Produção de aço cai 7,8% em Minas Gerais e 6,5% no Brasil

A produção mineira de aço bruto registrou uma forte retração no ano passado. Dados do Instituto Aço Brasil mostram que as siderúrgicas de Minas Gerais produziram 9,3 milhões de toneladas em 2023, uma queda de 7,8% frente a 2022, quando o volume foi de 10,1 milhões de toneladas. Já a fabricação de semiacabados para venda e laminados ficou estável, com 9,5 milhões de toneladas.
Apesar do recuo, Minas Gerais permaneceu como a maior produtora de aço no Brasil. A siderurgia do Estado foi responsável por 29,3% da produção nacional de aço bruto e 32,3% da fabricação de semiacabados para venda e laminados. Para efeitos de comparação, as participações de mercado do segundo colocado, Rio de Janeiro, foram de 27% e 21,8%, respectivamente.
Os maiores players do setor siderúrgico brasileiro mantêm usinas em Minas Gerais, o que tende a explicar a liderança mineira na produção. O Estado abriga unidades de empresas como ArcelorMittal, Aperam, Gerdau e Usinas Siderúrgicas de Minas Gerais (Usiminas). Esse fator ainda pode ser a explicação para a queda produtiva mineira, já que todas essas companhias passam por problemas decorrentes da alta na importação de aço, que diminui a demanda nacional.
A Usiminas, por exemplo, abafou o alto-forno 1 da planta de Ipatinga em virtude da crescente importação de aço, sobretudo, do mercado chinês. A Aperam postergou investimentos que faria em Timóteo. Já a ArcelorMittal prolongou a parada técnica programada para três usinas, incluindo a de Juiz de Fora. E a Gerdau realizou demissões e paralisou algumas unidades no País, sendo que, em Minas Gerais, apenas a de Ouro Branco está com produção normalizada.
As medidas tomadas pelos produtores de aço engrossaram o pleito do setor por isonomia. Eles alegam que a concorrência com as fabricantes chinesas, as quais acusam de práticas predatórias ao subsidiar o preço dos produtos siderúrgicos do País, é desleal. As produtoras brasileiras pedem o aumento da alíquota de importação de aço de 9,6% para 25%, o mesmo percentual adotado por outros países como os Estados Unidos, visando proteger a indústria siderúrgica nacional.
Produção de aço recua 6,5% no Brasil e importações crescem 50%
Em mais de uma oportunidade no ano passado, representantes do Aço Brasil disseram que o governo federal estava sensível à situação do setor. Em novembro, na ocasião de um evento para apresentação de dados do setor, o presidente do Conselho Diretor da entidade, Jefferson de Paula, disse, com otimismo, que acreditava em uma tomada de decisão do Executivo até o fim de 2023.
A expectativa do executivo não se concretizou e enquanto o governo federal não define se irá ou não acatar o pleito, as siderúrgicas compilam mais resultados negativos. Assim como ocorreu em Minas Gerais, nacionalmente, a produção de aço bruto em 2023 caiu consideravelmente frente a 2022, embora a fabricação de semiacabados para venda e laminados tenha registrado estabilidade.
Conforme os números do Instituto, o Brasil produziu 31,9 milhões de toneladas de aço bruto no acumulado de janeiro a dezembro do ano passado, o que representa uma queda de 6,5% em comparação a igual período do ano anterior, de quase 35 milhões de toneladas. Ao mesmo tempo, a importação de produtos siderúrgicos atingiu 5 milhões de toneladas, o que representa crescimento de 50%.
O consumo aparente de aço foi de 23,9 milhões de toneladas no período, alta de 1,5%, que se deu, exclusivamente, pelo aumento das importações, segundo o superintendente de Economia do Aço Brasil, Marcelo de Ávila. Conforme ele, as vendas internas, cujo volume foi de 19,4 milhões de toneladas, ou queda de 4,4%, perderam espaço para a importação. Para acentuar ainda mais o cenário ruim, com 11,7 milhões de toneladas, as exportações do setor caíram 1,8%.
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