Novo teto do Sistema Financeiro de Habitação pode facilitar compra de imóveis de R$ 2 milhões em BH

Belo Horizonte conta com pelo menos 11 ruas com imóveis residenciais na faixa dos R$ 2 milhões, valor que coincide com o novo teto proposto para o Sistema Financeiro da Habitação (SFH), programa que oferece condições facilitadas de financiamento com uso do FGTS e taxas de juros reduzidas. As vias de BH apresentaram tíquete médio entre R$ 1,8 milhão e R$ 2,2 milhões, justamente a faixa que será contemplada com a nova política de crédito imobiliário do governo federal.
O dado é de um estudo realizado pela Loft, plataforma de compra e venda de imóveis, com base nas transações registradas entre janeiro e julho de 2025, a partir dos dados do Imposto de Transmissão de Bens Imóveis (ITBI) da Prefeitura de Belo Horizonte. A análise considerou apenas ruas com três ou mais vendas no período, garantindo consistência estatística.
De acordo com o gerente de dados da Loft, Fábio Takahashi, a mudança no teto do SFH deve impactar especialmente os bairros centrais e tradicionais da cidade.
“Em Belo Horizonte, o impacto do novo teto deve ser mais visível em áreas centrais e tradicionais, como Funcionários, Savassi e Santo Antônio. São regiões com alta liquidez e imóveis de padrão médio-alto, onde o financiamento ainda é essencial para concretizar a compra”, ressalta.
Essas regiões aparecem com destaque no levantamento, ao lado de bairros como Lourdes, Serra, Anchieta, Sion e Gutierrez, todos com imóveis com valores médios próximos ou acima de R$ 2 milhões.
Veja quais são as ruas em BH com maior tíquete médio:
- Rua Maranhão (Funcionários) – R$ 2.174.171
- Rua Ceará (Savassi) – R$ 2.159.857
- Rua São Domingos do Prata (Santo Antônio) – R$ 2.012.262
- Rua Elza Brandão Rodarte (Belvedere) – R$ 1.985.000
- Rua Tomaz Gonzaga (Lourdes) – R$ 1.975.476
- Rua Califórnia (Sion) – R$ 1.943.333
- Rua Pium I (Anchieta) – R$ 1.929.396
- Rua Bambuí (Serra) – R$ 1.914.592
- Rua Alvarenga Peixoto (Santo Agostinho) – R$ 1.902.200
- Rua Almirante Tamandaré (Gutierrez) – R$ 1.900.186
- Rua Turmalina (Prado) – R$ 1.818.750
Governo aumenta teto para casa própria
O governo federal irá anunciar, nesta sexta-feira (10), um novo modelo de crédito habitacional, com uma injeção de pelo menos R$ 20 bilhões em recursos para financiar a compra da casa própria. O anúncio prevê a liberação total do compulsório da poupança em dez anos e a liberação imediata de uma parcela de 5% dos recursos da poupança, hoje parada em depósitos compulsórios no Banco Central.
Além disso, o governo irá aumentar o valor máximo dos imóveis financiados por meio do Sistema Financeiro de Habitação (SFH), que permite o uso do Fundo de Garantia por Tempo de Serviço (FGTS) para a compra da casa própria. Desde 2018, o teto é de R$ 1,5 milhão e agora deve ser corrigido para um patamar próximo a R$ 2 milhões.
Valorização atinge diferentes perfis de bairros de BH
O estudo da Loft também revela uma valorização generalizada dos imóveis em Belo Horizonte, não restrita aos bairros nobres. Segundo Takahashi, o fenômeno é amplo e atinge desde áreas mais centrais até bairros em expansão como Belvedere e Buritis.
“Estamos vendo valorização em praticamente toda a cidade e em todos os perfis de bairros. Bairros mais centrais, com estrutura já consolidada, têm se valorizado, mas também bairros como Belvedere e Buritis mostram uma valorização forte. Mesmo regiões com tíquete médio mais baixo têm crescido. A cidade como um todo está em um crescimento muito forte”, afirma.
Uma das principais causas para a valorização dos imóveis, segundo o gerente da Loft, é o desequilíbrio entre oferta e demanda.
“O principal fator para a valorização dos imóveis em Belo Horizonte é a escassez de oferta. Apesar da percepção de muitas obras pela cidade, ainda é insuficiente. A demanda segue maior que a oferta, e os imóveis disponíveis tendem a manter preços altos. Esse é o principal motivo para o mercado estar tão aquecido e competitivo”, explica Takahashi.
Novo teto do SFH pode aquecer ainda mais o mercado
A revisão do teto do SFH de R$ 1,5 milhão para R$ 2 milhões deve ser anunciada oficialmente nesta sexta-feira (10), em evento do governo federal em São Paulo. Para Takahashi, a medida terá impacto direto na faixa de imóveis atualmente nessa zona de valor.
“O novo teto tende a aquecer ainda mais o mercado nessa faixa. Imóveis que estão próximos dos R$ 2 milhões podem se ajustar para se alinhar ao novo limite. Além disso, mais pessoas estarão aptas a comprar imóveis nessa faixa com condições de financiamento mais vantajosas”, analisa.
O especialista destaca também que o setor da construção civil pode se beneficiar da medida, com mais segurança para lançar empreendimentos voltados a esse público.
“O novo teto tende a ser um benefício para toda a cadeia. Para quem compra, há acesso a juros mais baixos; para quem vende, há um público maior interessado; e para incorporadoras, mais previsibilidade para lançar produtos com esse tíquete médio”, afirma.
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