Economia

Minas Gerais perde fábrica de células de baterias da Bravo Motor Company para a Bahia

Projeto traria aportes da ordem de R$ 25 bilhões para Nova Lima, mas agora será desenvolvido no município de São Sebastião do Passé
Atualizado em 5 de julho de 2024 • 17:26
Minas Gerais perde fábrica de células de baterias da Bravo Motor Company para a Bahia
Crédito: Divulgação/Bravo Motor Company

O complexo industrial da Bravo Motor Company, fabricante de células de baterias de lítio, packs para veículos leves, sistemas de armazenamento de energia e automóveis elétricos para mobilidade pública, como ônibus, táxis e vans, não será mais instalado em Minas Gerais. O projeto será desenvolvido no município de São Sebastião do Passé, na Bahia. 

Nesta sexta-feira (5), a companhia assinou um protocolo de intenções com o governo baiano e a prefeitura local. O documento, que visa facilitar, apoiar e promover a construção da “gigafábrica” na cidade, inclui a doação de um terreno de 400 mil metros quadrados, localizado às margens da BR-324, a 50 quilômetros de Salvador, e com conexões para outras rodovias federais e portos.

O acordo põe fim à possibilidade de instalação do “Colossus Cluster” em território mineiro. Em 2021, o parque fabril foi anunciado para Nova Lima, na Região Metropolitana de Belo Horizonte (RMBH). À época, o início das operações do empreendimento, cujo aporte seria de R$ 25 bilhões em cerca de nove anos, com mais de 13 mil empregos gerados, era previsto para o ano de 2023. 

Minas Gerais baterias Bahia
Foto: Minas Gerais baterias BahiaFoto: Divulgação Bravo Motor Company

A unidade, porém, nunca saiu do papel e, em certo momento, a empresa chegou a demonstrar descontentamento com o governo de Minas Gerais por falta de incentivos financeiros e institucionais. O Executivo estadual, por sua vez, alegava que tudo o que estava ao seu alcance para tornar o auspicioso projeto realidade vinha sendo feito. Recentemente, o CEO da Bravo, Eduardo Javier Muñoz, também já havia sinalizado a ida da fábrica para outra unidade federativa.

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Entenda por que a Bravo optou por se instalar na Bahia e não em Minas Gerais

Em entrevista ao Diário do Comércio, o executivo afirma que há uma diferença de atitude e posicionamento entre os estados mineiro e baiano em relação às políticas econômicas e financeiras. “Nossa proposta de negócio encontrou maior apoio e convergência na Bahia, onde as diretrizes em relação à eletromobilidade e ao hidrogênio são claras, segmentadas e específicas. Essa clareza é fundamental para o desenvolvimento e o avanço da indústria nesse setor”, disse.

Ainda segundo ele, existem elementos adicionais que favorecem a implantação do complexo em São Sebastião do Passé, como a construção da fábrica de veículos elétricos e híbridos da BYD na Região Metropolitana de Salvador. Além disso, conforme o CEO, a situação fiscal favorável da Bahia faz com que o estado estivesse bem posicionado, enquanto Minas Gerais enfrenta desafios.

Adicionalmente, ele destaca o apoio do governo baiano e do município onde o empreendimento será construído, incluindo o auxílio para que financiamentos fossem acessados, e a celeridade nos processos para o desenvolvimento do projeto. “Estamos recebendo 40 hectares de terra agora, com mais 60 hectares na sequência, e tudo mais que precisamos para uma expansão”, afirmou.

Futuras oportunidades 

De acordo com Munõz, o período em Minas Gerais foi crucial para o aprimoramento do entendimento da companhia sobre o mercado brasileiro e latino-americano. O gestor destaca que, no Estado, a Bravo iniciou uma pesquisa inovadora para melhorar sua tecnologia de baterias de próxima geração e encontrou oportunidades de negócios que antes não tinham sido consideradas. 

O executivo acredita que Minas Gerais possa ser um complemento estratégico para o crescimento da fabricante. Ele espera poder estabelecer, no futuro, novas oportunidades da empresa no Estado.

Projeto na Bahia será faseado e receberá R$ 600 milhões na 1ª etapa

A instalação da fábrica de células de baterias de lítio e sistemas de armazenamento de energia da Bravo na Bahia será faseada, conforme Muñoz. A primeira etapa terá um investimento de R$ 600 milhões, com financiamento de bancos de desenvolvimento e complemento de investidores privados. Neste primeiro momento, serão criados aproximadamente 450 empregos na região.

“Esperamos poder iniciar as obras até o final do ano ou início do próximo. A obra será executada em várias etapas e deve alcançar cerca de 30 mil metros quadrados na primeira fase. A gente espera começar a produzir baterias em 18 meses”, revelou o CEO ao Diário do Comércio.

“Temos investidores locais interessados e uma construtora se posicionando para construir a planta na modalidade built to suilt (BTS), o que alivia bastante a pressão na captação de recursos ao projeto e deixa os bancos mais confortáveis para financiar, assim como os investidores”, disse.

Minas Gerais baterias Bahia
Foto: Divulgação Bravo Motor Company

Quando entrar em operação, a capacidade produtiva da planta será de 1 gigawatt-hora (GWh) por ano, número que, segundo o executivo, será duplicado no exercício seguinte para alcançar 5 GWh em três ou quatro anos, acompanhando o ritmo de adoção da tecnologia no Brasil. Ele diz que se for mantido o atual crescimento das vendas de veículos elétricos, a curva tende a ser acelerada. Conforme o executivo, a expectativa é fazer mais três aportes de R$ 600 milhões nesse período.

Assim que a fábrica de baterias estiver funcional, daqui a dois anos, será construído pela Bravo a unidade de fabricação de veículos elétricos para mobilidade. O segmento é uma das apostas da companhia que acredita em um aumento exponencial da demanda. Prometendo ser um ímã para outras fabricantes, o parque industrial também deverá receber instalações de mais duas indústrias de materiais críticos – as empresas já se comprometeram a desenvolver os empreendimentos.

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