Paralisação da Gerdau preocupa Prefeitura de Barão de Cocais

A decisão da Gerdau de suspender as operações da usina de Barão de Cocais, na região Central de Minas Gerais, surpreendeu a todos, incluindo a prefeitura local, que se mostrou preocupada com a interrupção das atividades. O prefeito Décio dos Santos (PSB) disse que a paralisação das operações da siderúrgica no local será um grande problema social para o município.
O chefe do Executivo municipal se reuniu com representantes da empresa gaúcha na última segunda-feira (27) e foi avisado sobre a “hibernação” da unidade. Em pronunciamento divulgado nas redes sociais da Prefeitura que mostra, inclusive, momentos da reunião, ele classificou o termo usado pela companhia como “uma maneira velada de se falar em fechamento”.
Expressando profunda insatisfação com o modo que foi conduzido o anúncio da suspensão, o prefeito descreveu o movimento como uma “traição ao município”. Décio dos Santos chegou a dizer o mesmo para o grupo que representava a empresa no encontro, reiterando para eles a longa história da siderúrgica na cidade e criticando a falta de transparência e negociação antes da tomada de decisão. Para ele, a empresa poderia ter até mesmo negociado a venda da usina.
“É uma companhia que está em Barão de Cocais há décadas e a população, por mais impacto que a empresa causasse dentro do município, sempre a acolheu, com muita dignidade e respeito”, reiterou o gestor público. “Sinceramente, é uma notícia que eu não esperava”, lamentou.
Prefeito tentará reverter a situação
Para o prefeito, a comunicação da empresa sobre a “hibernação” da operação em Barão de Cocais foi abrupta e desumana, com funcionários sendo informados de forma inesperada. Ele ressaltou que vai procurar, além do sindicato dos colaboradores, o alto escalão da Gerdau para estabelecer diálogo, procurar entender melhor os motivos por trás da decisão e tentar reverter a situação.
Caso o cenário seja irreversível, Décio dos Santos disse que pedirá para a siderúrgica absorver a mão de obra nas demais unidades do grupo. O líder municipal afirmou ainda que vai buscar realocar as pessoas que perderam os empregos em outras empresas do setor na região.
Entenda o que aconteceu
Na segunda-feira (27), a Gerdau anunciou que está implementando a “hibernação” da usina de Barão de Cocais, o que resultará na paralisação da operação. De acordo com a companhia, a decisão foi tomada após uma análise detalhada da competitividade da planta frente às condições do mercado de aço no Brasil. Em nota enviada à reportagem, a siderúrgica esclareceu:
“Os custos elevados de matérias-primas e a insuficiência da produção de minério de ferro próprio, em Minas Gerais, somados a uma estrutura com menor nível de atualização tecnológica da usina, estão afetando diretamente a competitividade da unidade frente ao cenário desafiador do setor. A medida está em linha com o planejamento estratégico da empresa de otimização de ativos.”
Embora a companhia não tenha revelado o número de demitidos, o Sindicato dos Metalúrgicos de Barão de Cocais fala em 487 demissões. Segundo a associação sindical, o impacto na cidade pode ser maior, atingindo cerca de mil trabalhadores, quando considerado os empregos terceirizados.
No comunicado, a empresa enfatizou que está empenhada em conduzir a suspensão dos trabalhos de maneira humanizada para minimizar os impactos sobre os empregados e as comunidades vizinhas. Considerado o maior grupo brasileiro produtor de aço, a Gerdau ainda reiterou que buscará realocar o máximo possível de funcionários em outras unidades e oferecerá programas de capacitação na área industrial, além de incentivar o empreendedorismo entre a população local.
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