Economia

Paralisação da Gerdau preocupa Prefeitura de Barão de Cocais

Prefeito da cidade fala em um “grande problema social” no município
Paralisação da Gerdau preocupa Prefeitura de Barão de Cocais
Hibernação da usina foi anunciada na segunda pela companhia | Crédito: Casa da Photo / stock.adobe.com

A decisão da Gerdau de suspender as operações da usina de Barão de Cocais, na região Central de Minas Gerais, surpreendeu a todos, incluindo a prefeitura local, que se mostrou preocupada com a interrupção das atividades. O prefeito Décio dos Santos (PSB) disse que a paralisação das operações da siderúrgica no local será um grande problema social para o município.

O chefe do Executivo municipal se reuniu com representantes da empresa gaúcha na última segunda-feira (27) e foi avisado sobre a “hibernação” da unidade. Em pronunciamento divulgado nas redes sociais da Prefeitura que mostra, inclusive, momentos da reunião, ele classificou o termo usado pela companhia como “uma maneira velada de se falar em fechamento”.

Expressando profunda insatisfação com o modo que foi conduzido o anúncio da suspensão, o prefeito descreveu o movimento como uma “traição ao município”. Décio dos Santos chegou a dizer o mesmo para o grupo que representava a empresa no encontro, reiterando para eles a longa história da siderúrgica na cidade e criticando a falta de transparência e negociação antes da tomada de decisão. Para ele, a empresa poderia ter até mesmo negociado a venda da usina.

“É uma companhia que está em Barão de Cocais há décadas e a população, por mais impacto que a empresa causasse dentro do município, sempre a acolheu, com muita dignidade e respeito”, reiterou o gestor público. “Sinceramente, é uma notícia que eu não esperava”, lamentou.

Prefeito tentará reverter a situação

Para o prefeito, a comunicação da empresa sobre a “hibernação” da operação em Barão de Cocais foi abrupta e desumana, com funcionários sendo informados de forma inesperada. Ele ressaltou que vai procurar, além do sindicato dos colaboradores, o alto escalão da Gerdau para estabelecer diálogo, procurar entender melhor os motivos por trás da decisão e tentar reverter a situação.

Caso o cenário seja irreversível, Décio dos Santos disse que pedirá para a siderúrgica absorver a mão de obra nas demais unidades do grupo. O líder municipal afirmou ainda que vai buscar realocar as pessoas que perderam os empregos em outras empresas do setor na região.

Entenda o que aconteceu

Na segunda-feira (27), a Gerdau anunciou que está implementando a “hibernação” da usina de Barão de Cocais, o que resultará na paralisação da operação. De acordo com a companhia, a decisão foi tomada após uma análise detalhada da competitividade da planta frente às condições do mercado de aço no Brasil. Em nota enviada à reportagem, a siderúrgica esclareceu:

“Os custos elevados de matérias-primas e a insuficiência da produção de minério de ferro próprio, em Minas Gerais, somados a uma estrutura com menor nível de atualização tecnológica da usina, estão afetando diretamente a competitividade da unidade frente ao cenário desafiador do setor. A medida está em linha com o planejamento estratégico da empresa de otimização de ativos.”

Embora a companhia não tenha revelado o número de demitidos, o Sindicato dos Metalúrgicos de Barão de Cocais fala em 487 demissões. Segundo a associação sindical, o impacto na cidade pode ser maior, atingindo cerca de mil trabalhadores, quando considerado os empregos terceirizados.

No comunicado, a empresa enfatizou que está empenhada em conduzir a suspensão dos trabalhos de maneira humanizada para minimizar os impactos sobre os empregados e as comunidades vizinhas. Considerado o maior grupo brasileiro produtor de aço, a Gerdau ainda reiterou que buscará realocar o máximo possível de funcionários em outras unidades e oferecerá programas de capacitação na área industrial, além de incentivar o empreendedorismo entre a população local.

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