MP dos data centers fortalece infraestrutura de IA em Minas Gerais

Publicada no último dia 18, a Medida Provisória nº 1.318/2025, que institui o Regime Especial de Tributação para Serviços de Data Center, tem potencial de alavancar o País ao universo da inteligência artificial (IA). Cidades que já se despontam na atividade, como Uberlândia, no Triângulo Mineiro, avaliam que a iniciativa tem potencial de fortalecer o empreendedorismo e gerar oportunidades de negócio em Minas Gerais.

O regime, conhecido como Redata, elimina os impostos federais na cadeia das centrais de dados, como servidores e equipamentos de armazenamento, rede e refrigeração. Além disso, a medida possui normativas que estimulam itens fabricados no Brasil, além de estabelecer uma exigência de uso de matriz renovável com zero emissão de carbono.

Os benefícios fiscais, que devem chegar a R$ 5,2 bilhões, serão válidos até o fim de 2026. Eles funcionarão como uma antecipação de incentivos previstos na reforma tributária, oferecendo um alívio imediato ao setor enquanto o novo modelo de arrecadação não entre plenamente em vigor.

De acordo com o presidente do Sindicato da Indústria de Software e da Tecnologia da Informação do Estado de Minas Gerais (Sindinfor), Fábio Veras, a indústria de software em Minas Gerais está otimista com o potencial da medida, que surge para fortalecer uma nova geração de data centers no País: com alto processamento e dedicada à inteligência artificial. “Sem boas estradas, o Brasil não tem mobilidade, e assim funciona com data center, que compõe um pilar central da infraestrutura digital do País”, exemplifica.

O mercado avalia que novas oportunidades poderão surgir, especialmente em setores como tecnologia da informação (TI), startups, além do fortalecimento da relação do setor produtivo com universidades. Uma das propostas do regime é obrigação de empresas beneficiadas a destinarem 2% dos investimentos em projetos de pesquisa e desenvolvimento no País.

Para Veras, essa conjunção de benefícios, aliada à premissa de sustentabilidade, surge em um momento oportuno para Minas Gerais. Diferente de estados como São Paulo, onde a inteligência artificial tende a ser uma âncora voltada para o setor financeiro, Minas Gerais possui clusters virtuosos para o desenvolvimento em outras frentes.

Setores como farmacêutico, mineração e agroindústria, além de uma indústria pujante, tendem a abraçar a tecnologia em desenvolvimento. “Temos um ecossistema de software muito robusto, especialmente em inteligência artificial, que reúne todos os elos de uma cadeia de valor virtuosa. A MP chega para fortalecer ainda mais essa infraestrutura”, avalia o dirigente.

Uberlândia está otimista com MP e espera novas oportunidades de negócio

Em Minas Gerais, já existem cidades que estão criando políticas municipais para atração de data centers, a exemplo de Uberlândia. Com investimento inicial de R$ 6 bilhões pela empresa americana RT-One, a cidade mineira receberá o primeiro data center focado em IA do Sudeste do Brasil.

O secretário municipal de Desenvolvimento Econômico e Inovação de Uberlândia, Fabiano Alves, avalia que a medida é extremamente positiva, capaz de incentivar a atração de data centers para o município. Embora a iniciativa seja um importante facilitador, cidades que apresentam um ambiente favorável para o setor, como rede de universidades e ampla disponibilidade de energia, tendem a sair na frente na corrida por novos investimentos.

“Temos um ambiente muito favorável à inteligência artificial, com faculdades que formam profissionais qualificados, centros de pesquisa e desenvolvimento, e uma estrutura institucional que complementa o ecossistema de inovação. A MP se encaixa perfeitamente nesse cenário de empreendedorismo e oportunidades de negócio, podendo atrair novas empresas para a cidade”, conclui.

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