Leilões municipais de saneamento em MG vão render cerca de R$ 6,3 bi em investimentos

Os leilões de saneamento devem contratar mais de R$ 64 bilhões em investimentos nos próximos anos no País, conforme estimativa da Associação e Sindicato Nacional das Concessionárias Privadas de Serviços Públicos de Água e Esgoto (Abcon Sindcon). De acordo com a entidade, dos 48 projetos em fase de estruturação, 39 são de âmbito municipal e nove regionais.

O valor foi estimado em dados da associação das operadoras privadas do setor, do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) e do Radar PPP. O levantamento não considera as desestatizações da Companhia de Saneamento de Minas Gerais (Copasa) e da Sabesp, em discussão nas Assembleias Legislativas.

Somente a Copasa tem previsto investimentos de R$ 9,76 bilhões, para o período de 2024 a 2028, conforme definido pelo Conselho de Administração da companhia em dezembro de 2023. O Programa de Investimentos da Copasa prevê que desse montante, em torno de R$ 8,182 bilhões, será destinado para água, esgoto e desenvolvimento empresarial. O restante vai ser investido em capitalizáveis: juros, pessoal, materiais e outros.

Com o intuito de atingir as metas estabelecidas pelo Novo Marco Legal do Saneamento, a Copasa ampliou em 26,6% os investimentos na ampliação e melhoria de sistemas de abastecimento de água e esgotamento sanitário em Minas Gerais no intervalo de janeiro a setembro de 2023 na comparação com igual período do ano anterior. Nesse período, incluindo as capitalizações, o valor chegou a R$1,19 bilhão.

Leilões municipais

De acordo com o levantamento da Abcon Sindcon, dos 39 projetos municipais, 12 estão previstos para as cidades mineiras, em um total da ordem de R$ 6,312 bilhões. Os leilões municipais de Minas Gerais correspondem a 27,92% do investimento previsto em todos os leilões municipais de saneamento que estão em andamento e correspondem a 9,86% de todos os investimentos previstos (leilões regionais e municipais) para o País.

 O diretor executivo da Abcon Sindcon, Percy Soares Neto, diz que espera um cenário muito promissor para o saneamento, chegando a mais de R$ 64 bilhões de investimentos a serem contratados em parcerias com o segmento privado. “O que é muito positivo, demonstra um setor com pipeline de projetos muito vigoroso. Devemos avançar em estados como Sergipe e Pará, que já estão com projetos maduros”, observa.

Além desses estados, o estudo da entidade aponta para concorrências importantes que deverão acontecer ainda este ano em Pernambuco, Rondônia e municípios relevantes em todas as regiões do País.

Para Soares Neto, o setor continua avançando e permanece atrativo para investimentos. “O segmento privado continua disposto a investir e contribuir para o esforço da universalização dos serviços”, diz.

Outro aspecto que vem ajudando a aumentar os investimentos no setor, conforme o diretor, é a mudança da postura política com relação ao segmento. “Antigamente, se falava que obras voltadas para o saneamento não eram tão visíveis e não rendiam votos. Só que a população também passou a cobrar mais. Além disso, a falta de investimento em saneamento tem impacto em outras áreas, como a saúde”, analisa.

O diretor avalia positivamente o setor no ano passado como sendo de avanços para o saneamento brasileiro, com a pacificação de temas que poderiam afetar o marco legal no Congresso. “Foram contratados R$ 11 bilhões de investimentos, um número interessante, em que pese estar ainda aquém das necessidades do País e dos investimentos contratados em 2021 e 2022”, analisa.