Emplacamento de caminhões e ônibus cai 13% em Minas Gerais
Em um ano marcado por altos juros e dificuldade de acesso ao crédito, o mercado de veículos pesados apresentou retração significativa em Minas Gerais. Entre janeiro e novembro, o volume de emplacamentos de caminhões e ônibus recuou 13% no Estado, totalizando 15.935 unidades.
O cenário é ainda mais delicado para o segmento de implementos rodoviários, que sofreu uma queda de 22,8% no mesmo período, somando apenas 4.778 emplacamentos. Os dados são da Federação Nacional da Distribuição de Veículos Automotores (Fenabrave).
No acumulado até novembro, as vendas de caminhões se sobressaíram dentre os veículos pesados no território mineiro, com 12.436 comercializações. Entretanto, foram 1.925 unidades a menos que o registrado no ano passado, totalizando uma queda de 13,4%.
Também em queda, a comercialização de ônibus no Estado totalizou 3.499 unidades no mesmo período, resultando em queda de 11,3%. O número representa um recuo de 448 veículos frente a 2024 e abrange marcas como Mercedes-Benz, Volkswagen, Scania, Volvo e Iveco.
Já os implementos rodoviários, que incluem reboques e semirreboques acumularam 4.778 emplacamentos entre janeiro e novembro deste ano. No mesmo período do ano passado, foram 6.651 unidades, correspondendo, portanto, pela maior queda registrada dentre todos os segmentos de veículos no em Minas Gerais.
De acordo com o vice-presidente do Sindicato dos Concessionários e Distribuidores de Veículos de Minas Gerais (Sincodiv-MG), Camilo Lucian, o recuo está atrelado ao atual desempenho da economia brasileira em 2025. “Foi um ano mais lento. Na categoria de pesados, o principal entrave foi o patamar elevado dos juros, que restringiu o acesso ao crédito”, pontua.
Para 2026, o dirigente acrescenta que a categoria está otimista e projeta uma recuperação ao longo do ano. Apesar de ainda ser um ano considerado desafiador, ele considera que a sinalização de queda nos juros a partir de março pode levar fôlego ao segmento, tanto em Minas, quanto no País.
Além disso, por se tratar de ano eleitoral, a expectativa é positiva no tocante a investimentos. Tradicionalmente nesses períodos, esperam-se maiores aportes em infraestrutura e renovação de frota, fatores que tendem a favorecer a retomada das vendas.
Retração no País indica que empresas estão prolongando ciclo de uso e avaliam com mais cuidado novos investimentos
No acumulado do ano até novembro no País, o mercado de veículos pesados também enfrenta um cenário adverso. Em 2025, foram registrados 127.408 emplacamentos de caminhões e ônibus no Brasil contra 135.377 unidades em 2024, o que representa uma retração de 5,8%.
Assim como em Minas Gerais, o segmento de implementos rodoviários sentiu fortemente o impacto da desaceleração, com 65.632 unidades emplacadas frente a 81.840 no ano anterior, queda de 19,8%.
Com relação ao segmento de caminhões, o presidente da Fenabrave, Arcelio Junior, comenta que o mercado está mais seletivo, com empresas de diferentes setores prolongando o ciclo de uso dos veículos. “Estão avaliando com mais cuidado novos investimentos, à espera de um ambiente mais favorável e previsível”, explica.
Quanto aos ônibus, os resultados mais recentes, segundo ele, já são positivos e indicam que projetos de renovação de frota urbana, escolar e rodoviária continuam em andamento. Os avanços estariam atrelados às licitações e programas públicos, reflexo de investimentos em políticas de mobilidade e transporte coletivo.
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