Procuradora admite penalização de executivos

Brasília – A procuradora-geral da República, Raquel Dodge, afirmou ontem que executivos daVale podem ser penalizados pelo rompimento da barragem de rejeitos da Mina Córrego do Feijão em Brumadinho, na Região Metropolitana de Belo Horizonte (RMBH), que deixou dezenas de mortos e centenas de desaparecidos, e que a mineradora precisa ser responsabilizada severamente.
“É muito importante que o sistema de administração de Justiça dê uma resposta eficiente dizendo que este caso, esse tipo de responsabilidade, deve ser tratado como prioridade dentro do sistema de Justiça”, disse Raquel Dodge em entrevista na Procuradoria da República em São Paulo, antes da abertura do Seminário de Trabalho Escravo da Escola Superior do Ministério Público da União.
A chefe do Ministério Público Federal destacou que as punições a envolvidos no rompimento da barragem podem ocorrer nas esferas criminal, cível e administrativa. “É também preciso responsabilizar severamente do ponto de vista indenizatório a empresa que deu causa a este desastre, e também promover a persecução penal”, afirmou.
“Executivos podem ser penalizados também”, ressaltou.
Raquel Dodge disse estar em contato com integrantes do Ministério Público de Minas Gerais a fim de definir as atribuições de cada órgão.
Raquel, Dodge – que também é presidente do Conselho Nacional do Ministério Público (CNMP) – participará hoje de uma reunião com autoridades sobre o rompimento da barragem de Brumadinho.
Mariana – O colapso de barragem de rejeitos pode mudar completamente o rumo das negociações sobre uma ação suspensa de R$ 155 bilhões movida contra a Samarco e suas donas (Vale e BHP Billiton), no âmbito de tragédia ocorrida há cerca de três anos em Mariana, na região Central, afirmou à Reuters o procurador da República José Adércio Sampaio.
A ação foi movida no passado pelo MPF e é uma das diversas ações que foram interpostas contra as três mineradoras. Autoridades vem negociando ao longo dos anos e alguns acordos sobre o caso em Mariana já foram finalizados, como um relacionado à governança do programa de reparação às vítimas, buscando maior participação de comunidades atingidas.
A Justiça de Minas Gerais já decretou bloqueios de R$ 11 bilhões da Vale para garantir a recuperação de danos causados às vítimas do caso em Brumadinho e para a recuperação ambiental da área afetada pelo rompimento da barragem na última sexta-feira.
A Vale informou, no domingo, que assim que foi intimada da decisão de bloqueio de R$ 1 bilhão, o primeiro determinado, apresentou petição informando que fará o depósito do valor, sem necessidade de bloqueio judicial, e que estava “avaliando as providências cabíveis” quanto a dois bloqueios de R$ 5 bilhões cada.
Segundo a mais recente atualização de números de vítimas da tragédia, divulgada ontem, o rompimento da barragem deixou 60 mortos e 292 desaparecidos após uma enorme avalanche de lama de rejeitos que atingiu comunidades e área administrativa da própria Vale. (Reuters)
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