Economia

Morro do Ipê investirá R$ 200 mi na descaracterização de barragens

Expectativa da empresa é que até o final de 2029 os trabalhos sejam finalizados; desde 2018, essas estruturas não são mais usadas nas operações
Morro do Ipê investirá R$ 200 mi na descaracterização de barragens
As obras da primeira barragem, a B2 Tico-Tico, devem ser finalizadas em dois anos | Crédito: Divulgação Mineração Morro do Ipê

A Mineração Morro do Ipê vai investir R$ 200 milhões no programa de descaracterização de barragens do complexo minerário localizado entre os municípios de Brumadinho, São Joaquim de Bicas e Igarapé, na região de Serra Azul. As três estruturas de deposição de rejeitos do empreendimento se encontram desativadas e estáveis.  

“Nossa expectativa é de que até o final de 2029, todas as barragens estejam completamente descaracterizadas”, destaca o diretor de assuntos corporativos e sustentabilidade da mineradora, Cristiano Parreiras, em entrevista exclusiva ao Diário do Comércio.

Conforme o dirigente, a mineradora já iniciou a descaracterização da primeira barragem, a B2 Tico-Tico, cujas obras estão previstas para serem finalizadas em dois anos. Para dar o start nas intervenções das outras estruturas, a B1 Ipê e B1 Auxiliar, a empresa ainda precisa receber licenças, logo, a previsão é que comecem entre o final deste ano e o início de 2026.

Desde 2018, a Morro do Ipê não utiliza mais barragens nas operações. O complexo minerário possui duas instalações de filtragem, que separam o material líquido do sólido, possibilitando que o rejeito seco seja enviado para pilhas de estéril e a água retorne ao processo industrial por recirculação, o que dispensa a necessidade de ter as estruturas.

Atualmente, o índice de reaproveitamento de água do empreendimento é superior a 85%, segundo Parreiras. Quanto aos rejeitos, de acordo com o diretor de sustentabilidade, a empresa já chegou a utilizá-los para fabricar blocos, com os quais pavimentou áreas internas, e segue desenvolvendo novas aplicações para destinar os materiais.

Mineradora espera ampliar a produção neste ano

Fruto de um investimento de R$ 1,3 bilhão, a Mineração Morro do Ipê inaugurou, no final de 2023, a mina Tico-Tico. A instalação é capaz de produzir até seis milhões de toneladas de minério de ferro por ano e a perspectiva da empresa é de que esse nível seja atingido já em 2025. Em rump-up, a operação produziu cerca de quatro milhões de toneladas em 2024.

A princípio, a intenção da mineradora era de que a Tico-Tico triplicasse sua produção anual, no entanto, por questões estratégicas, a mina Ipê, a primeira planta do complexo na Serra Azul, com potencial de produzir aproximadamente três milhões de toneladas por ano, foi paralisada. Parreiras ressalta que a decisão ainda poderá ser reconsiderada futuramente.

Um dos pontos considerados na suspensão das atividades da Ipê foram os preços do minério de ferro. Na operação, era produzido sinter feed, minério que tem 60% de ferro e é mais suscetível às oscilações, enquanto na mina Tico-Tico, o produto final é o pellet feed, um minério com 65% de teor, mais valioso e menos vulnerável às variações na cotação. Dessa forma, a mineradora optou por continuar produzindo apenas o de maior valor agregado.

Diretor de Assuntos Corporativos e Sustentabilidade na Mineração Morro do Ipê, Cristiano Parreiras, posa para foto
Diretor de assuntos corporativos e sustentabilidade na Mineração Morro do Ipê, Cristiano Parreiras | Crédito: Diário do Comércio/Isa Cunha

O diretor afirma que, no ano passado, ocorreu uma forte queda no valor da commodity mineral e um aumento de penalidades aplicadas a produtos de baixo teor de ferro e teores mais altos de contaminantes, o que fez com que parte da produção do mercado deixasse de ser viável economicamente. Assim sendo, as mineradoras trabalharam para produzirem minério de ferro premium e conseguirem atender a rota da descarbonização da siderurgia.

A mina Tico-Tico foi projetada para operar por dez anos, mas, conforme Parreiras, a Morro do Ipê está desenvolvendo projetos para estender a vida útil por pelo menos mais vinte anos. A ampliação, segundo ele, seria feita com o reaproveitamento do minério compacto.

Correções solicitadas por Feam foram realizadas

Em janeiro, a Fundação Estadual de Meio Ambiente (Feam) suspendeu temporariamente os trabalhos da Mineração Morro do Ipê para adequações ao sistema de contenção de sedimentos do empreendimento na Serra Azul. De acordo com o diretor de sustentabilidade, as correções foram realizadas e as atividades retomadas no mesmo mês.

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