Pagamento do 13º injetará R$ 21,4 bi em MG neste ano

O pagamento do 13º salário aos trabalhadores deve movimentar cerca de R$ 21,4 bilhões na economia mineira até o final do ano. A estimativa é do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese) com base em dados de mais de 9 milhões de pessoas que estão no mercado formal de trabalho ou recebem pensões ou aposentadorias, e que terão direito ao benefício.
Os valores podem representar até 2,8% do Produto Interno Bruto (PIB) do Estado, conforme apontou o estudo do Dieese. No ano passado, o montante previsto era de R$ 19,5 bilhões e eram considerados, para o cálculo, 8,6 milhões de beneficiários registrados nas bases de dados oficiais do País. Já em 2019, antes da ocorrência da pandemia da Covid-19, os valores projetados eram da ordem de R$ 19,3 bilhões, calculados também sobre 8,6 milhões de pessoas.
Ainda conforme o levantamento, em Minas Gerais a média de rendimentos estimada por pessoa é de R$ 2.104. Enquanto isso, a média nacional do valor pago àqueles que têm direito ao 13º salário ficou em R$ 2.539.
Essa discrepância em relação aos rendimentos médios de 13º salário é explicada, segundo o supervisor técnico do Dieese na regional de Minas Gerais, Fernando Duarte, pelas políticas de salários mínimos que alguns estados adotam para equilibrar pisos em determinadas ocupações.
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“A gente (em Minas Gerais) pratica salários notadamente abaixo da média. Não necessariamente estamos abaixo de todos os estados. Se você adota políticas de pisos regionais, por exemplo, você vai ter reflexos nas médias”, afirmou Duarte, lembrando que existe um movimento de fábricas e empresas que instalam seus negócios no Norte de Minas atraídas pelas práticas de salários mais baixos.
Relação Brasil e Minas Gerais
Em todo o Brasil, o Dieese estima que 83 milhões de empregados do mercado formal, entre celetistas ou estatutários, e aposentados do INSS e pensionistas irão receber o benefício, o que deve injetar na economia do País cerca de R$ 232,6 bilhões (2,7% do PIB nacional).
Vale ressaltar, ainda, que Minas Gerais contribui com 9,2% do total dos recursos que são projetados até o final do ano e que são procedentes do pagamento do décimo terceiro salário. O valor representa, ainda, 18,7% da região Sudeste do País.
13º salário: consumo ou alívio das contas?
Ainda de acordo com Fernando Duarte, algumas das tendências de utilização do dinheiro são o consumo ou o pagamento de dívidas. “A todo momento a gente observa que, se há uma dinâmica mais positiva, as pessoas, em uma situação favorável, irão destinar os valores para o consumo. Outras, vão fazer a reserva de final de ano, porque há uma alta concentração de impostos no início do ano. Mas com o cenário de crise, o recurso pode ir para a quitação de dívidas”, analisa Duarte.
Recentemente, a Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas (CNDL) e o Serviço de Proteção ao Crédito (SPC Brasil) divulgaram pesquisa mostrando que 34% dos respondentes afirmaram que irão poupar o dinheiro, enquanto 33% disseram que devem utilizar o recurso para comprar presentes de Natal.
Realizada em parceria com a Offer Wise Pesquisas, o levantamento mostrou também que 16% dos respondentes irão destinar o dinheiro ao pagamento de dívidas — foram ouvidas, on-line, 759 pessoas no mês de outubro para o levantamento. Até o final do mês, a Federação das Câmaras de Dirigentes Lojistas de Minas Gerais irá divulgar pesquisa com as expectativas de vendas dos comerciantes do Estado.
Detalhes da pesquisa em MG
Conforme dados da pesquisa, entre os mais de 9.070.199 de pessoas que devem receber o 13º salário, os empregados do mercado formal, celetistas ou estatutários, representam 59,9%, enquanto pensionistas e aposentados do INSS equivalem a 40,1%. No caso dos empregados domésticos com carteira assinada, o índice é de 2,2%.
O levantamento revelou ainda as proporções entre os valores que cada segmento deve receber, sendo que os empregados formalizados devem concentrar 65,6% (R$ 14,1 bilhões) do montante e os beneficiários do INSS, com 23,5% (R$ 5,0 bilhões), enquanto aos aposentados e pensionistas do Regime Próprio do Estado caberão 9,2% (R$ 1 bilhão e 973 milhões) e aos do Regime Próprio dos municípios, 1,7% (R$ 373 milhões).
As estimativas do Dieese são feitas de acordo com dados da Relação Anual de Informações Sociais (Rais) e do Novo Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Novo Caged), ambos do Ministério do Trabalho e Previdência. Além disso, o levantamento considera informações da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (Pnad), realizada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), da Previdência Social e da Secretaria do Tesouro Nacional (STN).
Por fim, é importante ressaltar que a pesquisa não considera trabalhadores do mercado informal, já que não há base de dados disponíveis para a análise.
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