Economia

Grau de precariedade aumenta nas rodovias de Minas Gerais

Estudo da CNT foi divulgado ontem
Grau de precariedade aumenta nas rodovias de Minas Gerais
Pesquisa da CNT aponta que atualmente 36,3% das rodovias que cruzam Minas Gerais estão em condições satisfatórias | Crédito: Divulgação/ANTT

Uma pesquisa divulgada ontem pela Confederação Nacional do Transporte (CNT) apurou que 76,8% das rodovias que cortam Minas Gerais apresentam algum tipo de deficiência na pavimentação, sinalização ou geometria. Para chegar ao resultado, uma equipe técnica percorreu 15.256 km de estradas pavimentadas e identificou 397 pontos críticos. Quando comparado com os dados do estudo de 2021, esse indicador representava 69,8%.

De acordo com o diretor executivo da CNT, Bruno Batista, em nível nacional, no intervalo de 2011 a 2021, a frota de veículos pelas rodovias brasileiras cresceu 58%. Em Minas Gerais, essa realidade não foi diferente. Contudo, as malhas rodoviárias ficam reduzidas diante de uma quantidade cada vez maior de veículos. E, não seguindo na mesma proporção, com a falta de investimentos, aumenta os níveis de insegurança e de precariedade das estradas. 

“Isso acaba traduzindo uma situação em que há uma demanda pela infraestrutura existente, e isso acaba acelerando os níveis de utilização e de desgaste. Um outro ponto é que as rodovias passam por um período de baixa manutenção. Isso tem uma relação direta com o volume de recursos, que também tem se mantido bastante reduzido ao longo dos últimos anos. Então, com pouca construção de novos trechos, com alto tráfego e com a manutenção em baixa, esses fatores combinados vão acabar fazendo com que as rodovias brasileiras percam qualidade continuamente”, avalia.

Em toda a extensão das malhas rodoviárias avaliadas pela CNT no Estado, 63,7% apresentam problemas relacionados à pavimentação como pista simples, buracos e rachaduras. Esse dado era menor em 2021, quando 56,4% apresentavam danos no solo pavimentado. Para 36,3% das estradas, as condições eram satisfatórias. No entanto, apenas 0,1% foi identificada com o pavimento totalmente destruído.

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Quanto à sinalização dessas estradas por Minas, as situações consideradas regulares, ruins ou péssimas saltaram de 54,2% em 2021 para 71,4% neste ano. Em 4,5% delas, não constam sequer a faixa central ou faixas laterais para a maior segurança dos motoristas. No entanto, somente 28,6% das malhas mineiras apresentam boas sinalizações. 

Falta de infraestrutura 

Diante dessa realidade, o objetivo do estudo, segundo a CNT, é caracterizar a infraestrutura rodoviária do Estado, assim como de outros estados brasileiros. Com as informações de mapeamento das estradas, além dos indicadores, as informações norteiam as transportadoras. Essas empresas, segundo a entidade, podem, com os dados, elaborar planejamentos de rotas mais adequados para operarem. Os resultados também podem subsidiar estudos para que as políticas setoriais, e sobretudo políticas públicas de qualidade possam ser desenvolvidas e executadas. 

“Em relação às rodovias concedidas, existe um cenário bastante distinto na comparação com as rodovias públicas, pelo fato delas receberem três vezes mais investimento por quilômetro. São rodovias mais seguras, são rodovias que apresentam um nível de qualidade maior. Agora a questão da concessão, ela não pode ser expandida para toda a malha, pois existe uma limitação para isso”, enfatiza o diretor executivo.

Segundo ele, a iniciativa privada se interessa por trechos em que existe um alto volume e que esse fluxo gerado rentabilize o negócio, como ocorre com a cobrança de pedágio. “É claro que a concessão é um bom remédio, mas esse bom remédio não vai solucionar todos os problemas de rodovias. Nesse sentido, é imprescindível a atuação do poder público como gestor e como consultor, uma vez que o volume de recursos necessários para isso é bastante alto. É uma situação que o governo mineiro não vai conseguir delegar”, avalia.

No decorrer dos anos, os estudos da CNT traduzem um cenário cada vez mais preocupante. Bruno relembra de um bom exemplo ocorrido em 2015, em que 35% do pavimento nacional avaliado na pesquisa foi classificado como ótimo ou bom. “Em sete anos depois, só 9% da extensão avaliada foi classificada como ótimo ou bom. Isso é um sinal de alerta. Isso acaba demonstrando a necessidade urgente de se viabilizar uma política de transporte permanente e que consiga fazer uma dotação de orçamentos públicos de forma constante durante vários anos”.

Diante da avaliação do especialista, é preciso também entender regionalmente os pontos críticos das rodovias e estabilizar o nível de degradação. Essas ações são necessárias para que sejam colocadas em prática as manutenções em ritmo mais acelerado e em extensões cada vez maiores. “Essa necessidade tem que ocorrer no médio prazo, para que as rodovias passem a ser majoritariamente classificadas como ótimas ou boas, com a finalidade também de garantir maior segurança para quem nelas trafegam”, conclui.

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