Setor pirotécnico cresce 30% em Minas e mira mercado internacional

Após aperfeiçoar os produtos e estreitar a comunicação com os clientes, a indústria de fogos de artifício encerra o ano com crescimento estimado de 30% em Minas Gerais. O setor, cujo polo de produção está concentrado em Santo Antônio do Monte, na região Centro-Oeste do Estado, agora se articula para aumentar a produção e exportar produtos para os Estados Unidos e América Latina.
De acordo com o presidente do Sindicato das Indústrias de Explosivos no Estado de Minas Gerais (Sindiemg), Magnaldo Geraldo Filho, a cidade, que conta com único laboratório de pirotecnia na América Latina, dialoga com a China para viabilizar investimentos que aumentem a produção do setor pirotécnico mineiro. “Estamos buscando tecnologia nova, maquinário novo e a China é o primeiro do mundo, e certamente tem muito a contribuir para o desenvolvimento do mercado brasileiro”, pontua.
Atualmente, o país oriental é o principal fornecedor mundial de fogos de artifício, correspondendo por 65% da produção total, seguido por Brasil, Índia e Filipinas – cada um com uma fatia entre 5% a 10% do mercado. A partir dos novos investimentos, a expectativa é que o Brasil amplie essa participação mundial e exporte os produtos para os Estados Unidos e América Latina, acompanhando a tendência de crescimento do mercado, que gira em torno de 5% ao ano.
Após 20 anos, Minas Gerais voltou a exportar, no ano passado, fogos de artifício para os Estados Unidos. Ao todo, foram 27 toneladas de produtos que passaram a ser comercializadas em solo americano após um intenso processo de certificação.
Apenas no mercado norte-americano, segundo Magnaldo Filho, a projeção de consumo é estimada em US$ 500 mil por ano, cerca de R$ 3 milhões. Com o produto já aprovado, o setor pretende dar sequência às negociações para ampliar as exportações.
“Queremos exportar mais para os Estados Unidos e América Latina. A gente tem um mercado aberto, conseguimos atender essas regiões e agora buscamos demanda para dar o próximo passo”, destaca o presidente.
Tecnologia e regulamentação do setor são prioridades para o próximo ano
A aproximação do Réveillon – data responsável por 60% do total de vendas do setor – leva otimismo para a categoria encerrar 2024 com chave de ouro. Fortemente impactado pela retomada do turismo, o polo mineiro, que hoje representa mais de 90% da produção nacional de fogos de artifício, celebrou a marca de 30 mil toneladas produzidas no ano.
Para a última celebração de 2024, as vendas foram concentradas em grande maioria para cidades que realizam festas de Natal, queima de fogos, além de resorts, hotéis e demais empreendimentos que funcionarão na virada do ano. “Réveillon é uma data magna, com um dos maiores usos de fogos e isso alavanca não só o nosso mercado, como o turismo em geral”, acrescenta o dirigente do Sindiemg.
Em relação à crescente adoção do uso de drones em substituição aos fogos de artifício, a categoria não enxerga a tecnologia como ameaça. “Os drones não trazem a mesma satisfação para as pessoas. Apesar de produzirem luzes, não têm a beleza e entusiasmo dos fogos e, por isso, acreditamos que não seja uma ameaça”, analisa.
Para contornar a objeção do alto ruído dos fogos, o setor estuda adotar o mesmo padrão europeu, que possui limite de 120 decibéis. Para o dirigente, é ilusão acreditar que fogos não emitirão nenhum ruído, mas é possível reduzir esses números com novas tecnologias e um bom entendimento do setor legislativo.
Com expectativa de atender melhor às necessidades do consumidor para manter o ritmo de crescimento no próximo ano, a categoria espera que 2025 seja marcado pela regulamentação do setor pirotécnico no Brasil. “Quem faz as leis não entende o produto e por isso estamos buscando regulamentar. Já somos profissionalizados, contamos com laboratórios, produtos rigorosos e qualificados e com isso conseguimos nos amparar para avançarmos ainda mais”, ressalta o presidente do sindicato.
Segundo ele, após procurar os órgãos competentes, a reivindicação é vista com positividade, especialmente quando se trata em ampliar a segurança, tanto de compradores quanto para novos aportes de investimentos. “A partir da regulamentação, conquistaremos segurança jurídica necessária para recebermos mais investimentos. Esperamos que o setor seja ouvido e estamos à disposição para compartilharmos conhecimento junto aos deputados”, finaliza o dirigente.
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