Economia

Pesquisa aponta preços estáveis em Belo Horizonte

Novo Plano Diretor de Belo Horizonte pode causar um encarecimento dos imóveis no município
Pesquisa aponta preços estáveis em Belo Horizonte
Valor médio do metro quadrado na Capital atingiu R$ 4.815 no ano passado, aponta a QuintoAndar | Crédito: Charles SIlva Duarte/Arquivo DC

Os preços de compra e venda de imóveis em Belo Horizonte fecharam 2022 em estabilidade, com uma leve queda de 0,3% frente ao ano anterior e um valor médio de R$ 4.815/m². É o que aponta o Relatório de Compra e Venda de Casa Mineira/QuintoAndar, divulgado na sexta-feira (3).

O especialista de dados do QuintoAndar, Pedro Capetti, conta que um dos motivos para essa estabilização observada no mercado imobiliário da Capital Mineira foi o aumento da taxa de juros que resultou em uma desaceleração do setor, o que acabou deixando o custo da transação um pouco mais caro. “Com condições externas mais desafiadoras, ficou mais difícil para o proprietário do imóvel subir o preço da transação”, explica.

Ele ainda lembra que o ano de 2021 foi um dos melhores da história do mercado brasileiro em relação à compra e venda de imóveis, com um movimento impulsionado pelo crédito habitacional barato e pela recuperação econômica no pós-pandemia. Realidade essa que não se repetiu no ano seguinte.

Segundo o levantamento, das sete regiões analisadas em Belo Horizonte, cinco apresentaram uma elevação do preço médio do metro quadrado negociado em comparação com 2021. Dentre elas, o destaque foi a região Leste, onde o preço médio subiu 5,19%, logo em seguida vem a região Norte com alta de 4,12% em 2022. Por outro lado, as regiões Oeste (-4,09%) e Noroeste (-4,7%) foram as únicas a fecharem o ano com uma redução no preço médio.

Outra região que também registrou alta frente a 2021 foi a região Centro-Sul (2,67%). Essa área é conhecida por concentrar os bairros com os imóveis mais caros da cidade. Só no ano passado, o preço médio do metro quadrado praticado nesta região da Capital foi de R$ 6.354; ou seja, um apartamento de 75 metros quadrados localizado nesta área custou, em média, R$ 476 mil em 2022.

“Apesar de expectativas pessimistas no início do ano, o resultado agregado foi de estabilidade tanto de vendas como de valores. Em certas regiões, houve alta nos preços. O crescimento econômico no pós-pandemia e a forte recuperação do mercado de trabalho impulsionaram o mercado imobiliário ao longo do ano, a despeito da alta taxa de juros”, destaca Vinicius Oike, economista do QuintoAndar.

Descontos

A pesquisa revelou ainda que o desconto médio das transações realizadas no período foi de 4,3% com relação ao ano anterior, uma variação negativa de 0,1 ponto percentual. Isso demonstra que os proprietários de imóveis concederam o mesmo nível de desconto nas transações que em 2021.

Esse relatório também apresentou o ranking com os dez bairros de Belo Horizonte mais procurados no site da Casa Mineira por QuintoAndar em 2022. O bairro Havaí foi o mais procurado para quem quer comprar um imóvel no município. Ele foi seguido pelos bairros Buritis, Santo Antônio, Carlos Prates, Centro, Prado, Sion, Jardim América, Sagrada Família e Castelo.

Tendência para 2023

Capetti explica que ainda é muito difícil apontar uma clara tendência para este ano, já que existem sinais favoráveis, como o fim do ciclo de juros, e desfavoráveis para o mercado imobiliário, como é o caso da manutenção da taxa de juros alta que mantém o crédito habitacional mais caro. “O que observamos hoje é que a desaceleração da inflação vai permitir que o Banco Central comece a reduzir os juros ainda neste ano, o que pode favorecer o setor em algum momento do ano”, relata.

O especialista de dados do QuintoAndar também destaca o papel do programa Minha Casa, Minha Vida, que está retornando em 2023, como uma importante fonte de demanda para o setor imobiliário, e o fato do preço dos insumos da construção civil estar diminuindo, o que representa um alívio para o setor.

Porém ele alerta para a possibilidade de os próximos dois anos serem os mais desafiadores para o mercado, com as condições de financiamento para compra de imóveis se tornando menos atrativas do que já foram em um passado recente. Mesmo assim, ele acredita que o setor imobiliário é bastante resiliente e deve continuar apresentando bons resultados.

Na visão de Capetti o aumento no preço dos aluguéis pode servir como indicador de um maior apetite por este tipo de moradia, o que por sua vez, incentiva o setor imobiliário a concentrar seus esforços na busca por novas soluções. “A construção de imóveis inteiramente voltados para o aluguel, por exemplo, é comum em países como nos EUA, mas relativamente incomum no mercado brasileiro”, declara.

Novo Plano Diretor

O novo Plano Diretor de Belo Horizonte, que já está em vigor desde o início de fevereiro, já está causando preocupações para o mercado imobiliário da capital mineira. A expectativa do setor é de que essa nova legislação possa causar um encarecimento dos imóveis no município.

Com ela, o aproveitamento construtivo dos lotes passou a ser o Coeficiente de Aproveitamento Básico (CAB) próprio do zoneamento. Isso significa que se o terreno possui mil metros quadrados ele só poderá utilizar esta metragem para construção.

Já a antiga legislação permitia a construção de um empreendimento de até 2.700 m², em um terreno de mil metros quadrados localizado na região Centro-Sul de Belo Horizonte, por exemplo. Isso porque o coeficiente de aproveitamento era de 2,7 vezes o tamanho do lote.

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