Projeto Biomas Tropicais aborda segurança alimentar e bioeconomia como o futuro das pesquisas

Cerca de 61% de todo o território do Brasil possui vegetação nativa preservada distribuída entre unidades de conservação, reserva legal, propriedades rurais e áreas indígenas. Os dados são do Instituto Fórum do Futuro, pelo Projeto Biomas Tropicais, que visa aliar ações de proteção ao meio ambiente e boa gestão de agricultura.
Avaliar impactos de áreas ocupadas e criar alternativas para o manejo da atividade agrícola são alguns dos focos do Projeto Biomas Tropicais.
Mas o que são Biomas tropicais?
Quando falamos em biomas brasileiros, o primeiro a ser lembrado é o Amazônico. Porém, outros quatro fazem parte do território nacional: o Cerrado, com 5% da biodiversidade de todo o planeta; a Mata Atlântica, que ocupa 15% do território nacional, e a Caatinga, os Pampas e o Pantanal. Cada um tem características próprias e ações de preservação e ocupação diferenciadas.
Proteger as áreas florestais e identificar como manejar os recursos nas regiões ocupadas ou, ainda, nas zonas degradadas é de interesse público e, particularmente, foco de pesquisas científicas no país e no mundo.
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O que é o Projeto Biomas Tropicais?
De acordo com os dados do Instituto Fórum do Futuro, o Projeto Biomas Tropicais tem o objetivo de realizar pesquisas nos Biomas do país para a gestão de uma agricultura tropical efetivamente sustentável para os próximos anos
A partir dessas informações, e por meio de aproximações sucessivas, pretende-se aferir e localizar as condições favoráveis de clima de negócios situados na cadeia de valor da oferta alimentar, abordando o desenvolvimento e adoção de sistemas produtivos inovadores, sustentáveis e competitivos no âmbito da bioeconomia.
A bioeconomia sustentável é uma das peças fundamentais do projeto. Em maio deste ano, o instituto lançou internacionalmente o Pacto Global Alimentar, que visa discutir a respeito da segurança alimentar mundial e a necessidade de assegurar a produção para os próximos anos, de forma sustentável, com o apoio fundamental da ciência e da tecnologia.
Para o presidente do Fórum do Futuro, o ex-ministro da Agricultura e Pecuária, Alysson Paolinelli, a democratização da oferta alimentar por meio do preço é um desafio tecnológico, educacional e cultural.
“Depende da ciência, mas muito mais de políticas públicas e privadas que atuem no gargalo que hoje condena os povos tropicais ao subdesenvolvimento”, ressalta.
O Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae), que é um dos apoiadores do projeto, destaca a importância da sustentabilidade em suas diversas vertentes para o desenvolvimento.
“Ninguém hoje fala de desenvolvimento se não houver sustentabilidade, sobretudo na produção agrícola e nos encadeamentos produtivos”, declara o presidente do Sebrae, Carlos Melles.
Ciência e Sociedade
Em junho deste ano, o Instituto Fórum do Futuro com o apoio do Sebrae Minas realizaram um seminário internacional com o projeto “Biomas Tropicais”, com o tema “Desafios da Ciência em um Novo Pacto Global do Alimento – Como Transitar de uma Economia Industrial para uma Bioeconomia Tropical do Conhecimento?”.
Ao debater os principais avanços alcançados pela ciência e as tendências que conduzem ao cenário econômico, social e ambiental de 2040, o seminário discutiu as agendas de combate à fome, de melhoria da qualidade dos alimentos, do enfrentamento ao aquecimento global e da promoção da inclusão social e tecnológica dos povos tropicais.
O gerente de competitividade do Sebrae, Cesar Rissete, conta que é preciso investir em ciência e desenvolvimento sustentável para ampliar a questão dos serviços prestados à sociedade.
“O conhecimento que aterrissa gera mais riqueza, mais condições de empregabilidade para as pessoas e maior produtividade. No contexto das iniciativas do Sebrae, vemos que os produtores têm a necessidade de aplicar o conhecimento conectado às tendências de mercado”.
Para o ex-ministro da Agricultura e presidente do Fórum do Futuro, Alysson Paolinelli, torna-se indispensável vencer algumas etapas para que haja oportunidade para todos.
“Ainda temos no Brasil algumas propriedades que são extrativas, com agricultura de subsistência parcial. Elas não conseguem alimentar nem a família como prioridade, com renda muito baixa. Precisamos estabelecer a possibilidade de inclusão no segmento, que é tão grande no país. É uma grande tarefa”, disse.
De acordo com Paolinelli, é essencial apostar em políticas públicas para que o panorama seja favorável.
“Estamos colocando a ciência em primeiro lugar e verificando os limites de uso do solo, no caso, do Cerrado, que tivemos resultados positivos de recuperação para a produção agrícola. Dessa forma, conseguimos métodos de produção de uso sustentável. A outra parte é garantir a segurança alimentar e ao mesmo tempo preservar os recursos naturais”.
Paolinelli destaca ainda que o Cerrado mostra-se como um bioma de boa recuperação da terra. “ O Cerrado tem uma boa recuperação no terreno entre as produções. Isso foi mostrado pela ciência e a tecnologia. É um grande diferencial porque somos os maiores exportadores de alimentos. Isso faz com que o Brasil possa crescer em oferta de alimentos e questão de sustentabilidade”, complementa.
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