Protótipo desenvolvido em MG é primeiro passo para automatizar produção de fogos de artifício

Após sete anos de pesquisas e testes um protótipo de equipamento foi criado para cortar pequenos tubos de papelão usados na fabricação de fogos de artifício. A invenção, desenvolvida em Minas Gerais, pode ganhar destaque no segmento industrial pirotécnico.
Tanto a pesquisa quanto a criação são resultado de uma colaboração estratégica entre o Sindicato das Indústrias de Explosivos no Estado de Minas Gerais (Sindiemg), o Instituto Euvaldo Lodi (IEL) e o Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (Senai).
O protótipo chega para otimizar o processo de corte de tubos finos que, até então, era realizado manualmente. Além de garantir mais precisão e segurança para os trabalhadores, ainda ajuda na redução de custos, disse o engenheiro químico e de Segurança do Trabalho do Sindiemg, José Expedito do Amaral Junior.
“A automatização das etapas reduz erros, minimiza desperdícios e eleva a qualidade dos produtos finais, fatores fundamentais para que a indústria se mantenha competitiva no mercado global”, enumerou o engenheiro.
Com o investimento em pesquisa, o setor dá um passo importante para a implantação de tecnologias modernas que ajudam a assegurar a sustentabilidade da indústria a longo prazo, considerou o especialista.
“Esse movimento em prol da inovação demonstra que a indústria de fogos de artifício está atenta às demandas do mercado e às exigências de segurança, tanto dos trabalhadores quanto do consumidor final. A parceria que viabilizou essa tecnologia é um exemplo de como o diálogo entre o setor produtivo e as instituições técnicas pode trazer soluções práticas e transformar desafios em oportunidades de crescimento”, disse o representante do Sindiemg.
A invenção é considerada um avanço para a indústria que, por décadas, ainda preserva algumas técnicas artesanais e processos manuais. Os estudos foram feitos em fábricas de Santo Antônio do Monte, no Centro-Oeste mineiro – polo da produção de fogos de artifício no Brasil e a segunda maior produtora do mundo, atrás apenas da China – e também no Senai de Juiz de Fora, na Zona da Mata, com apoio do Senai de Santo Antônio do Monte.
A tentativa é de aprimorar a tradição e proporcionar mais inovação ao setor, com a união de esforços da indústria, entidades de classe e instituições de ensino. Um dos parceiros na empreitada foi o Instituto Euvaldo Lodi (IEL), pertencente à Federação das Indústrias do Estado de Minas Gerais (Fiemg).
O IEL atua na gerência de projetos para indústria com o objetivo de alavancar a competitividade industrial de Minas Gerais e apoiar o desenvolvimento das diversas cadeias produtivas. O projeto do protótipo foi gerenciado pelo IEL e executado pelo Senai e os custos foram divididos entre as duas unidades, dentro do Programa Fiemg Competitiva.
Técnicos de Juiz de Fora estiveram em Santo Antônio do Monte para captação de detalhes sobre a produção manual dos tubos de papelão, explicou o analista técnico do Senai, Rodrigo Magela. “O grupo fez diferentes testes de ergonomia, segurança, rapidez, evolução e colocou a prova todos os mecanismos para que o protótipo pudesse executar os cortes de maneira eficiente e segura dos fogos. Foram anos de estudo e consideramos um avanço para a indústria”, afirmou.
O analista de projetos do IEL, Carlos Magno, avalia que o protótipo aumenta as escalas de segurança e traz melhorias na produção dos fogos de artifício. Ele também destacou a força do sindicato em busca dos avanços, inclusive de patente, sendo o primeiro feito em conjunto.
“Acreditamos que é o primeiro sindicato a pedir patente e o protótipo já está cadastrado no Instituto Nacional da Propriedade Industrial (INPI) para registro. O conceito foi concluído e o equipamento está em fase de testes para ser produzido em escala industrial”, completou.
A partir de agora, as empresas que quiserem viabilizar o processo e levar o equipamento para produção em grande escala, devem procurar o sindicato.
Polo de produção de fogos de artifício
Santo Antônio do Monte é uma cidade com aproximadamente 30 mil habitantes e abriga o único centro tecnológico da América Latina sobre fogos de artifício. Entre as demandas do laboratório estão a inspeção dos produtos e do sistema de proteção contra descargas atmosféricas, serviços metrológicos, consultoria em tecnologia, entre outros.
Para potencializar as ações em prol do crescimento e fortalecimento do setor, foi criada a Associação Máster dos Empresários em Pirotecnia (AME Pirotecnia) que representa os fabricantes de fogos de artifício e componentes, assim como os empresários que realizam pesquisa, transporte e comercialização.
A atividade é desenvolvida em parceria com o Senai, por meio dos Serviços de Tecnologia e Inovação.
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