Cesta básica já custa quase R$ 680 em Belo Horizonte e ultrapassa 50% do salário mínimo

Impulsionado por fatores macroeconômicos e sazonais, o preço da cesta básica segue avançando em Belo Horizonte. Entre setembro e outubro, o conjunto de produtos essenciais na capital mineira registrou aumento de 4,09%, passando a custar R$ 678,07, e comprometendo 51,92% do salário mínimo líquido do trabalhador.
Com a elevação, a cidade figura entre as cinco capitais brasileiras que registraram as maiores altas no período, atrás apenas de Campo Grande – MS (5,10%), Brasília – DF (4,18%) e Fortaleza – CE (4,13%). As informações fazem parte da Pesquisa Nacional da Cesta Básica de Alimentos realizada pelo Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese).
No acumulado de janeiro a outubro, o maior impacto foi observado no preço do tomate, que avançou 24,34%. Em seguida, carne bovina de primeira (6,29%), açúcar cristal (4,51%), óleo de soja (4,15%) e farinha de trigo (3,02%) também registraram aumentos consideráveis. Já as diminuições ocorreram no preço da banana (-1,2%) e do arroz agulhinha (-0,31%).
Para o economista e supervisor técnico do Dieese em Minas Gerais, Fernando Duarte, o aumento no valor da cesta básica em Belo Horizonte evidencia um cenário de pressão sobre as finanças das famílias. “Passamos por um período de queda e é natural que uma alta impacte a população em geral. No mês, tivemos uma alta bastante expressiva e motivada pelo preço do tomate, além do aumento do valor da carne, que é um produto com preço médio elevado e pode pesar mais no orçamento dos mineiros”, avalia.
Para quem recebe o salário mínimo, a situação é ainda mais desafiadora. Entre setembro e outubro, a cesta básica comprometeu 51,92% da renda dos trabalhadores que recebem essa quantia, e agora necessitam trabalhar 105 horas e 39 minutos para adquirir o conjunto de alimentos essenciais. Isso significa, na prática, 4 horas e 9 minutos a mais do que o necessário no mês anterior.
Ao analisar fatores que impulsaram o valor do conjunto de alimentos básicos, Duarte destaca que a alta do dólar aliada às adversidades de questões climáticas segue impactando itens como café e soja. Nos últimos doze meses, ambos os produtos apresentaram altas expressivas de 56,25% e 24,91% respectivamente.
O economista destaca ainda que o alto comprometimento da renda somado aos avanços no preço da cesta básica acende um alerta em todo o País e poderá comprometer o poder de compra dos brasileiros.
Além do café e soja, no acumulado anual foram observadas elevações em outros nove produtos da cesta. São eles: batata (55,56%), banana (25,30%), arroz agulhinha (22,26%), leite integral (15,10%), feijão carioquinha (8,20%), carne bovina de primeira (7,99%), manteiga (7,09%), pão francês (3,16%) e açúcar cristal (0,27%). Somente o tomate (-31,36%) e a farinha de trigo (-1,65%) apresentaram queda neste tipo de comparação.
Cesta básica aumenta em todas as capitais analisadas e não há perspectivas de queda
O aumento em Belo Horizonte pode ser reflexo de uma alta em âmbito nacional, conforme aponta os dados do Dieese. Entre setembro e outubro, os avanços foram registrados nas 17 capitais analisadas pelo departamento.
Dentre os maiores avanços, São Paulo desponta na liderança, com conjuntos de produtos orçados em R$ 805,84. Em seguida, Florianópolis (R$ 796,94), Porto Alegre (R$ 774,32) e Rio de Janeiro (R$ 773,70) obtiveram os maiores valores no entre setembro e outubro.
O preço da carne bovina aumentou em todas as cidades pesquisadas, com as maiores altas nos últimos doze meses registradas em Fortaleza (9,95%), Campo Grande (8,62%), Brasília (8,02%) e Natal (7,68%). Neste mesmo caminho, o óleo de soja segue cada vez mais caro, com altas acima de 20% em Vitória (25,76%), Belo Horizonte (24,91%), Rio de Janeiro (24,13%), Goiânia (23,58%) e Campo Grande (21,77%).
Para os próximos meses, Duarte ressalta que não há nada que aponte para uma redução no preço da cesta, mesmo considerando possíveis quedas no dólar. “Em novembro e dezembro, devido à sazonalidade, o valor pode subir e encerrar o ano em 8%. Apesar disso, até o momento, a alta tem ficado abaixo da inflação e isso vem ajudando a segurar os valores, evitando avanços ainda mais crescentes”, conclui.
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