Economia

João Paulo Braga deixa Invest Minas nesta sexta-feira (12)

Economista atuou na agência, entre 2019 e 2021, como diretor de atração de investimentos, e de 2021 até então, como CEO
João Paulo Braga deixa Invest Minas nesta sexta-feira (12)
Braga diz que houve um resgate da agência nos últimos seis anos | Foto: Diário do Comércio / Anderson Rocha

Após seis anos na Agência de Promoção de Investimentos do Estado de Minas Gerais (Invest Minas), João Paulo Braga está deixando a instituição. Na próxima sexta-feira (12), ele encerra o ciclo com a sensação de dever cumprido e otimista para o futuro, conforme destaca, em entrevista exclusiva ao Diário do Comércio.

Economista pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), mestre e especialista em desenvolvimento econômico pela Universidade da Pensilvânia, nos Estados Unidos, Braga atuou na Invest Minas, entre 2019 e 2021, como diretor de Atração de Investimentos, e de 2021 até então, como CEO. O escolhido para ocupar seu cargo foi o ex-diretor-geral do Departamento de Estradas de Rodagem de Minas Gerais (DER-MG), Rodrigo Tavares.

Segundo Braga, sua saída da Invest Minas decorreu de uma percepção compartilhada entre o governo e ele de que seu ciclo à frente da agência chegou ao fim. Houve o entendimento de que a missão que o governo lhe confiou foi plenamente executada, sendo coroada com a marca histórica de meio trilhão de reais em investimentos privados atraídos.

Como citado por ele, Braga participou ativamente da política de captação de investimentos mais bem-sucedida da história de Minas. Mas investimentos não podem ser apenas anunciados, precisam virar realidade para, de fato, mudar a vida da população, e, nesse sentido, ele afirma que 64% dos 1.100 projetos angariados no período já saíram do papel.

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Para além dos números, o CEO elenca feitos alcançados pelo Estado durante o tempo em que atuou na Invest Minas. Ele salienta que Minas Gerais atraiu empresas globais, criou novos polos farmacêuticos, aumentou significativamente a capacidade de geração de energia solar e se tornou um dos protagonistas no e-commerce, por exemplo.

Ainda sobre as conquistas, quando assumiu o comando da instituição, Braga disse que tinha como um dos objetivos, desenvolver políticas que iriam fortalecer o ambiente de negócios em regiões com baixo Índice de Desenvolvimento Humano (IDH), e ao deixar a agência, afirma que o sentimento é de missão cumprida. Ele ressalta que os investimentos atraídos para a mineração de lítio no Vale do Jequitinhonha têm gerado uma série de outros aportes na região, assim como acontece no Noroeste mineiro, com as inversões do agronegócio.

“Eu posso ter orgulho de que a visão que a gente construiu, alicerçada nas demandas que o governador [Romeu] Zema nos colocou naquele momento, conseguimos torná-la realidade e com números evidentes, por exemplo, na geração de empregos, com a criação de mais de um milhão de vagas em Minas Gerais. Os investimentos que trouxemos, certamente, tiveram uma contribuição muito significativa para isso”, destaca.

Invest Minas passou a ser uma instituição de renome

Além dos feitos econômicos, Braga diz que, nos últimos seis anos, houve um resgate da Invest Minas. Fundada em 1968, a instituição teve diversas gestões competentes, com pessoas qualificadas, mas tinha uma equipe desmotivada, com processos desestruturados e números ruins no período anterior à sua chegada, de acordo com ele.

Antes chamada de Indi, a Invest Minas era pouco conhecida, conforme Braga. No entanto, em razão do trabalho de sua gestão, em divulgar Minas para o mundo, isso mudou e a agência atualmente é reconhecida globalmente.

Braga quer continuar trabalhando com a originação de negócios

Braga ainda não decidiu se seguirá no setor público ou se trocará de lado, indo atuar no setor privado. Ele afirma que há algumas propostas na mesa, contudo, só vai definir na próxima semana, com calma, após passar o bastão da Invest Minas para Tavares.

Mesmo sem decidir seu futuro, Braga afirma que quer continuar atuando com a lógica de originação de negócios e viabilidade de investimentos. Ele salienta que há muitas ideias e projetos que ficam pelo caminho porque às vezes não tem a conexão adequada com o investidor ou o endereçamento adequado na interlocução com atores públicos e privados.

“Eu vejo muito espaço para a gente conseguir destravar vários negócios e projetos, rentabilizar, diminuir o risco de diversas atividades a partir de uma lógica mais profissionalizada de atuação de diplomacia corporativa”, reitera. “São cenas dos próximos capítulos, mas estou muito otimista em relação ao que vem pela frente”, pontua.

A originação de negócios, além de ser um caminho que ele queira seguir, é algo que, em sua avaliação, a Invest Minas precisa continuar desenvolvendo. Segundo Braga, a abordagem vinha sendo implementada recentemente pela agência e pode gerar frutos ao Estado.

“Essa semana eu estive com empresários indianos que querem investir em manganês, em lítio, e muitas das vezes você tem um empresário local que tem as reservas, que falta o dinheiro para fazer a exploração mineral e que essas conexões permitem que o projeto avance. Então, isso que eu chamo de originar o negócio”, esclarece.

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