Petrobras anuncia reajuste de 2,5% no preço da gasolina e de 1,3% no diesel

Rio – A Petrobras anunciou ontem reajustes de 2,5% no preço da gasolina e de 1,3% no preço do diesel. É o segundo aumento na gasolina em 20 dias. O valor de venda do diesel não variava desde o início de agosto.
O preço da gasolina nas refinarias da estatal subirá R$ 0,0223 por litro, passando a custar, em média, R$ 1,6455 por litro. Desde que a série atual de aumentos foi iniciada, a alta acumulada é de 4,9%.
No caso do diesel, a alta é de R$ 0,0525 por litro. O preço médio do combustível nas refinarias passou de R$ 2,0962 para R$ 2,1487 por litro.
O repasse às bombas depende de políticas comerciais de distribuidoras e postos. O valor de venda nas refinarias da Petrobras equivale a 28% do preço final da gasolina e 53% do preço final do diesel – o restante são impostos e margens de lucro.
Os reajustes foram anunciados após recuperação das cotações internacionais do petróleo. Na quarta (4), o barril do tipo Brent, negociado em Londres, subiu 4,19%, para US$ 60,70 (cerca de R$ 254, pela cotação atual).
Na semana passada, diante de temores sobre os efeitos da guerra comercial entre Estados Unidos e China, as cotações chegaram a bater a casa dos US$ 57, mas com dólar mais caro.
Desde 2017, a Petrobras se compromete a seguir as cotações internacionais dos combustíveis, usando um conceito conhecido como paridade de importação – que soma as cotações internacionais e os custos para colocar os produtos no mercado brasileiro.
Nas últimas semanas, porém, importadores de combustíveis acusavam a empresa de vender gasolina bem abaixo das cotações internacionais, mantendo práticas anticompetitivas mesmo após acordo com o Conselho Administrativo de Direito Econômico (Cade) para suspender investigações por abuso de poder de mercado.
No dia 26 de agosto, segundo dados do Centro Brasileiro de Infraestrutura (CBIE), a gasolina vendida pela Petrobras estava R$ 0,43 por litro abaixo da paridade de importação. Três dias depois, a empresa reajustou a gasolina em 3,5%.
O acordo com o Cade arquivou denúncia feita pela Associação Brasileira das Importadoras de Combustíveis (Abicom) sobre práticas anticoncorrenciais da estatal para dificultar a atuação de importadoras privadas. A associação chegou a recorrer ao para suspender o acordo, mas não obteve sucesso.
A Petrobras diz que os reajustes nos preços da gasolina e do diesel refletem as variações das cotações internacionais dos produtos e do câmbio, considerando também o nível de participação no mercado previsto em sua política de preços.
“Ressalta-se que o preço de paridade de importação não é um valor absoluto, único e percebido da mesma maneira por todos os agentes”, afirmou a empresa, na semana passada, citando que as duas principais agências de informação do setor, a S&P Global Platts e a Argus, também têm valores diferentes.
Os caminhoneiros também serão impactados pelo reajuste no preço da gasolina. Na quarta-feira, a categoria fez manifestações pontuais em estradas de pelo menos dois estados do País, segundo informações da Polícia Rodoviária Federal e das concessionárias das vias.
Os caminhoneiros protestaram pela manutenção da tabela do frete. A constitucionalidade da criação dos preços mínimos do transporte rodoviário seria discutida na quarta-feira (04) pelo Supremo Tribunal Federal (STF), mas o presidente da Corte, Dias Toffoli, decidiu retirar a pauta do plenário e o julgamento foi adiado. (Folhapress)
Shell busca projetos de energia renovável
São Paulo – A petroleira Shell está em busca de projetos “competitivos” de energia renovável no Brasil, em movimento que acompanha estratégia global de diversificar a atuação para além da indústria de petróleo e gás, de olho em uma esperada transição energética rumo a fontes de baixo carbono, disse ontem o presidente da empresa no país, André Araujo.
Ao participar de evento do Conselho Empresarial Brasileiro para o Desenvolvimento Sustentável (Cebds) em São Paulo, o executivo afirmou que a companhia anglo-holandesa está fortemente comprometida com a redução de emissões de carbono, mas destacou que há uma natural disputa por capital entre projetos de investimento na organização, que tem presença global.
“Os projetos têm que ser todos competitivos. Nossas escolhas não vão ser simplesmente porque preciso ter um ‘selo verde’ no meu quadro de investimentos. A gente está olhando diversas alternativas. Lá fora o grupo tem sido bastante ativo”, afirmou Araujo durante a conferência.
Leilões do governo brasileiro para contratar novos projetos de geração têm registrado forte queda nos preços pagos pela produção de usinas eólicas e solares, em meio à acirrada competição entre investidores pelos contratos de longo prazo oferecidos para viabilizar a implementação das usinas.
Os preços para projetos fotovoltaicos bateram mínima histórica no País em leilão em junho, enquanto eólicas se aproximaram de um recorde negativo registrado no ano anterior, em tendência que já leva alguns investidores a buscar alternativas para obter retornos maiores, como a venda da produção dos parques no chamado mercado livre de eletricidade.
“Estamos com um time forte de novos negócios buscando projetos competitivos, que façam sentido. A gente sabe que a companhia vai ter que encontrar novos caminhos além do que a gente faz e continua fazendo, que é a exploração de petróleo e gás offshore”, disse Araujo mais tarde, a jornalistas.
Ele não quis fazer uma projeção sobre quando a Shell pode realizar seu primeiro investimento em energia limpa no Brasil.
A estratégia da Shell tem sido adotada também por outras petroleiras, e rivais como a norueguesa Equinor e a francesa Total inclusive já realizaram seus primeiros investimentos em renováveis no Brasil, em projetos solares e eólicos. A estatal Petrobras, por outro lado, já opera uma usina eólica, mas não pretende avançar no setor de energia limpa no momento a não ser com pesquisas, segundo fala recente do presidente da companhia, Roberto Castello Branco.
A Shell criou uma área de “novas energias” para avaliar esses negócios, com foco a princípio em energia solar. A unidade é liderada pela ex-gerente da desenvolvedora de projetos e fabricante de equipamentos solares First Solar no Brasil Maria Gabriela da Rocha.
“Temos essa divisão de novas energias… a quantidade de opções e escolhas talvez nesse momento seja um dos maiores desafios da organização, pela quantidade de projetos e como você vai escolher os caminhos. Ao final, são muitas alternativas”, disse Araujo durante sua apresentação.
Ele afirmou ainda que a Shell tem investido globalmente quase US$ 3 bilhões por ano em “novas energias”, ante uma meta inicial de entre US$ 1 bilhão e US$ 2 bilhões. Ele citou como exemplos aportes feitos pela Shell em empresas de painéis solares e em geração de energia eólica offshore, em alto mar. (Reuters)
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