Alta do coque verde de petróleo pressiona indústria de cal em Minas

31 de outubro de 2020 às 0h15

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Rodrigo Simões informa que as empresas do setor não repassaram os reajustes na pandemia | Crédito: Divulgação

De fevereiro a novembro deste ano, o valor do coque verde de petróleo, que é de produção e refino exclusivo da Petrobras, aumentou 138% para o segmento da cal em Minas Gerais, de acordo com o Sindicato da Indústria de Cal e Gesso no Estado de Minas Gerais (Sindicalge-MG).

Segundo o presidente da entidade, Rodrigo Simões, os reajustes têm sido realizados todos os meses, trazendo uma série de desafios para as empresas, uma vez que o coque verde de petróleo corresponde a 50% dos custos totais do setor.

Simões destaca que o segmento é muito dependente do produto, pois ele tem uma característica peculiar em relação a outros combustíveis: o baixo teor de enxofre. O principal mercado do setor da cal, diz, é a siderurgia, que abarca mais de 50% da produção das empresas de calcinação e demanda um produto final com menos enxofre na composição.

O presidente do Sindicalge-MG afirma desconhecer as razões para o aumento dos preços e salienta que, durante meses, inclusive em meio à pandemia, as empresas não repassaram os reajustes. Em algumas ocasiões, diz, chegaram até mesmo a diminuir o valor da cal e a aumentar os prazos de pagamento. “Fizemos um esforço grande para absorver os custos e tocar a vida”, pontua.

Reflexos em cadeia – Simões lembra que a cal é considerada um produto essencial e que, portanto, as empresas, mesmo em meio à crise na saúde que refletiu na economia, continuaram trabalhando para atender todo o mercado. Minas Gerais tem um importante papel nesse cenário, pois, segundo o presidente do Sindicalge-MG, é responsável por mais de 80% da cal que é produzida no País.

Além disso, conforme a entidade, para continuarem operando, as empresas filiadas ao sindicato adotaram várias medidas para a preservação da saúde e da segurança dos seus colaboradores, seguindo protocolos rígidos. Isso demandou uma série de investimentos que envolveram desde mudanças na infraestrutura até a contratação de serviços adicionais de segurança e saúde.

“Entretanto, apesar dos esforços que as organizações do setor fizeram para não repassar custos, em setembro já anunciaram a atualização dos preços. “Isso vai ter um efeito ruim para a própria inflação”, diz Simões.

Isso porque, conforme explica ele, a cal e o calcário são muito importantes para diversos segmentos, como o das indústrias alimentícia, química, do vidro e do papel e celulose, para o setor sucroalcooleiro (açúcar e álcool), construção civil, agronegócio, entre outros setores.

“Será um efeito cascata”, frisa o presidente do Sindicalge-MG, que afirma, ainda, que não há perspectivas de quando as coisas voltarão ao normal.

O DIÁRIO DO COMÉRCIO procurou a Petrobras para solicitar o posicionamento da empresa acerca do aumento de preços do coque verde de petróleo. No entanto, não obteve retorno até o fechamento desta edição.

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