Produção de minério de ferro da Vale cresce 6,5% em Minas
Nem mesmo o aumento da produção da Vale em terras mineiras foi suficiente para sustentar o desempenho da mineradora na primeira metade de 2022. A companhia contabilizou 137,2 milhões de toneladas nos primeiros seis meses do ano, queda de 3,7% sobre o primeiro semestre de 2021 (142,5 milhões de toneladas). Apenas em Minas Gerais foram 60,4 milhões de toneladas no período, alta de 6,5% em relação às 56,7 milhões de toneladas registradas um ano antes.
Além da queda de 10,5% no volume processado no Sistema Norte, por efeito de sazonalidade climática, a venda do Sistema Centro-Oeste também influenciou no resultado nacional da companhia. Diante dos números, a mineradora revisou para baixo o guidance e mantém agora expectativa de produção de 310 a 320 milhões de toneladas de minério de ferro em 2022. Antes, a projeção era de 320-335 milhões de toneladas.
Apenas no segundo trimestre do ano, a Vale produziu 74,1 milhões de toneladas de minério de ferro no País. O volume representa queda de 1,2% na comparação com a mesma época de 2021. Nos Sistemas Sudeste e Sul – localizados em Minas – foram 35 milhões de toneladas, o que equivale a alta de 12,9% sobre as 31 milhões de toneladas produzidas um ano antes.
Em termos de vendas, a comercialização do minério de ferro pela Vale somou 116,6 milhões de toneladas nos seis primeiros meses do exercício. Já no segundo trimestre, foram 64,3 milhões de toneladas. Na comparação com o ano passado, houve baixa de 2,3% entre os trimestres e de 5,8% entre os semestres.
Sistemas Sudeste e Sul impulsionam produção de minério de ferro da Vale
A empresa informou no balanço operacional que os números gerais foram impulsionados principalmente pelo sólido desempenho dos Sistemas Sudeste e Sul no período seco. E que a estimativa revisada para o acumulado do ano está em linha com a filosofia de value over volume.
Apenas no Sistema Sudeste, que compreende as minas de Itabira, Minas Centrais e Mariana, a companhia produziu 34,5 milhões de toneladas nos seis primeiros meses de 2022. No mesmo período de 2021, foram 31,5 milhões de toneladas (9,3%). Apenas no trimestre, foram 19,5 milhões de toneladas, aumento de 8,3% sobre a mesma época do ano passado (18 milhões).
De acordo com a companhia, as melhorias na performance operacional do Sistema Sudeste são atribuídas principalmente à maior produção em Brucutu de produtos a serem concentrados em plantas de beneficiamento chinesas. E também à maior produtividade no Complexo Itabira, com a reavaliação das soluções de gestão de rejeitos; e à melhoria da produção de Timbopeba, após o impacto de fortes chuvas em janeiro e menor manutenção em relação ao trimestre anterior.
Já no Sistema Sul, que compreende as minas de Paraopeba e Vargem Grande, a Vale produziu 25,9 milhões de toneladas do insumo siderúrgico no semestre passado, 3,1% a mais que as 25,1 milhões de toneladas produzidas em 2021. No último trimestre, foram 15,4 milhões de toneladas. Isso equivale a aumento de 15,1% sobre 13,4 milhões de toneladas do segundo trimestre do exercício anterior.
“Após ser profundamente impactado pelas fortes chuvas no primeiro trimestre, o nível de produção no Sistema Sul melhorou, impulsionado pela melhor performance em todas as operações, principalmente em Vargem Grande e Mutuca, e pelo aumento na compra de terceiros”, disse a mineradora.
Além disso, a produção de pelotas da Vale totalizou 15,5 milhões de toneladas no primeiro semestre de 2022, frente as 14,2 milhões de toneladas da mesma época de um ano antes. O aumento de 13,9% se deve, entre outros motivos, ao crescimento da disponibilidade de pellet feed na planta Vargem Grande. O guidance projetado pela empresa para pelotas é de 34-38 milhões de toneladas.
Mercado vê dificuldade para empresa atingir meta
São Paulo – A redução da projeção da Vale para produção de minério de ferro em 2022 sinaliza maiores dificuldades para que a mineradora atinja sua meta de alcançar uma capacidade produtiva de 400 milhões de toneladas por ano, segundo avaliação de analistas.
A Vale divulgou, na noite de terça-feira, seu relatório de produção e vendas do segundo trimestre, reportando uma produção de minério de ferro de 74,108 milhões de toneladas, uma queda de 1,2% no comparativo anual e aumento de 17,4% na base trimestral.
A companhia brasileira também atualizou para baixo sua previsão de produção do minério em 2022, para uma faixa de 310 milhões a 320 milhões de toneladas.
Após a divulgação, o JP Morgan reduziu sua estimativa de vendas de minério de ferro da mineradora para 2022, a 305 milhões de toneladas. O banco também atrasou em um ano o prazo esperado para que a empresa atinja a meta de 400 milhões de toneladas em capacidade produtiva, de 2025 para 2026.
O Citi afirmou que o corte na previsão anual foi enquadrado em parte na estratégia de value over volume – isto é, priorizar valor sobre o volume produzido -, mas disse que “desafios contínuos no Sistema Norte parecem mais relevantes”.
O banco atualizou estimativa de Ebitda (lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização) da mineradora para o segundo trimestre de R$ 6,4 bilhões para R$ 5,8 bilhões.
“A revisão para baixo do guidance de produção de minério de ferro para 2022 sinaliza desafios operacionais para atingir a meta de longo prazo da Vale de 400 mtpa, mas poderia ajudar a sustentar os preços do minério de ferro”, escreveu o analista do Itaú BBA Daniel Sasson, em relatório a clientes. (Reuters)
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