Ouro Preto aposta em tecnologia para diversificar a economia

Berço da corrida do ouro no Brasil e Patrimônio Cultural da Humanidade, Ouro Preto, na região Central de Minas Gerais, segue empenhada em diversificar a economia para reduzir a dependência da mineração. Como parte desses esforços, a cidade investe em um ecossistema de iniciativas, com forte protagonismo da tecnologia.
Hoje, os serviços de base tecnológica já representam a segunda maior fonte de arrecadação municipal, atrás apenas das atividades de mineração e construção, que continuam interligadas. Com o plano de diversificação, meta é reduzir de 60% para 40% a participação de mineradoras nos impostos municipais, enquanto a arrecadação com tecnologia deve ampliar de 15% para 25% no mesmo período.
Uma das iniciativas que contribuem para esse novo foco é o Plano de Apoio à Diversificação Econômica de Ouro Preto (Pade), iniciado há 5 anos. O projeto foi uma das medidas compensatórias da mineradora Samarco após o rompimento da barragem de Fundão, em Mariana, e busca fortalecer a economia local por meio do incentivo ao empreendedorismo, à inovação e à geração de novos negócios.
De acordo com o secretário de Desenvolvimento Econômico, Inovação e Tecnologia de Ouro Preto, Felipe Guerra, as iniciativas são articuladas a partir do entendimento da cidade como centro histórico, cercado por áreas tombadas. “Dentro dessa área, tínhamos dificuldade para abertura de empresas e precisávamos salvaguardar o passado. Conciliar o histórico ao futuro é um desafio, mas conseguimos superar as dificuldades a partir da governança”, destaca.
O plano opera em articulação conjunta nos seguintes eixos: negócios sustentáveis, turismo, economia criativa, agropecuária, empreendedorismo, tecnologia e inovação. Logo nos primeiros anos de implementação, a iniciativa resultou na captação de investimentos privados robustos, como o Hotel Vila Galé e a GSA Alimentos, que juntos corresponderam por cerca de R$ 200 milhões em investimentos e 550 empregos diretos.
Para 2025, Guerra pontua que a estratégia de diversificação econômica de Ouro Preto está focada em setores que unem inovação, identidade cultural e sustentabilidade. A proposta é fortalecer negócios locais, desenvolvendo marcas e melhorando sistemas, como o Hub de Inovação e Tecnologia Francisca Mina.
“Essas frentes buscam consolidar uma economia mais diversificada, inclusiva e sustentável, que aproveita os potenciais de Ouro Preto sem depender exclusivamente da mineração”, reforça o secretário.
A cidade também se prepara para ganhar um parque tecnológico apoiado pela Fundação Gorceix, uma das principais instituições de apoio ao desenvolvimento de tecnologia dos setores mineral e metalúrgico. Segundo Guerra, o empreendimento receberá aportes iniciais de R$ 50 milhões e já possui 16 cartas de intenção de empresas multinacionais para se instalarem no município.
“Isso mostra que a área de inovação e tecnologia vem ocupando espaço, incluindo na mineração, para torná-la mais segura e sustentável”, comenta.
Iniciativas devem ser ancoradas na mineração e siderurgia
O analista do Sebrae Minas, Aristides Araujo, salienta que Ouro Preto busca diversificar a economia, equilibrando com o desenvolvimento da mineração, dada a forte representatividade do setor no Produto Interno Bruto (PIB) municipal. “Existe um entendimento comum na região sobre a necessidade de diversificação na economia, ancoradas na mineração e siderurgia.
Além da sede Ouro Preto, as medidas buscam impactar todos os 12 distritos municipais, seguindo as potencialidades de cada território. Antes do Pade, o analista destaca que as medidas eram implementadas sob um único olhar, e agora a cidade conta com política pública participativa, valorizando projetos, como parcerias com universidades e fomento à incubadoras de startups.
Além de Ouro Preto, Mariana e demais cidades nas mesorregiões Inconfidentes e Paraopeba contam com iniciativas semelhantes, que geram oportunidades locais. “É um projeto que foi construído com participação do Sebrae e pensado para que os municípios articulem para uma construção conjunta para diversificação das regionais”, conclui.
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