Marco legal promete mover mercado de trabalho no País

O marco legal da geração distribuída deve movimentar não somente as novas instalações de micro e miniusinas solares como também as buscas por capacitações para aqueles que desejam atuar no mercado de energia fotovoltaica e provocar uma demanda de insumos ainda difícil de mensurar. A expectativa, diante da procura crescente que deve ser registrada em 2022, é de movimentação de mais de R$ 50,8 bilhões no mercado brasileiro durante o ano, conforme dados da Associação Brasileira de Energia Solar Fotovoltaica (ABSolar).
O setor, que já é responsável por cerca de 390 mil postos de trabalho em todo o País, deve registrar 357 mil novas oportunidades, ainda de acordo com os dados da ABSolar. Para a economia de Minas Gerais, os dados nacionais representam a promessa de um ano movimentado, já que o Estado é responsável por 18,3% da energia solar gerada no Brasil.
Um segundo fator que pode impulsionar o crescimento em Minas Gerais é que o Invest Minas e a ABSolar firmaram um acordo de cooperação técnica para atrair novos investimentos para o Estado e, consequentemente, garantir mais empregos e renda para a população. A parceria tem como objetivo identificar empreendedores do setor que tenham a pretensão de investir nas regiões mineiras e apoiá-los com as informações necessárias para a efetivação do negócio.
Ainda de acordo com dados da ABSolar, desde 2012, a geração própria e as grandes usinas solares no Estado já contribuíram para a atração de mais de R$ 9,9 bilhões em investimentos, sendo que mais de 60 mil empregos foram criados no período.
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Dessa forma, o crescimento do setor é percebido mesmo antes da sanção da Lei 14.300, de 2022, que dispõe sobre as regras para micro e minigeração de usinas e da compensação da energia excedente gerada pelos novos pontos. As altas no mercado de energia fotovoltaica ocorrem desde 2019, quando o projeto de lei foi enviado ao Congresso Nacional para apreciação.
Em todo o País, o indicativo que representa essa realidade é que, segundo a plataforma de conteúdo e franquias de distribuição de equipamentos, Portal Solar, a geração própria de energia cresceu 122% em 2021 quando comparada com 2020. Em números reais, isso significa que o total de residências, comércios, indústrias, propriedades rurais e prédios públicos atendidos com as usinas saltou de 450 mil para 1 milhão.
Insumos para suprir a demanda
O contexto da pandemia da Covid-19 impactou diversos mercados. E com a energia fotovoltaica não foi diferente. Conforme lembra o CEO do Portal Solar, Rodolfo Meyer, em 2021 o mercado registrou falta de insumos para a cadeia e, neste ano, pode ser que a distribuição de materiais não acompanhe o crescimento do mercado.
No ano passado, a falta de insumos era resultante de variáveis como o fechamento de porto na China e, ainda, a interrupção da produção em cidades-polo daqueles países que concentram a fabricação de células fotovoltaicas, resultando na falta de vidros e placas no mercado interno brasileiro. Apesar das incertezas trazidas pela Ômicron, o que deve interferir nos insumos é a alta demanda.
“Os importadores estão se preparando, dobrando o estoque. Mas pode ser que a demanda supere os preparativos. A gente pretende diversificar, trabalhar com mais importadores e novas marcas para atender ao mercado”, afirma Meyer. Outra ação da empresa para atender a demanda é aumentar o número de franquias do Portal Solar no País.
Atualmente, a empresa conta com 130 franquias em todas as 27 unidades federativas, sendo oito delas em Minas Gerais. O modelo de negócios, segundo o CEO do Portal Solar, é uma forma de possibilitar que empreendedores possam participar de um negócio de baixo investimento e que garante o retorno. Para 2022, o negócio deve chegar a 600 franqueados em todo o Brasil. Para os franqueados, o custo total com o empreendimento e o capital de giro está em torno de R$ 36 mil, sendo que a lucratividade pode variar de 25% a 35% sobre a receita bruta.
A Ownergy Solar, que atua na instalação de usinas, também está se preparando para a temporada, principalmente por considerar a remuneração às concessionárias que deve ocorrer para aqueles clientes que instalarem usinas a partir de 6 de janeiro de 2023. De acordo com o diretor-fundador da empresa, Patrick Lüdtke, a antecipação à demanda envolve negociações com diferentes fornecedores de equipamentos. “Para não faltar insumos, nós fechamos com três distribuidores estratégicos e com condições comerciais mais competitivas”, conta ele.
No caso da Mori, empresa que trabalha com comunidades solares por meio de consórcios ou cooperativas e energia gerada em usinas remotas e que conta com 31 usinas em Minas Gerais e 1 em Pernambuco, a intensificação, segundo o diretor de engenharia da empresa, Márcio Eli Souza, está na criação de novas fazendas solares.
Atualmente, a Mori está com 60 projetos de usinas em instalação e outros 200 em prospecção para que os novos pontos se adequem à legislação antes do prazo estabelecido no marco legal da geração distribuída, de forma a aproveitar a regulamentação atual.
Demanda por capacitação aquecida
Com a expectativa alta, há espera nos cursos do Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial de Minas Gerais (Senai-MG) nos cursos ofertados e que se relacionam com a energia fotovoltaica. Além das novas qualificações, a instrutora de formação profissional da instituição, engenheira eletricista e especialista em fontes renováveis, Saunaray Barra, afirma que é preciso se atualizar para as mudanças na legislação.
“Quais as mudanças na legislação que impactam os projetos? A principal é que, a partir de 2023, o cálculo do projeto terá alteração, porque eu não terei mais o lucro de toda a energia gerada excedente, eu terei que remunerar as concessionárias pela disponibilidade da rede de distribuição”, explica a instrutora.
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