Economia

Nexa anuncia venda de unidade em Paracatu para a Casaverde

A aquisição inclui os ativos, superfície, direitos minerários, equipamentos e estoques do conjunto em Paracatu
Atualizado em 6 de abril de 2024 • 00:24
Nexa anuncia venda de unidade em Paracatu para a Casaverde
Em Paracatu, já havia sido anunciada redução na lavra e beneficiamento de zinco e chumbo | Crédito: Divulgação / Nexa Resources

A Nexa Resources formalizou, na sexta-feira (5), a venda da unidade Morro Agudo e da mina Ambrósia Norte e Sul, localizadas no município de Paracatu, no Noroeste de Minas, para a Casaverde Holding Ltda. O valor do negócio foi de US$ 16 milhões, cerca de R$ 80 milhões na cotação do dia e a companhia espera que o fechamento da transação ocorra entre o segundo e o terceiro trimestre de 2024.

O projeto Bonsucesso não está incluído no negócio e permanecerá no portfólio de projetos que serão executados do zero pela companhia. A Casaverde pretende converter Morro Agudo em um complexo de produção de calcário. A mina de Ambrósia atingiu o fim da sua vida útil durante o quarto trimestre de 2020 e as operações foram suspensas desde então.

De acordo com a Nexa Resources, a transação está em linha com a estratégia da companhia de otimizar portfólio e buscar eficiência operacional de forma contínua, por meio da alocação disciplinada de capital. A aquisição pela Casaverde Holding Ltda. inclui todos os ativos, superfície, direitos minerários, equipamentos e estoques do conjunto adquirido.

A Casaverde será responsável pela execução do futuro fechamento da mina, incluindo o descomissionamento de todas as instalações de armazenamento de rejeitos e um plano de remediação, em caso de necessidade.

“A venda do nosso Complexo Morro Agudo é mais um passo em nossa jornada para maximizar continuamente o valor. E a otimização do portfólio é parte central da nossa estratégia para melhorar a geração de fluxo de caixa e retornos. Esse foco nos permite concentrar esforços em nossos negócios e em minas mais atraentes, bem como fortalecer nossa estrutura de capital”, disse o CEO da Nexa Resources, Ignacio Rosado, em nota.

Em 2023, a mina Morro Agudo produziu 23 quilotoneladas de zinco e 8,3 quilotoneladas de chumbo a um custo caixa sustentável líquido de subprodutos de US$ 0,87/lb. A mina não possui atualmente nenhuma reserva mineral estimada. A produção do Complexo Morro Agudo responde por aproximadamente 5% da produção de zinco e 6% de chumbo da Nexa.

A empresa alegou que fatores como a proximidade do final da vida útil da mina, baixa escala e alto custo operacional da unidade, além da queda do preço do minério de zinco no mercado internacional acentuada nos últimos anos, foram determinantes para a diminuição das atividades na mina.

A holding Casaverde, que comprou a unidade da Nexa em Paracatu, compõe um grupo de empresas brasileiras que atuam no setor de mineração há mais de 50 anos, com operações em oito estados do Brasil. O grupo Mineralis é focado no setor agrícola através da mineração e da produção de insumos agrícolas. A Casaverde pretende fortalecer a produção nacional, aumentando a produtividade por hectare e apoiando os agricultores e os seus laços com a terra, as culturas e a pecuária.

Empregos da Nexa em Paracatu

Em nota a Nexa informou que está empenhada em realizar uma transição estruturada para a compradora, com os menores impactos ao negócio e, principalmente, às pessoas. A unidade de Morro Agudo conta cerca de 700 colaboradores próprios e terceirizados permanentes. Até o momento, mais de 160 colaboradores foram inscritos em feiras de emprego, com a realização de 140 entrevistas, como proposta de realocação. Estima-se que apenas cerca de 90 colaboradores serão transferidos para outras unidades da Nexa.

O presidente do Sindicato dos Trabalhadores nas Indústrias Extrativas de Paracatu e Vazante (Sindiextra), Rogério Ulhoa, retornou em Brasília na última quinta-feira (4), para se reunir com o secretário de Geologia, Mineração e Transformação Mineral (SGM), do Ministério de Minas e Energia (MME), Vitor Eduardo de Almeida Saback, e com o Secretário de Desenvolvimento Industrial, Inovação, Comércio e Serviços (Sdic), Uallace Moreira, do Ministério de Desenvolvimento Industrial, Inovação, Comércio e Serviços (Mdic) para tratar do possível fechamento da Nexa, em Paracatu, ampliando a discussão junto ao governo federal.

“Estivemos reunidos em Brasília e pedimos para o governo federal participar ativamente das negociações. Eles ficaram de convidar o CEO da Nexa Resources, Ignacio Rosado, para tentar amenizar as demissões em massa da empresa, mas essa notícia da venda do complexo nos pegou de surpresa”, explicou.

Com a venda da unidade Morro Agudo da Nexa, em Paracatu, o dirigente afirma que o momento é uma incógnita tanto para ele quanto para os trabalhadores. “Agora vamos avaliar a situação e ver o que conseguiremos fazer em prol desses trabalhadores, uma vez que as demissões vão trazer impactos econômicos e sociais para Paracatu e toda a região. Entretanto, com a venda dos ativos da Nexa o cenário ficou um pouco mais complicado para uma possível reversão das demissões em massa”, avaliou Ulhoa.

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