Preços dos alimentos contribuem para IPCA-15 subir em BH

Impulsionado por alimentos e bebidas, o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo – 15 (IPCA-15) na Região Metropolitana de Belo Horizonte (RMBH) subiu 0,35% no mês de dezembro ante 0,46% em novembro. Número menor do que a variação mensal do País, de 0,40%. Além da pressão do grupo alimentício, com alta de 1,09% e impacto de 0,24 ponto percentual (p.p.) no indicador, outro motivo para o resultado foram as passagens aéreas. Com aumento de 16,7%, o item teve o maior impacto individual no índice, de 0,12 p.p..
A alimentação tem maior peso sobre o orçamento familiar e na composição inflacionária. O grupo exerceu bastante pressão por uma série de alimentos que ficaram mais caros. O economista e colunista do DIÁRIO DO COMÉRCIO Guilherme Almeida disse que o principal motivo para o aumento não é econômico, mas climático.
O El Niño mais rigoroso tem impactado nas safras dos alimentos por todo o País, com chuvas e secas muito fortes que interferem na produção do campo. “Quando tenho eventos climáticos que afetam o cultivo, afetam a colheita, afetam a produção do alimento, isso implica em uma menor oferta desses alimentos no mercado e, consequentemente, com uma menor oferta, permanecendo a demanda estável ou aumentando, eu tenho uma pressão sob o nível de preços”, disse o economista, sem desconsiderar o impacto dos custos da logística nos preços.
Os produtos que mais encareceram no período foram a banana-prata (22,64%), batata-inglesa (19,26%), arroz (4,57%), alface (18,23%), óleo de soja (6,60%), carne de porco (2,76%), feijão carioca (9,16%) e cebola (10,62%). Já os preços do tomate, leite longa vida e mamão caíram, respectivamente, 19,35%, 3,95% e 13,10%. Os dados são do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
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Passagens aéreas
Item de maior impacto individual no IPCA-15 da Grande BH, as passagens aéreas ajudaram o grupo Transportes a ser o segundo de maior elevação e registrar alta de 0,49%. Era esperado que a sazonalidade afetasse a demanda das companhias aéreas por conta das festividades de fim de ano e férias. Mas a forte subida também teve contribuição do combustível utilizado na aviação.
“Temos um componente do custo para as companhias aéreas, principalmente o combustível para o transporte aéreo, que acabou sendo onerado nos últimos meses e é repassado ao preço final das passagens. Então nós temos o fator sazonalidade e o custo de operação para as companhias que acaba sendo refletido no valor da passagem para o consumidor”, afirma Almeida.
Além dos alimentos: contratos vão pressionar IPCA nos próximos meses
Guilherme Almeida aponta que a população ainda continuará a sentir uma pressão nos preços nos próximos meses. Se por um lado a pressão inflacionária preocupa, por outro, ameniza o fato desse crescimento ser tradicional na virada de um ano para o outro. “Isso decorre pelo simples fator histórico: sazonalidade. Se a gente pegar a inflação de 2000 até hoje, olhando mês a mês, a inflação vem em altos patamares justamente no final do ano e no início do ano, principalmente ali de janeiro e fevereiro”, conta.
Nesse período há o reajuste de diversos contratos por questões sazonais, como nas instituições de ensino básico e superior particulares, e nos aluguéis residenciais e comerciais. Isso gera uma pressão adicional nos preços de diversos itens, principalmente os que estão relacionados com essas atividades.
Contratos individuais, como a remuneração dos empregados das empresas, também serão reajustados nesse período pela inflação do último ano. “O próprio salário mínimo, que foi reajustado, tem uma pressão também na economia e isso gera um aumento no nível de preços. Existem muitos fatores sazonais que deixam essa expectativa de que a pressão terá continuidade, principalmente no primeiro trimestre do ano”.
Reajuste das passagens de ônibus pressionará IPCA de BH
Além disso, o economista destacou fatores locais, como o aumento da passagem de ônibus municipal, anunciado pela Prefeitura de Belo Horizonte, e do metropolitano, reajustado pelo governo de Minas. “Isso gera uma pressão no grupo de Transportes, que é um grupo relevante para o orçamento familiar. O governo do Estado também anunciou na mesma toada um reajuste dos transportes intermunicipais, então acaba que nós temos diversos fatores que vão influenciar uma continuidade dessa pressão”, considerou Almeida.
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