Minas Gerais não gere preços de commodities
A dependência do comércio exterior de Minas Gerais das exportações de commodities, especialmente, do minério de ferro e café, retira do Estado o controle sobre os preços desses produtos, que depende da precifi cação no ambiente internacional. Ao mesmo tempo, ao exportar produtos básicos, Minas exporta empregos de qualidade para países que têm essas cadeias produtivas mais verticalizadas. A avaliação é do presidente da Associação de Comércio Exterior do Brasil (AEB), José Augusto de Castro. “Exportar commodities não agrega nada e se transfere emprego qualifi cado para o exterior. É bom (exportar commodities), porque gera divisas, mas não se tem controle sobre essas divisas. Se o preço do produto cair no mercado mundial, o Brasil e Minas se prejudicam. Se o preço subir, é benéfico. Com os produtos manufaturados é o contrário. No manufaturado, a iniciativa parte do exportador e, nas commodities, do importador”, explicou. Prova disso é que, com base nos dados do Ministério da Indústria, Comércio Exterior e Serviços (Mdic), na primeira metade deste ano, o comércio exterior de Minas Gerais fi cou marcado pela queda das exportações (-12,3%) e pelo aumento das importações (19,2%), na comparação com os mesmos meses de 2017. As exportações caíram devido, principalmente, às menores remessas de minério de ferro e café ao exterior, os principais produtos da pauta de exportações do Estado, com participação de 38,2%, juntos. Já as importações foram alavancadas pela entrada de modelos de automóveis da Fiat Chrysler Automobiles (FCA), que são fabricados da Argentina. As vendas externas de minério de ferro na primeira metade deste ano, por exemplo, totalizaram US$ 3,031 bilhões contra US$ 4,779 bilhões no mesmo intervalo de 2017, recuo de 36,5%. O Estado embarcou praticamente 27 milhões de toneladas a menos em 2018. Ainda assim, o minério se manteve como o principal produto da pauta de exportações, com participação de 26,2%. No caso das exportações de café também houve quedas em volume e receita. O Estado embarcou 10,4% a menos em quantidade no acumulado até junho em relação aos mesmos meses de 2017. As remessas do grão ao mercado externo renderam US$ 1,377 bilhão ante US$ 1,688 bilhão, queda de 18,4%, em igual comparação. Leia também Petróleo e soja vão definir superávit no País Brasil deve exportar US$ 224 bilhões Produtos básicos – As exportações estaduais somaram US$ 11,531 bilhões no primeiro semestre. Desse total, R$ 6,247 bilhões ou 54,1% foram gerados a partir do embarque de produtos básicos, enquanto as remessas de produtos manufaturados somaram R$ 2,416 bilhões, ou apenas 20,9%. “É claro que o ideal seria exportar produtos manufaturados, afinal, países desenvolvidos exportam manufaturados. Quando identifi camos que exportamos commodities, a melhor alternativa seria fazer o beneficiamento desses produtos aqui. Mas, do jeito que o Brasil e Minas fazem, estamos exportando matéria-prima pura, que será benefi ciada no exterior, onde serão gerados os empregos qualifi cados”, argumentou.
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