Economia

MG vende últimas ações da Helibras

Estado ainda detinha 15,51% do capital da empresa, que passou para a já majoritária Airbus
MG vende últimas ações da Helibras
Fabricante de helicópteros foi fundada em 1978 na cidade de Itajubá, no Sul do Estado | Crédito: Renato Olivas

A participação do governo de Minas Gerais na Helicópteros do Brasil S.A (Helibras), única fabricante de helicópteros para o uso civil e militar da América Latina, instalada em Itajubá (Sul do Estado), chegou ao fim. Os 15,51% que o Executivo mineiro ainda detinha do capital social do negócio, via Companhia de Desenvolvimento de Minas Gerais (Codemge), foram vendidos por R$ 95 milhões para a Airbus Helicopters – acionista controladora da empresa.

A alienação das ações da Helibras faz parte das iniciativas do Programa de Gestão de Portfólio da Codemge, que reavalia a carteira de ativos da companhia, visando maior eficiência, economicidade e retorno para Minas Gerais.

A negociação, no entanto, não deverá impactar as operações da companhia no Estado. O próprio presidente da Airbus, Gilberto Peralta, afirmou que a Helibras tem um compromisso com Minas Gerais.

“Não sairemos do Estado. Itajubá tem uma grande contribuição nos negócios, como a formação de mão de obra especializada, segurança e na formação do Arranjo Produtivo Local de Asas Rotativas e de Defesa”, disse.

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O governador Romeu Zema (Novo) também garantiu que mesmo com a saída do negócio, o governo de Minas continuará parceiro da empresa. “A Helibras é uma empresa que trabalha com um alto nível de tecnologia e entrega um produto de elevado valor agregado. Daí, a importância para o desenvolvimento econômico do Estado”, ressaltou durante a solenidade de assinatura do livro de ações.

O diretor-presidente da Codemge, Thiago Toscano, complementou que a alienação já vinha sendo estudada desde 2020, mas que o contrato impunha restrições que dificultaram o processo. Até que, há cerca de cinco meses, o governo recebeu a proposta da própria Airbus. 

“Entendemos que não é papel do governo ser fabricante de helicópteros e a performance do ativo se mostrou, majoritariamente, negativa ao longo dos anos. A empresa realizou a distribuição de proventos apenas em 2016 e 2019, totalizando o montante de, aproximadamente, R$ 2,8 milhões, apesar de possuir valores consideráveis em caixa”, revelou.

Empresa produz helicópteros em Minas Gerais desde 1978

A empresa foi fundada em 1978 pelo vice-presidente da República, o mineiro Aureliano Chaves. A participação da Codemge na Helibras teve início em 2015, quando a estatal mineira investiu R$ 42,5 milhões na operação.

Neste sentido, Toscano ressaltou que o valor proposto pela Airbus está 30% acima do cenário base projetado no valuation realizado pelo advisor financeiro da Codemge e que foi realizada uma fairness opinion, que atestou que a alienação do ativo é justa sob a perspectiva econômico-financeira.

Sobre a permanência das operações da Helibras em Minas Gerais, Toscano também citou fatores que são determinantes para a decisão. Entre eles, o custo de produção na cidade do Sul de Minas e a presença de um Arranjo Produtivo Local (APL) de asas rotativas.

“Além disso, quase todos os engenheiros que atuam na empresa são formados pela Unifei, uma transferência das operações acarretaria na mudança de centenas de profissionais e seus familiares da cidade. E o principal ponto, que supera todos os anteriores: a empresa hoje possui contratos com governo federal e uma mudança de fábrica e paralisação de operações inviabilizariam a entrega dos helicópteros”, completou.

Em nota conjunta, Airbus e Helibras disseram apenas que com a transação, a Airbus Helicopters permanece como acionista controladora da sua subsidiária brasileira, com 99.96% de participação.

IAS deverá ser próximo ativo vendido

A desestatização é defendida por Romeu Zema (Novo) desde a campanha para a eleição ao governo do Estado de 2018. A Companhia Brasileira de Lítio (CBL) é única empresa brasileira produtora de carbonato e hidróxido de lítio e conta com uma unidade de mineração em Araçuaí (Vale do Jequitinhonha) e uma planta de processamento químico em Divisa Alegre (Norte de Minas), além de um escritório em São Paulo. A participação do Executivo mineiro no ativo, por meio da Companhia de Desenvolvimento de Minas Gerais (Codemge), foi arrematada pela própria CBL – que exerceu seu direito de preferência na compra das ações.

Conforme o diretor-presidente da Codemge, os esforços da companhia para se desfazer de ativos que já não têm muito mais a oferecer a Minas Gerais permanecem. E a próxima da lista deverá ser a Indústria de Aviação e Serviços S.A. (IAS), na RMBH, especializada em manutenção, reparo e inspeção (MRO) de motores e outros componentes aeronáuticos para a aviação civil e militar. Segundo ele, a participação da Codemge é de 15%.

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