Economia

Mercado de eventos dribla a crise em Belo Horizonte

A cidade não para. Belo Horizonte continua efervescendo em eventos por todos os lados, festas, shows, resultado da criatividade e persistência dos produtores que, mesmo em tempos de crise, se reinventam para continuar oferecendo opções de lazer à população. A Nenety Eventos, por exemplo, viu o seu faturamento chegar a R$ 10 milhões no ano passado somente com as vendas on-line, sem contar com a venda de souvenirs como copos e bonés, patrocínios e venda de ingressos físicos que somam cerca de R$ 20 milhões. Mas para manter o faturamento estável, a empresa precisou se reinventar. “Nós que realizamos eventos, tivemos que encontrar alternativas para este delicado momento que o País atravessa. Apostamos nas melhores atrações e buscamos oferecer a melhor entrega ao cliente. Investimos também em atrações musicais, na qualidade de estrutura e na variedade de serviços e setores oferecidos para atender todos os gostos e bolsos”, conta o empresário da Nenety, Cristiano Carneiro. A produtora realiza em média 12 eventos de médio e grande porte por ano. Só o Festeja Belo Horizonte 2017, produzido pela empresa, reuniu 60 mil pessoas no Mineirão. Ainda assim o principal desafio continua sendo conquistar o público. “Acredito que o principal desafio seja trazer o público diante de tanta concorrência e da crise financeira que assola o país, além de conseguir manter as contas equilibradas frente a relação custo X receita”, explica. O presidente da Belotur, Aluizer Malab, credita a efervescência de eventos na cidade à criatividade dos produtores e faz um panorama do cenário. “BH saiu do patamar de poucos eventos, desta sazonalidade, há muito tempo. Prova disso é a agenda repleta que temos hoje. Claro que há impactos frente a uma estabilidade econômica e, neste setor, qualquer mudança de vento afeta tudo. Mas o produtor é um profissional muito criativo e se reinventa a cada evento, porque normalmente as condições que já se tem nesta atividade são de alto risco, em que você deposita as suas apostas. Isso faz com que este profissional seja diferenciado e acabe tendo que lidar com essa imprevisibilidade”, explica. Desafios – Para Malab, há alguns impasses que ainda dificultam o setor. “Como a gente tem muitos eventos recorrentes no calendário da cidade, isso também se torna uma motivação extra pra essa permanência. Mesmo que você diminua um pouco o porte do evento, você acaba o realizando. Mas a gente precisa avançar ainda em regulamentação, poderíamos estar mais avançados diante do ponto de vista de licenciamento, por exemplo. Também nos falta ainda uma casa de shows. Hoje já há mais espaços, mas ainda são de certa forma espaços adaptados para isso e não concebidos para serem uma casa de shows. Poderíamos trabalhar de forma mais integrada também, manter um calendário minimamente mais organizado, com menos sobreposição de eventos, isso facilitaria também a vida do produtor”, comenta. EMPRESA APOSTA EM NICHOS PARA CRESCER A produtora New Records viu a demanda por eventos, especialmente musicais, diminuir bastante nos últimos anos. Em se tratando de eventos gerais, a redução foi de 50% e de eventos musicais, 70%, segundo informou o proprietário Ricardo Munayer. “Há muitos anos BH tinha muitos eventos com bandas autorais e até mesmo conhecidas. Hoje o que está pegando mais são eventos com bandas covers tocando em pubs, mas neste caso, as bandas tratam diretamente com os donos das casas e não com produtoras. O motivo desta redução é a queda do poder aquisitivo das pessoas mesmo, a esperança é uma melhora geral na economia”, opina. Por outro lado, a produtora encontrou um nicho para investir e continuar se mantendo, o de eventos esportivos. Realizadora da Iron Biker, evento que já tem 25 anos, ela também criou o Iron Runner, evento de corrida que tem conquistado o público gradativamente. O Iron Biker que acontece neste mês abriu as inscrições em janeiro e em três dias acabaram os ingressos para se ter uma ideia. O Iron Runner, que é mais recente, teve público de 700 pessoas em 2016, 800 pessoas em 2017 e este ano 900. “Aos pouquinhos vamos engatinhando, vamos fazer pegar. A nossa ideia agora é unir um evento de rock com o esporte, um Iron Rock, talvez, para atrair não só a galera do esporte, mas também o público em geral”, conta o produtor. Ela credita o crescimento dos eventos esportes à preocupação da população com a saúde, de um modo geral. “O pessoal está mais preocupado com a saúde e, por isso, os eventos esportivos estão bombando”, comenta. Mas nem sempre foi assim. A experiência de Munayer na área de eventos começou em 1982 e ele já presenciou diversas fases no setor. Talvez por isso, tenha encontrado a melhor maneira de sobreviver na crise: se adaptar de acordo com as tendências. “A melhor época de eventos musicais foi de 1985 a 2000, quando o pop rock estava em alta. Já de 1998 a 2008 o grande boom foi de eventos corporativos”, lembra.

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