Economia

Preços da cal já subiram 75% somente neste ano

Preços da cal já subiram 75% somente neste ano
Enquanto em 2021 a tonelada do produto era vendida por R$ 400, em média, neste ano, o valor já atinge os R$ 700 | Crédito: Unical/Divulgação

Essencial à produção do aço, a indústria de cal também está sofrendo com a escalada de preços dos insumos energéticos provocada pela guerra na Ucrânia. Os preços do petróleo vêm disparando desde o início do ano, antes mesmo da Rússia consolidar o conflito no Leste europeu. Como consequência, a cotação do coque de petróleo já saltou mais de 30% neste exercício. O insumo responde por, pelo menos, 50% do custo de produção do setor.

Além do coque, outras matérias-primas industriais, a própria inflação e os dissídios coletivos também vêm pressionando as fábricas que não tiveram outra alternativa a não ser repassar os aumentos aos clientes. Com isso, o preço da cal já sofreu variação de 75% em 2022 em relação ao ano anterior. Enquanto em 2021 a tonelada do produto era vendida por R$ 400 em média, neste exercício, já chega a R$ 700.

“Não bastasse o aumento dos insumos energéticos, como o coque de petróleo que saiu de US$ 280 a tonelada para mais de US$ 550, há outros fatores que interferem na cadeia da cal. Essa combinação elevou muito nosso custo e não temos opção de não repassar ao mercado. Temos um cenário favorável em relação à demanda, mas os custos estão muito pressionados e reduzindo as margens das empresas”, resume o presidente do Sindicato das Indústrias Produtoras de Cal e Gesso do Estado de Minas Gerais (Sindicalge-MG), Rodrigo Rezende Simões.

Por outro lado, a redução do câmbio tem amenizado essa pressão. Conforme o dirigente, não fosse o menor patamar do dólar em relação ao real, a situação estaria ainda pior. “Grande parte dos insumos é commodity, ou seja, segue cotação internacional, oscila muito e mensalmente precisamos negociar os preços. Isso é uma tarefa complexa, pois os clientes são empresas que consomem grandes volumes e fecham grandes contratos. Por isso, às vezes é preciso absorver parte dos aumentos até que uma nova remessa seja negociada”, explica. 

Siderurgia aquece indústria de cal

Como ocorre historicamente, é justamente a siderurgia que tem elevado a demanda junto ao setor. A previsão para este ano é de um aumento de 15% nos volumes comercializados pelas indústrias de cal localizadas em Minas Gerais. Já a produção deverá ficar estável em relação ao ano passado, em 5 milhões de toneladas. Vale dizer que o Estado concentra 80% da produção nacional e surfa na onda da elevação dos preços e das vendas.

“Mesmo diante de tanta incerteza em função do cenário externo e por ser um ano eleitoral no Brasil, a tendência é que o mercado continue aquecido. O ano passado foi de crescimento devido a base fraca de comparação, mas ainda cabe ao segmento recuperar as margens perdidas, principalmente no período de pandemia, quando as empresas tiveram que atuar para manter a produção e o quadro de funcionários”, afirma Simões.

Investimentos

Além disso, conforme o presidente do Sindicalge-MG, as fábricas já estão operando no limite da capacidade instalada e tão logo devem anunciar investimentos em ampliação. “Ao que tudo indica as indústrias devem colocar novos fornos ‘em marcha’ a partir de 2023”, revela.

Ao todo, o Estado abriga mais de 100 fábricas de cal. No entanto, a maior parte do mercado está concentrada em cinco grandes indústrias que contam com filiais e diferentes plantas. O setor emprega, em Minas, entre 3 mil e 4 mil pessoas diretamente.

A siderurgia é responsável pelo consumo de 40% da produção de cal no Brasil. Outros segmentos importantes são papel e celulose, indústria química, sucroalcooleira, construção civil, tratamento de água e esgoto e agronegócio.

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