Lucro líquido da Gerdau cai 47,3% no 3º trimestre

A alta taxa de juros, os conflitos armados pelo mundo, o desempenho da economia chinesa e, principalmente, o volume das importações de aço vindo do maior país da Ásia impactaram os resultados da Gerdau. O lucro líquido ajustado da empresa, ao longo do terceiro trimestre de 2023, caiu 47,3% e chegou a R$ 1,592 bilhão ante os R$ 3,022 bilhões registrados em igual época de 2022.
A queda trimestral fez com que a empresa começasse o segundo semestre com retração de 40,3% no lucro, que apesar de menor, chegou à cifra de R$ 6,12 bilhões.
Mas, mesmo com o cenário desafiador tanto no País, quanto no mundo, os investimentos da Gerdau serão mantidos. Alguns dos principais estão no Estado. Com aporte de R$ 1,75 bilhão, a empresa pretende expandir os perfis de produção na planta de Ouro Branco, na região Central de Minas. Além disso, investirá R$ 1 bilhão na formação de florestas para a produção de carvão vegetal e R$ 1,4 bilhão no Parque Solar de Arinos, para a produção de energia fotovoltaica.
Os dados da Gerdau mostram que, ao longo do terceiro trimestre, o Ebitda ajustado chegou a R$ 3,34 bilhões, valor 11,7% menor que o gerado no segundo trimestre e 37,6% inferior se comparado com o mesmo intervalo de 2022. Nos primeiros nove meses do ano, o Ebitda chegou a R$11,46 bilhões, 35,9% menor.
O conteúdo continua após o "Você pode gostar".
A receita líquida foi de R$ 17,063 bilhões no terceiro trimestre, 6,6% menor quando comparada com o trimestre imediatamente anterior. Na comparação com a mesma época de 2022, a queda foi ainda maior, de 19,3%. Nos nove meses de 2023, a receita líquida da companhia caiu 15,9% e encerrou em R$ 54,2 bilhões.
O CEO da siderúrgica, Gustavo Werneck, disse que já é percebida uma desaceleração na demanda no mercado americano, mas ainda em níveis saudáveis.
Aços vindos da China impactaram lucro e seguem preocupando
A maior preocupação da indústria do aço hoje, segundo Werneck, diz respeito à competição com a importação do aço vindo da China, considerada desleal pelo CEO. Ele apontou que as importações de aço no País cresceram 58% neste ano, sendo urgente a implementação de uma taxa de importação de 25%, como fez o México, país com padrões parecidos com o Brasil.
O executivo afirmou que as importações chinesas aceleram a desindustrialização brasileira e ameaçam investimentos para os próximos anos. “Vejo que tem um entendimento, uma compreensão (no governo) muito mais profunda, que me leva a crer para uma situação de maior equilíbrio. Não vamos desmobilizar”, comentou.
Werneck lembrou que a capacidade instalada no País é de 50 milhões de toneladas de aço por ano, enquanto na China, somente para exportação, a previsão é de comercializar 100 milhões de toneladas apenas em 2023.
Ainda segundou o CEO, a Gerdau demitiu 700 empregados e está com três usinas paralisadas em todo o País. Somente a usina de Ouro Branco está com produção normalizada. As de Barão de Cocais e de Divinópolis estão com capacidade reduzida.
Por fim, o CFO da Gerdau, Rafael Japur, disse que a ideia não é exportar a produção de aço de Minas Gerais, mas o cenário pode mudar frente à competição com a importação do aço chinês. “O Brasil tem de fazer uma escolha: se a gente quer exportar minério para a China, para que ele volte como aço subsidiado para o Brasil, gerando emprego e renda na China, ou se o aço será produzido no Brasil, gerando emprego e renda aqui. É uma escolha que cabe a todos nós”, pontuou.
Ouça a rádio de Minas