Gargalos logísticos e falta de armazenagem travam competitividade de Minas Gerais
Embora alguns projetos já concluídos ou em andamento tragam pontos de esperança para que o cenário mude adiante, Minas Gerais enfrenta graves problemas relacionados à armazenagem e de logística para o escoamento de mercadorias. Esses gargalos não surgiram agora e, de acordo com especialistas, cresceram no decorrer dos últimos anos.
Conforme a coordenadora da Comissão de Jovens Empresários e Executivos do Setor de Transporte e Logística (Comjovem) do núcleo de Belo Horizonte e Região do Sindicato das Empresas de Transportes de Cargas e Logística de Minas Gerais (Setcemg), Ana Paula de Souza, à medida que o consumo e a demanda aumentaram, a situação se agravou.
“A nossa demanda era diferente antes. Hoje, precisamos de velocidade, porque os consumidores querem os produtos com maior rapidez”, ressalta. “Antigamente, quando uma mercadoria era importada, até ser nacionalizada levava dois meses. Hoje, em uma semana já está no Brasil”, salienta, reiterando que é necessário que os gargalos sejam corrigidos.
A título de exemplo da gravidade dos problemas, um diagnóstico logístico da Infra S.A aponta que Minas Gerais possui um déficit mensal de armazenagem de grãos que varia de 2,3 milhões de toneladas até 2,9 milhões de toneladas, segundo a coordenadora. Ela ressalta que o Estado é o único da região Sudeste que apresenta resultado negativo e que esse número é ainda maior se contabilizar a insuficiência relativa a outros produtos.

Para o diretor comercial e de Marketing da Tópico, empresa que fabrica, aluga e vende galpões de lona e aço destinados à armazenagem e coberturas, Sergio Gallucci, os gargalos históricos decorrem da falta de planejamento, de visão de longo prazo e de um plano nacional focado em infraestrutura de armazenamento. Outro fator citado por ele são as elevadas taxas de juros do País, que desestimulam investimentos nesses empreendimentos.
“Quando falamos em logística e não falamos de armazenagem, estamos abrindo mão de um de uma etapa super importante na cadeia e colocando muita pressão sobre os transportadores, que também estão saturados em capacidade operacional”, pondera.
Concessões, terminais e galpões flexíveis estão entre as soluções para os problemas
Ana Paula Souza, que também é gestora de Operações da AD Souza Transportes e Logística, analisa que os gargalos de armazenagem e logística não serão resolvidos no curto prazo. Ela destaca que é preciso que os investimentos na malha rodoviária aconteçam, assim como em novos terminais logísticos para o agronegócio e demais setores.
Ainda que os problemas não sejam sanados agora, a coordenadora do Comjovem reflete que o caminho correto para resolvê-los está sendo seguido. Isso porque as concessões devem gerar melhorias nas rodovias de Minas Gerais, mesmo que no longo prazo. Além disso, tende a ajudar nesse processo, o Centro de Distribuição Avante (CDA), terminal voltado para o escoamento de minério, inaugurado em agosto, em Congonhas, na região Central de Minas Gerais.
“Uma vez que há esse déficit de armazenagem significa que temos que colocar mais caminhões para rodar, gerando mais desgaste às rodovias. E quanto mais veículos, maior o custo do frete”, diz. “Com o CDA, começamos a ter uma oportunidade de melhora”, avalia.
Gallucci, por sua vez, sublinha como uma das soluções para os gargalos a criação de galpões modulares, que surgiram como uma resposta temporária, mas vêm se tornando uma solução definitiva. Segundo ele, as estruturas flexíveis atendem a diferentes setores, possuem montagem rápida, têm baixo custo de implantação em relação aos armazéns convencionais e os clientes podem alugá-las, abrindo espaço para investir em outros ativos.
“O nosso produto é muito versátil. Transitamos desde o agronegócio até a mineração, siderurgia e indústria. A aplicação é muito ampla”, afirma, citando que a Tópico tem projetos relevantes em Minas Gerais destinados, por exemplo, a fertilizantes, e destacando, sem dar detalhes, que a empresa está desenvolvendo outros dois grandes projetos no Estado.
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