MG é destaque no superávit de empregos formais no País

A maior atração de investimentos e o crescimento da economia foram importantes para a geração de empregos em Minas Gerais. Conforme os dados Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged), do Ministério do Trabalho e Previdência, de janeiro a novembro do ano passado, mais de 80% dos municípios mineiros registraram saldo positivo na geração de empregos com carteira assinada.
A análise feita pelo Governo de Minas, baseados nos dados do Caged, mostra que 697 cidades no Estado, o que corresponde a 81,71% dos municípios, tiveram desempenho positivo na geração de postos de trabalho formais e apenas 156 ou 18,29% registraram saldo negativo.
Com o resultado, Minas Gerais teve o segundo maior saldo de janeiro a novembro de 2022, com a criação de 223.982 vagas com carteira assinada, ficando atrás apenas de São Paulo (712.888). Em nota, o subsecretário de Trabalho e Emprego da Secretaria de Estado de Desenvolvimento Social (Sedese), Raphael Vasconcelos Amaral Rodrigues, destacou que nos últimos quatros anos, foram mais de 630 mil empregos formais criados no Estado.
“Isso é fruto de uma política de atração de investimentos que se aproximou de R$ 270 bilhões captados. Este esforço garantiu para o Estado números como uma taxa de desocupação de apenas 6,3%, sendo este índice o mais baixo em oito anos, além do saldo positivo na geração de empregos em mais de 80% dos municípios no último ano”, explicou.
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Os dados mostram que, de janeiro a novembro de 2022, Belo Horizonte liderou o ranking na geração de novas vagas, o município encerrou o período com um saldo de 49.062 empregos com carteira assinada. Em seguida veio Contagem, com 8.909, Uberlândia (6.602), Uberaba (4.986), Patos de Minas (4.924) e Juiz de Fora, com a criação de 4.851 vagas.
Na lista também se destacam os municípios de Nova Serrana (4.850), Montes Claros (4.849), Nova Lima (4.697), Ipatinga (4.118), Betim (3.833), Extrema (3.407), Paracatu (3.258) e Divinópolis (3.083).

Dentre as atividades econômicas que mais geraram empregos nos primeiros 11 meses de 2022, o setor de serviços liderou o ranking com um saldo de 128.888 vagas. A indústria ficou em segundo lugar, com a criação de 38.943 postos de trabalho, seguida por comércio (26.182), construção civil (17.382) e agropecuária (12.137).
De acordo com o economista e doutor em relações internacionais, Igor Lucena, a geração de empregos em 2022 foi positiva em função do crescimento econômico interno e demanda mundial aquecida por alguns produtos que o Brasil e Minas Gerais exportam, como os minérios e alimentos.
“Não há dúvidas que o crescimento econômico do Brasil , que deve ficar por volta de 3% – a gente vai ter os números mais específicos nos próximos dias – foi muito significativo e positivo. Isso impulsionou a retomada do emprego no pós pandemia e também foi puxado pelos preços das commodities pela guerra na Ucrânia. A gente teve fatores extraordinários que, de fato, fizeram com que se tivesse uma alta empregabilidade, principalmente, na parte de minérios, exportação de minérios e derivados, como ferro e aço, e também na área do agronegócio que foi muito impulsionado com a crise, com a guerra na Ucrânia e aumento de preços do alimentos, já que vários gêneros alimentícios ficaram fora do mercado por causa de falta de transporte”.
Já para 2023, as estimativas, segundo Lucena, são pessimistas. Além de uma perspectivas de crescimento interno menor, com a economia avançando apenas 0,5% com previsões de revisão para baixo, a recessão mundial deve impactar na demanda por itens aqui produzidos, o que vai gerar menos empregos.
“Em 2023, já estamos vendo que haverá uma contração econômica. Nos últimos quarenta anos não assistimos ao que vamos ver agora, que é uma contração da economia dos Estados Unidos, na União Europeia e na China ao mesmo tempo. Provavelmente, os EUA entrarão em algum período de recessão, a China em desaceleração e alguns países da Europa em recessão, como por exemplo, o Reino Unidos e Alemanha. Quando estes fatores ocorrem se tem uma demanda muito menor no cenário externo por produtos que o Brasil exporta, fazendo com que o PIB caia”.
Mesmo com a estimativa pessimista, Lucena acredita que não haverá um aumento do desemprego ao longo de 2023, mas sim uma geração menor de vagas.
“Não devemos ter aumento do desemprego, mas vamos assistir uma geração de novos empregos muito menor”.
Para reverter a situação e favorecer os empregos seria necessária a aprovação de reformas estruturantes em nível nacional.
“A economia terá uma solicitação externa menor. O Brasil, por estar passando por um governo de transição, pode ver um crescimento econômico e melhorar a situação, mas para que isso ocorra teremos que ter reformas, como a tributária e da máquina pública. Sem elas não terá impulsos para gerar empregos em 2023. Isso dependerá de ações do governo interno. A “previsões” não são otimistas, poderiam ser piores por estarmos falando de recessão, mas não é o caso. Estamos assistindo a um período de crescimento bem mais fraco, o que vai impactar em menos empregos em 2023”, explicou.
O coordenador do curso de Ciências Econômicas da Universidade Cruzeiro do Sul, Nelson Calsavara Garcia Junior, também espera uma menor geração de empregos em 2023.
“Os dados mais recentes do Banco Central têm apontado um pequeno crescimento do Produto Interno Bruto (PIB), para o próximo ano, de 0,70%. Sem um crescimento significativo para o PIB, isso pode acarretar uma perspectiva ruim para o desemprego, e mesmo para as novas vagas, que têm oferecido condições de remuneração inferiores, se comparado aos outros anos”.
IAEmprego no País perde ritmo
O Indicador Antecedente de Emprego do Brasil subiu em dezembro, mas encerrou 2022 com viés negativo diante das expectativas de desaceleração da economia, de acordo com os dados divulgados ontem pela Fundação Getulio Vargas (FGV).
O IAEmp, que antecipa os rumores do mercado de trabalho no Brasil, subiu 1,6 ponto em dezembro e foi a 74,7 pontos, após dois meses seguidos de queda. No entanto, segundo a GV, o indicador termina o ano com saldo negativo de 7,1 pontos. “O IAEmp voltou a subir em dezembro, mas é preciso cautela para interpretar esse resultado. A alta de dezembro compensa apenas cerca de 15% do que foi perdido nos meses anteriores e o ano encerra com viés negativo com o resultado do último trimestre”, afirmou, em nota, Rodolpho Tobler, economista da FGV Ibre.
Segundo ele, o patamar baixo do indicador parece refletir o cenário macroeconômico negativo e desafiador para o ano de 2023. “Com a expectativa de uma desaceleração da economia, o mercado de trabalho tende a reagir de maneira negativa e pouco voltará, no curto prazo, à trajetória ascendente que teve em parte do ano de 2022”, completou Tobler.
Os componentes do IAEmp mostram que em dezembro as principais contribuições positivas vieram dos indicadores que medem a Situação Atual e Tendência dos Negócios, ambos na indústria, além do índice que avalia o Emprego nos próximos meses do consumidor. (Reuters)
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