
Segundo a pesquisa do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), na Grande Belo Horizonte, sete grupos apresentaram variações positivas: transportes (2,68%), alimentação e bebidas (1,74%), artigos de residência (1,12%), vestuário (0,87%), despesas pessoais (0,60%), saúde e cuidados pessoais (0,24%) e habitação (0,21%). O grupo educação não apresentou variação e apenas o grupo comunicação (-0,22%) registrou deflação.
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De acordo com a analista do IBGE Minas, Luciene Longo, a alta mais expressiva foi observada no grupo de transportes (2,68%). O resultado foi influenciado principalmente pelos aumentos nos preços das passagens aéreas (24,95%), do etanol (6,88%) e do transporte por aplicativo (6,55%). Porém, o maior impacto no índice geral veio da gasolina, com variação mensal de 3,90%.
“A gasolina é um ponto de atenção, uma vez que os combustíveis vêm apresentando sucessivos aumentos. Para se ter uma ideia, este subitem, nos últimos 12 meses, já acumula alta de quase 20%. E isso reflete no aumento dos custos de outros produtos. Temos que avaliar o comportamento daqui para frente, se estes custos serão repassados ou absorvidos”, explica.
A analista também destaca a elevação de 1,74% no grupo de alimentação e bebidas e ressalta que ocorreu principalmente pelo aumento nos preços de tubérculos, raízes e legumes (9,97%) e frutas (9,14%). Os subitens com as maiores variações positivas foram batata-inglesa (19,97%), laranja-lima (19,58%), tomate (16,47%) e banana-prata (16,47%). Por outro lado, as maiores quedas, em termos percentuais, foram de cenoura (-13,77%), brócolis (-7,88%) e manga (-6,57%).
Crise energética
Por fim, ela lembra que embora o grupo de habitação tenha tido uma variação menos expressiva (0,21%), o subitem energia elétrica residencial teve um aumento de 2,69%, o segundo maior impacto positivo no índice. Esse aumento foi compensado pela redução da taxa de água e esgoto, reflexo da mudança metodológica na cobrança realizada pela prestadora de serviço, que ocasionou em uma redução de -9,47%.
“De toda maneira, a energia é outro ponto a ser acompanhado, principalmente diante do cenário da crise energética e dos últimos reajustes tarifários. Se continuarmos tendo aumentos expressivos neste subitem também poderemos ver impactos na cadeia de produtos, assim como no caso da gasolina”, alerta.
Indicador chega a dois dígitos em 12 meses
São Paulo – A alta do Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo-15 (IPCA-15) chegou aos dois dígitos no acumulado em 12 meses pela primeira vez desde o início de 2016 depois de a prévia da inflação oficial brasileira ter registrado em setembro alta acima do esperado, e no nível mais elevado para o mês em 27 anos.
Em meio ao intenso movimento de aperto monetário diante das preocupações com a inflação, o IPCA-15 subiu 1,14% em setembro, depois de alta de 0,89% em agosto. Esse foi o maior resultado mensal para o índice desde fevereiro de 2016 (1,42%) e a taxa mais elevada para um mês de setembro desde 1994, início do Plano Real.
Com isso, o acumulado em 12 meses chegou a 10,05%, alcançando os dois dígitos pela primeira desde os 10,84% registrados em fevereiro de 2016, segundo os dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) divulgados na sexta-feira (24).
A meta oficial para este ano é de 3,75%, com margem de 1,5 ponto percentual para mais ou menos, medida pelo IPCA. A forte pressão inflacionária recente levou o Banco Central a elevar a taxa básica de juros Selic nesta semana a 6,25%, no segundo aumento seguido de 1 ponto percentual.
“Com certeza (essa inflação) pressionará o Banco Central até o próximo Copom. O mercado vai pedir alta maior que 1 ponto (percentual na Selic)”, afirmou Gustavo Cruz, estrategista da RB Investimentos.
Os resultados ficaram acima das expectativas em pesquisa da Reuters de avanços do IPCA-15 de 1,02% e 9,93% respectivamente nas comparações mensal e anual.
Vilões – Os maiores vilões do IPCA-15 em setembro foram, mais uma vez, gasolina e energia elétrica, de acordo com os dados do IBGE. Os combustíveis subiram em setembro 3,0% depois de alta de 2,02% no mês anterior. Somente a gasolina disparou 2,85% e acumula avanço de 39,05% nos últimos 12 meses.
Entre os outros combustíveis as altas foram de 4,55% do etanol, 2,04% do gás veicular e 1,63% do óleo diesel (1,63%). Isso levou o grupo de transportes a subir no mês 2,22%, de 1,11% em agosto. No grupo ainda se destacou o avanço de 28,76% das passagens aéreas, após a queda de 10,90% em agosto.
Já a energia elétrica subiu 3,61%, embora a taxa tenha desacelerado em relação aos 5,0% de agosto. No mês passado, vigorou a bandeira vermelha patamar 2, com acréscimo de 9,492 reais a cada 100 kWh consumidos, e a partir de 1º de setembro passou a valer a bandeira tarifária de escassez hídrica, que acrescenta 14,20 reais para os mesmos 100 kWh.
Esse resultado pressionou o grupo de habitação a um avanço de 1,55% em setembro, de 1,97% no mês anterior.
Com importante peso sobre o bolso do consumidor, a alimentação no domicílio acelerou de 1,29% em agosto para 1,51% em setembro, com os preços das carnes subindo 1,10%. Assim, a inflação do grupo de alimentação e bebidas disparou a 1,27% em setembro, de 1,02% antes.
Nesta semana, depois de elevar a taxa básica de juros Selic a 6,25%, o BC indicou que irá avançar em “território contracionista” ao dar sequência ao seu agressivo ciclo de aperto monetário para domar uma inflação que tem se mostrado mais persistente e disseminada.
Choques nos preços em meio à crise hídrica e a alta do dólar frente ao real, que encarece produtos importados, têm afetado expectativas para este ano e também para o próximo. O próprio Banco Central (BC) passou a ver inflação de 8,5% em 2021, frente a 6,5% antes.
“Pressões significativas de custos de insumos, inflação de serviços em alta, risco fiscal e político e forças inerciais estão contaminando o cenário para 2022 e devem levar o Banco Central e direcionar a Selic para território contracionista”, avaliou o chefe de pesquisa econômica do Goldman Sachs para a América Latina, Alberto Ramos.
O mercado já enxerga a inflação ao final deste ano em 8,35%, de acordo com a pesquisa Focus mais recente realizada pelo BC junto a uma centena de economistas. Para 2022 a projeção é de alta do IPCA de 4,10%. (Reuters)
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